Morreu Paulo Jorge Morais, mais conhecido no universo do hip hop como Makkas, um dos rappers dos Black Company. A notícia tem sido divulgada desde a noite desta sexta-feira, 15 de Agosto, por vários artistas do rap português nas redes sociais. O músico sofria há vários anos de uma doença prolongada.
Nascido em Angola em 1976, Makkas cresceu na Margem Sul do Tejo e tornou-se uma figura activa no hip hop em Portugal no início dos anos 90. Ao lado de Gutto, KJB e Bambino, fez parte da geração de Black Company — quando o colectivo alargado e informal se transformou de facto numa banda — que se profissionalizou com um grande impacto mediático.
Os Black Company foram os autores do primeiro grande êxito do rap nacional, “Nadar”, canção escolhida para single da compilação Rapública, editada em 1994 — foi o disco que colocou o rap português no mapa, materializando em gravações o movimento que se formava há alguns anos nos subúrbios de Lisboa.
“Nadar” chegou mesmo a ser usado como slogan político naquela época, para salvar as gravuras de Foz Côa. “As gravuras não sabem nadar”, declarou a escola secundária local em 1995, sobre aquele que foi um controverso caso nacional. O próprio Mário Soares, presidente da República de então, usaria a expressão num discurso.
Dos Black Company, era precisamente Makkas quem não sabia nadar e foi uma piada oriunda do núcleo de amigos que acabou por gerar o refrão e dar o mote para esta música. Os Black Company tornaram-se um fenómeno e gravaram o seu álbum de estreia logo em 1995, Geração Rasca.
Depois do disco, o grupo fez dezenas e dezenas de concertos em Portugal e no estrangeiro, com espectáculos em Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau ou no Brasil. Actuaram no primeiro Super Bock Super Rock de sempre, em 1995; abriram o concerto de Tina Turner no Estádio do Restelo, em 1996; e tocaram no festival MIDEM, em Cannes, em França, em 1997. Já em 1998, lançaram o segundo álbum, Filhos da Rua.
Após um hiato que se prolonga durante uma década, em 2008 Makkas, Bambino e Gutto reúnem-se para o derradeiro disco de Black Company, Fora de Série. Desde então, Makkas estabeleceu o seu próprio percurso artístico com o The Raw Sample Project, com a colaboradora essencial Joana “LBird” Gonçalves, que lançou o álbum Rotina em 2014.
Nos últimos anos, graças aos problemas de saúde, havia-se afastado da música e não participou na pequena reunião dos Black Company no âmbito do evento A História do Hip Hop Tuga na MEO Arena.
O Rimas e Batidas lembra Makkas e expressa as suas condolências a todos os familiares, amigos e colegas do artista.