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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 29/11/2023

O seu novo álbum, A Eternidade, saiu pela Cuca Monga.

Miguel Marôco: “A minha música tem certos elementos do jazz, mas ao mesmo tempo não é bem jazz”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 29/11/2023

Poderão não ter reparado nele no Festival da Canção em 2021, mas A Eternidade merece pelo menos um momento fugaz da vossa atenção. Miguel Marôco canta e toca piano e fala português corrente numa música que evoca o lado mais poético (como se houvesse outro…) de Jorge Palma e o embrulha numa delicada e muito própria ideia de um jazz mais leve, como aquele que os Steely Dan usaram para dar corpo às suas canções ou, como nos aponta o próprio artista, o que Herbie Hancock ousou praticar quando muitos já nem acreditavam que era jazz o que se soltava dos seus sintetizadores.

Numa breve conversa ali mesmo ao lado do Musicbox (Cais do Sodré, Lisboa) onde amanhã, dia 30, se apresenta ao vivo, Marôco explicou de onde vem e para onde quer ir.



Porque é que eu nunca tinha ouvido falar de ti antes? [Risos] Conta-me sobre o teu percurso, para eu perceber o que tenho andado a perder até aqui.

Acho que é natural. Ainda não sou assim muito conhecido. Mas acho que vou começando a ser. A primeira vez que apareci em público foi no Festival da Canção, em 2021.

Eu fui júri em 2020.

Foste cedo demais [risos].

E porque é que, de repente, deste por ti no Festival da Canção? Alguma coisas terás feito antes para teres sido convidado.

Eu entrei através da submissão livre. Mas, na verdade, não queria ir. Quem mandou o tema, à revelia, foi o meu pai. Ele perguntou-me se podia mandar e eu disse que não, mas ele mandou à mesma. E passei.

Devia ser ao contrário. Os filhos é que não costumam obedecer aos pais.

É isso [risos]. Aqui foi ao contrário. Então, ele mandou…

E o Nuno Galopim ligou-te.

Exactamente. Eu, na altura, não sabia sequer quem era o Nuno Galopim. Foi uma conversa meio caricata. E foi assim. Fui ao Festival e, depois, voltei a desaparecer um bocado. Agora estou de volta. Ou a tentar [risos].

Dá-me aí um filme — e pode ser a mais de 24 frames por segundo, para ficar um bocado mais acelerado — da tua entrada neste mundo da música.

Eu toco praticamente desde sempre. Comecei com 5 anos a tocar piano.

E estás com que idade agora?

Estou com 23. Quando comecei, com 5 anos, o meu pai ensinou-me as primeiras notas, depois fui para a filarmónica lá da terrinha.

Que é qual?

Pêro Pinheiro. É no concelho se Sintra. Entretanto fui para o Conservatório estudar piano e fiz os 8 anos, acabei. Mais ou menos nessa altura, no final disso, é quando começo a escrever canções. Fui juntando algumas e comecei a perceber que, se calhar, podia fazer um disco, um EP, e lançar. Fui ganhando essa legitimidade.

Mas, de repente, eu recebo este e-mail a convidar-me para a tua listening party e isto acontece pela Cuca Monga. Há uma ligação efectiva ou eles são apenas amigos?

Há uma ligação. A malta da Cuca Monga é importante para mim em dois pontos. Primeiro porque, ao crescer, foram um grupo artístico muito importante para mim. À medida que fui crescendo, fui ouvindo Capitão Fausto, Ganso, Reis da República, etc. Eles tiveram esse impacto em mim, porque foram das primeiras pessoas que comecei a ouvir a cantar a língua portuguesa de uma maneira que eu achava actual, que sentia que fazia sentido e da qual eu gostava. Aquilo soava distante das coisas clássicas que eu já conhecia, tipo Sérgio Godinho, Jorge Palma… Eles são incríveis e eu amo a música deles, mas ao mesmo tempo parecia-me distante, porque pareciam coisas que eu não era capaz de fazer. Enquanto que aquilo que os Fausto faziam e fazem pareceu-me mais acessível. Então, comecei a pensar: “Se calhar também posso escrever canções em português e seguir por aquele caminho.” À medida que os anos foram avançando um bocadinho, começámos a ficar amigos e, eventualmente, surgiu essa proposta de eu me juntar à Cuca Monga. Aí quis aceitar, obviamente.

Antes de falarmos da gravação do disco, explica-me como é que estas canções foram nascendo. São produto de um período delimitado no tempo? Ou, pelo contrário, encaixas-te naquela ideia de que artistas em início de carreira têm uns 20 anos para fazer o seu primeiro álbum?

