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Publicado a: 27/05/2017

Mike WiLL Made-It e Metro Boomin: 10 instrumentais essenciais

Publicado a: 27/05/2017

[TEXTO] Samuel Pinho [FOTOS] Direitos Reservados

No vasto e por vezes complexo universo do hip hop, estamos mais que “ensinados” a olhar bem para além do autor e título de determinada faixa. Os tempos de ultra-acessibilidade e elevado escrutínio são peças determinantes nesta relação indústria-público, convidando tacitamente a que os intervenientes musicais se esmerem, se excedam e se tornem melhores a cada obra, a cada verso e a cada beat.

Com maior grau de especificidade e de forma gradual, começa a ser atribuído aos produtores o mérito que sempre lhes pertenceu. Ainda que se tenha acentuado nos tempos recentes, a tendência não é de agora: DJ Premier, DJ Mustard, Pharrell Williams ou mesmo Kanye West (producer version) há muito que são considerados obreiros fundamentais (e principais) de malhas representativas do que de melhor o hip hop mais recente tem tido para oferecer.

Porém, e ao propor-me a elencar os dois produtores mais influentes da actualidade, de imediato me deparei com um conflito de semântica: definir actualidade. Para o efeito, tomei o início de 2016 como ponto de partida.

E deixem-me dizê-lo já, de forma inequívoca, sem embarcar em redundâncias ou artifícios linguísticos: Mike Will Made-It é o produtor de hip-hop mais influente da actualidade (e provavelmente dos últimos 5 anos) e o tópico nem sequer está aberto a discussão. Assim como resta pouco espaço para debater a segunda escolha deste duo restrito: o já-não-tão newcomer Metro Boomin, que para além de presente nesta humilde lista, tem estado em praticamente todo o lado desde o ano passado.

(As tags sonoras de um e outro, presentes na esmagadora maioria das faixas que produzem, são já um garante de qualidade como de seguida veremos)

 


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[MIKE WILL MADE-IT]

Por casar qualidade e consistência como ninguém, há poucos nomes que reúnam o nível de consenso de que goza Michael Len Williams II, um caso atípico que transcende géneros musicais. Ele é colaborações com Rihanna, ele é a Formation de Beyoncé, ele está na Miley Cyrus: ele é – inclusive – o engenheiro sonoro que suporta as duas faixas mais populares em DAMN.: “HUMBLE.” e “DNA.”.

Para além do palmarés (por si só invejável) mais óbvio, Mike está intimamente ligado ao surgimento de Rae Sremmurd, tendo produzido cinco faixas do seu primeiro longa-duração. Ace Hood também lhe deve a faixa mais popular: “Bugatti” conta com cama sonora feita pelo homem do momento. Agora o segredo: lembram-se do hit da G.O.O.D. Music, encabeçado por Kanye West e que ainda hoje incendeia clubs em todo o mundo? Sim, “Mercy” também tem o toque de Midas de Will Made-It.

Com 28 anos e entre hip hop, pop e R&B, o produtor de Atlanta tem fixado o seu nome no pequeníssimo grupo de personas que moldam todo um estilo e, quem sabe, uma era.

Destaques:

 



“Black Beatles” – Mesmo não entendendo o fenómeno, o buzz instantâneo causado pela faixa é perceptível: soa toda tão hipnotizante, quase peganhenta. os repetidos loops tornam impossível que não nos sujemos nela.

 



“HUMBLE.” – Que dizer sobre isto? Acham mesmo que alguém vai esquecer os primeiros acordes desta obra-prima? Ou os toques maliciosos do piano ao longo de toda a música? Podia bem ser banda-sonora de um qualquer filme de terror, certo?

 



“DNA.” – Esta faixa merece tudo o que de positivo se possa apontar, muito pelo clímax que provoca quando o beat se desarruma, acelera e se sobrepõe com camadas sobre camadas. Para além de fazer suar quem escuta, seria insopurtável para um average rapper.

 



“Formation” – A simbiose perfeita entre sonoridade e lirica, com os sintetizadores a encaixarem e abrirem espaço, quase anunciando os versos de Queen B. Perfeito, diria.

 



“Guccy On My” – Mais um banger para a extensa lista do mago, desta feita a título próprio, recheado de ilustres convidados. Não é profundo, nem reflexivo, nem consciente, embora permita que os convidados realcem o melhor da música. Não basta?

 


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[METRO BOOMIN]

Ainda que possua um reinado breve relativamente ao produtor anterior, Young Metro é hoje o homem-forte das sonoridades trap-oriented, sendo a ele que recorrem as maiores estrelas do sub-género referido. Acuse-se quem nunca escutou uma das tags mais famosas do momento: “Metro Boomin want some more nigg*” ou a ainda fresca “if Young Metro don’t trust you they gon’ shoot you”.

Já são imagem de marca a bandana fiel que sempre traz à cabeça e o Razer Blade com que trabalha, assim como a humildade bem patente em entrevistas um pouco por toda a web. O produtor-residente de Future até leva a cabo um ritual caricato, mais ainda para alguém com o se estatuto: realiza sessões de audição intensiva online, com novos produtores e beatmakers que queiram partilhar com ele os seus trabalhos, recebendo em troca feedback de – no caso – valor inestimável.

“Jumpman” (Drake & Future) é toda dele, “Low Life” (Future & The Weeknd), “Bounce Back” & “Sacrifices” (Big Sean) e a lista continua.

O termo influência ganha novos contornos se atentarmos aos dois maiores hits da actualidade: “Bad and Boujee” e “Mask Off”. Não me parece que seja necessário revelar quem produziu a dupla de músicas que nos fazem escutar até à exaustão, em qualquer bar, a qualquer dia da semana.

De resto, e como comecei por apontar, Metro pode não ter um cardápio tão extenso como o do seu colega de trabalho, embora deixe antever que ainda irá fazer muita mossa às ancas menos treinadas.

Destaques:

 



“Congratulations” – Começa lenta, arrasta-se e depois entranha-se. Bem ao estilo de Post Malone – com drums pesadas e marcantes – o ritmo anestesiante recorda-nos White Iverson.

 



“Father Stretch My Hands Pt.1” – hands down para a faixa que mais escutei em 2016: perdi as contas às vezes que acordei, estudei, corri ou conduzi ao som disto. O hook é das coisas mais cremosas que já ouvi na vida; hip hop em estado puro.

 



“Mask Off” – À escala de alguém com a visibilidade de Future, e exceptuando alguma lacuna minha, não me lembro de uma faixa com sample de flauta nela incluído. Metro Boomin apostou as fichas todas e ganhou com larga margem.

 



“Low Life” – Como juntar dois artistas tão díspares – um príncipe da pop e um cavaleiro do trap – e fazê-los soar harmoniosos? Metro Boomin dá-nos a receita: uma sonoridade obscura, trap beats bem densos, The Weeknd a oferecer melodia a um Future dono do seu próprio dialecto, jogo lírico a ecoar em fundo e acordes de piano em cama de sintetizadores agitados. Parece simples.

 



“Bad and Boujee” – Obrigado Childish Gambino e mais não digo.

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