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Publicado a: 24/07/2017

Milhões de Festa – dia 4: Submersão tropical e terapia por modulação

Publicado a: 24/07/2017

[TEXTO] Rui Correia [FOTOS] Fausto Ferreira

Domingo santo e lento em Barcelos viu chegar uma onda de descontracção tropical no último dia do festival, no palco curado pela Red Bull Music Academy. Como planeado, fomos fazer o que nunca antes havia sido feito: entrámos na piscina e por lá ficamos a experienciar o set preparado por Ghost Wavvves e Mike El Nite num início de tarde solarengo. Aprovamos a qualidade sonora debaixo de água (foi pela primeira vez instalado na base da piscina um sistema de som), que não se dilui nela, pelo contrário, satura os graves das músicas. Uma alternativa à hidroterapia para relaxar o corpo. Pedido oficial ReB: instalação deste sistema em todas as piscinas municipais por este país fora.

Ghost Wavvves e Mike El Nite começaram por avisar os mais longínquos e adormecidos festivaleiros da sua presença (quando fizeram soar um remisturado toque de telemóvel) e serviram a quem lá se encontrava uma sobremesa especial pós-almoço. Uma bomba de sabores que percorreu a electrónica global, seja com base no funk brasileiro, no kizomba ou novas sonoridades trap com “Decemba” dos Divine Council (já o Gaslamp Killer nos tinha perguntado na sexta-feira durante o seu set se os conhecíamos, um sinal de que os teremos em breve a tocar em Portugal?) e intercalando aqui e ali por alguns momentos de Mike El Nite a pegar no microfone e a oferecer a dinâmica rap, tocando alguns temas como “Mambo nº1” com beat de Ghost Wavvves e “Time Lapse”, uma outra colaboração da dupla, faixa retirada do EP Crystals lançado pela Monster Jinx (que mereceu um props e ainda uma outra passagem pelo colectivo portuense com uma música do produtor NO FUTURE).

 


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Aquecidos pelo set ecléctico da dupla portuguesa Ghost Wavvves e Mike El Nite, estivemos atentos no fecho do palco piscina à presença do gigante e aclamado Jamal Moss, produtor de Chicago, que por fruto do inesperado cancelamento do artista inglês Powell, actuou em sua substituição, acabando por presentear duas vezes o público do Milhões de Festa com o seu alter-ego Hieroglyphic Being.

Munido de maquinaria de modulação analógica e um iPad ligado ao programa ReBirth (sintetizador e drum machine virtual), fomos transportados no plano espaço-tempo até à house lo-fi de Chicago, movimento iniciado nos clubs underground da cidade há cerca de 30 anos. Não nos ficamos por aí. Jamal Moss é um produtor de ombros largos, ouvidos focados nas frequências sonoras e olhos postos no infinito. Recorremos a uma citação de outro mago da electrónica americana, Jeff Mills, que parece indicada em deleite deste set terapêutico: “a música é uma droga”. Sim, fomos definitivamente em viagem que se prolongou por velhas e novas sensações em ligações interplanetárias.

Sentindo-nos estudantes auditivos da house e do techno, tentamos captar a essência desta forma de fazer música. Entende-se que é necessário sintonizar com as frequências momentâneas de Jamal, algo que parece acontecer, tamanha celebração se fez por parte de um público em comunhão com o som debitado do PA. Em dado momento do set, foi-nos segredado “esta agressividade parece metal”, uma frase que ficou retida e dá conta de uma lição que não nos importamos de repetir durante este festival: tudo está interligado e a música não possui barreiras sensoriais nem de género. Passo a passo, o guru de Chicago encaminhou-nos intimamente pelo seu subconsciente e clareou-nos a mente.

 


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