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Texto: ReB Team
Fotografia: David Corio
Publicado a: 30/08/2021

Uma contínua perturbação da normalidade.

Morreu Lee “Scratch” Perry, a lenda jamaicana que deu vida ao estúdio

Texto: ReB Team
Fotografia: David Corio
Publicado a: 30/08/2021

Lee “Scratch” Perry faleceu aos 85 anos. O visionário e pioneiro artista morreu este domingo, dia 29 de Agosto, no Noel Holmes Hospital, em Lucea, na Jamaica. Ainda não se sabe a causa de morte.

Rainford Hugh Perry nasceu em 1936 e, parte de uma família pobre, abandonou cedo a escola, acabando por ser contratado por Clement “Coxsone” Dodd para trabalhar, inicialmente, como seu assistente no Studio One. Essa caminhada formativa iria garantir-lhe a oportunidade de iniciar a sua carreira musical — e começou a mostrar aí que “irreverência” poderia muito bem ser o seu nome do meio.

Depois de desentendimentos com Dodd, Perry cruzou caminhos com Joe Gibbs, outro produtor musical jamaicano de renome e rival do seu antigo patrão, mas esse era só mais um pequeno passo para perceber que o seu caminho seria feito de forma independente, culminando na construção do seu mítico estúdio Black Ark, em 1973 — mais tarde, o músico acabaria por destruí-lo através de fogo posto, acreditando que estaria possuído por espíritos malignos.

Na sua discografia massiva, há encontros que terão marcado mais a história da música a nível global do que outros: o trabalho com Bob Marley e os seus The Wailers (que incorporaram membros dos The Upsetters de Scratch) serviu de fundação para o reggae, por exemplo. As suas inovadoras técnicas trouxeram até si nomes como Paul McCartney, The Clash, Mad Professor, Moby, George Clinton, Adrian Sherwood, Brian Eno ou Beastie Boys para serem abençoados pela sua magia. E Keith Richards, dos Rolling Stones, chegou a dizer que ele era o “Salvador Dalí da música”.



Essa “feitiçaria” teve ênfase, em grande parte, na definição do dub, método que influenciaria tudo o que se ouviu a partir do momento em que Perry (na mesma frequência de King Tubby) usou o estúdio como instrumento: a utilização de efeitos como o reverb e o delay, sons mundanos e da natureza ou a excêntrica maneira de usar os graves e realçar certas partes do instrumental, retirando e colocando elementos de cena a seu bel-prazer — mandar o fumo da erva para cima dos masters era o toque final na arte de produzir.

Não foi só a música da sua terra natal que ganhou com aquilo que fez: o rock, o pós-punk, a música electrónica e o rap agradecem a sua inventividade — e Afrika Bambaata disse que o som de Lee Perry e dos toasters jamaicanos foi crucial para a criação do hip hop.

Voltando ao seu catálogo, vale a pena mencionar alguns registos em que colocou o seu dedo: War Ina Babylon (de Max Romeo), Heart Of The Congos (dos The Congos), Police & Thieves (de Junior Murvin), Blackboard JungleSuper Ape, Revolution Dub ou Roast Fish Collie Weed & Corn Bread. Mais recentemente, deu-nos Rainford (2019) e preparava-se para nos entregar mais um “guia” para o seu universo em Novembro, um disco dos New Age Doom com a sua participação vocal.


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