Faleceu Bushwick Bill, membro dos Geto Boys, aos 52 anos. O jamaicano-americano nascido em 1966, que se preparava para uma digressão a solo, sucumbiu a um cancro pancreático de estádio IV. A morte de Bill — noticiada prematuramente, como notou o seu filho no Instagram— foi confirmada pela sua publicista Dawn P., que adiantou a realização pública de cerimónias fúnebres à Rolling Stone.
As complicações com o cancro pancreático já tinham sido reveladas pelo próprio rapper, de nome completo Richard Stephen Shaw: “Imagino que guardar isto para mim não esteja a ajudar ninguém, e não tenho medo de morrer” — como dizia, “eu já morri e voltei à vida em Junho de 1991.” Foi nesse mês que se alvejou no olho direito, durante uma altercação com a sua companheira da altura — um acontecimento infame, ilustrado (algo de que se arrependia Shaw, em relato no livro Check the Technique: Liner Notes for Hip-Hop Junkies) na capa de We Can’t Be Stopped, o terceiro disco que firmou o imaginário graficamente visceral dos Geto Boys.
Se o grupo proveniente da Fifth Ward assinalou Houston de forma indelével no mapa do hip hop, muito o devem ao seu dançarino-feito-rapper. Ao lado de Willie D e Scarface, Shaw lançou as bases do horrorcore através da escrita gutural que corporizava a paranóia e a violência em versos incansáveis. Após o fracasso de Making Trouble, foi o segundo disco Grip It! On That Other Level que consolidou os Ghetto Boys (eventualmente renomeados Geto Boys) e salvou a Rap-A-Lot Records.
Em nome próprio, Shaw (que começou como Little Billy) iniciou a sua discografia com os álbuns Little Big Man e Phantom of the Rapra, culminando com o mais intimista My Testimony of Redemption. Nota a Rolling Stone no seu obituário que o rapper complementou estes projectos com reuniões dos Geto Boys; a última, projectada no seguimento do diagnóstico de Shaw, foi cancelada devido ao desagrado deste com o título The Beginning of a Long Goodbye: The Final Farewell. Encarregar-se-ia sozinho da Phuck Cancer Tour, que acabou por não se materializar.