pub

Texto: ReB Team
Fotografia: David Redfern
Publicado a: 18/10/2023

Tinha 87 anos e deixou marcas em largas centenas de discos.

Morreu Carla Bley, subversiva compositora e pianista de jazz contemporâneo

Texto: ReB Team
Fotografia: David Redfern
Publicado a: 18/10/2023

Morreu ontem, dia 17 de Outubro, um dos grandes nomes do jazz contemporâneo. Aos 87 anos de idade, Carla Bley deixou-nos na sequência de um tumor cerebral, segundo apontou o seu companheiro Steve Swallow ao The New York Times.

Nasceu em 1936, em Oakland, Califórnia, onde teve a sua primeira ligação com a música através do coro e do piano da igreja, que começou por frequentar mais por imposição do que por vontade própria. Na adolescência, a rebeldia levou-a a entrar no mundo competitivo dos patins em linha e, aos 17 anos, muda-se para Nova Iorque para trabalhar no histórico clube Birdland, onde vendia cigarros não apenas para se sustentar, mas também para ter a oportunidade de se cruzar com alguns dos músicos que mais admirava. Entre aqueles com quem Lovella May Borg — nome que lhe consta no documento de identificação — teve a oportunidade de privar encontra-se Paul Bley, músico que a incentivou a compor os seus próprios temas e com quem chegou a estar casada por alguns anos, o que motivou a adopção do apelido pelo qual viria a ficar artisticamente conhecida.

A sua entrada no mundo do jazz dá-se numa altura em que o género procurava reinventar-se e desprender-se do seu som mais tradicional, caminhando para o que viria a ser denominado por avant-garde jazz, pautado por um estilo composicional mais arrojado e em constante diálogo com o lado da improvisação. Foi nesse campo que Carla Bley deu cartas, acima de tudo enquanto compositora, tendo tido peças suas a serem interpretadas em discos de George Russell, Jimmy Giuffre, Gary Burton ou John Scofield. Como bandleader, assinou trabalhos como Dinner Music (1977), Night-Glo (1985), Sextet (1987) ou Trios (2013). No ano passado, a sua veia enquanto autora foi destacada por Terri Lyne Carrington em New Standards, livro/disco que eleva ao estatuto de clássicos alguns temas do cancioneiro jazz criados por mulheres.

Nos bastidores, Carla Bley foi sempre bastante reivindicativa no que toca às condições de trabalho que os músicos conseguiam, o que a levou a ajudar a criar, primeiro, a Jazz Composers Guild, uma iniciativa que juntou vários artistas numa espécie de sindicato e que, posteriormente, deu origem à Jazz Composer’s Orchestra, um ensemble que editou vários trabalhos e pelo qual passaram nomes como Cecil Taylor, Don Cherry ou Pharoah Sanders. Já ao lado de Michael Mantler, com quem esteve casada durante mais de 25 anos, fundou a New Music Distribution Service, uma plataforma de distribuição pioneira que veio permitir a que as editoras mais pequenas e os artistas independentes tivessem forma de comercializar as suas obras.


pub

Últimos da categoria: Curtas

RBTV

Últimos artigos