Mais ou menos [risos]. A primeira canção do disco, na verdade, já tinha sido para o primeiro disco que lancei. Ou seja, eu lancei um disco antes de estar na Cuca Monga. Foi meio mal lançado e acabou por não ser super tocado. Essa canção era para ir para o primeiro disco, mas depois não foi, porque achei que não fazia tanto sentido, então guardei-a para o segundo. Portanto, é uma canção que já tem, para aí, uns 5 anos, à vontade. Depois, há umas canções que são do Verão antes de eu ter gravado o disco. Portanto, foram feitas num período bastante grande. Mas foram canções já pensadas para bater naquele conceito que eu queria explorar, da eternidade e por aí.

Tu és um artista que ainda agora está a começar, mas que já está preocupado com o que vai deixar.

Mais ou menos. Eu acho que sim [risos]. Acho que todas as pessoas que produzem trabalho artístico para lançar têm essa preocupação. Se não, não lançavam, ficavam só as coisas na gaveta e serviam para o seu próprio prazer. A partir do momento em que lanças há sempre uma certa preocupação.

E estas canções, quando nascem, já nascem agarradas a palavras, ou são dois processos diferentes? Primeiro escreves as melodias, pensas nos arranjos, e depois nas palavras certas para essas melodias? Como é que é o teu processo?

Normalmente é sempre a harmonia primeiro. Elas nascem muito ao piano. “Encontrei esta progressão, fixe.” Dou ali umas voltas, aparece-me uma melodia e, depois, só no final é que vêm as palavras. Ou seja, só no final de ter a harmonia e a melodia.

Então elas são, de alguma forma, geradas por essas melodias e harmonias?

Um bocadinho, sim. É sempre um trabalho um bocadinho mais difícil, porque é preciso fazê-las encaixar na estrutura rítmica das coisas. Já existe a cadência da melodia, depois é preciso fazer encaixar as palavras naquilo. Às vezes isso dificulta um bocadinho. Se eu tiver muito mais espaço e liberdade para poder usar as palavras todas, isso facilita muito a escrita, ao contrário de ter uma estrutura super específica em que o caminho é aquele e eu tenho de seguir aquilo — se não seguir, fica tudo meio torto. Às vezes isso é difícil, mas normalmente é assim que eu escrevo: começo pela melodia e harmonia, depois é que começo a pensar nas palavras, a ver o que é que consegue surgir.

Nessa parte específica da escrita de palavras identificas referências maiores, que consideres mais importantes?

Na música portuguesa, há os grandes: o Jorge Palma, o Sérgio Godinho, o Zeca Afonso — estes dos mais antigos; dos mais recentes tenho os Capitão Fausto…

Citas aí aqueles nomes incontornáveis. Para quem escreve canções em português neste registo, não há como fugir a isso, não é? De onde é que vêm essas referências? Dos pais? Isso vem de casa ou é uma procura tua?

De certa maneira, vem de casa. Mas quando começou a ficar mais sério passou a ser uma procura minha. Ou seja, eu sempre soube quem era o Zeca Afonso, sempre soube quem era o Sérgio Godinho e etc., mas quando quis mesmo perceber e saber o que é que havia ali, tive de ser eu a ir à procura disso. De casa vinha, no fundo, o já saber quem eram essas pessoas. Ou seja, eu não me lembro de nunca não saber quem era o Zeca Afonso. Mas, se calhar, passei muito tempo sem conhecer bem a obra e a vida dele.

E dentro das obras dessas três referências mais clássicas tens discos dos quais te sintas mais próximo?

Há um mega-obvio para mim, que é o , do Jorge Palma. Para mim, é o máximo da língua portuguesa. É simples, não há ali grandes truques. É aparentemente simples, não factualmente. Tem tudo: as canções são incríveis e não há uma má nesse disco, também por ser uma colectânea, um best of, de certa maneira.

E de um homem sozinho ao piano.

Sim. Que, apesar de tudo, é muito a minha base, é muito aquilo que eu faço.

Sente-se muito que o Palma é uma figura tutelar para aquilo que tu fazes. No entanto, e isso é que eu achei muito curioso no teu disco, embrulhaste essa influência dele de uma forma muito original. Eu já vi outros artistas a fazê-lo — uns a admitirem-no e a saberem fugir da sombra dele, outros a não admitir mas a ser óbvio que foi, sobretudo, aquilo que ouviram. Tu pegas na matéria mais funda dele — e, aliás, mencionas o — e depois embrulhas isso de uma maneira muito original.

Eu acho que isso vem um bocadinho mais da produção do disco, que é um bocadinho…

Mas tu já imaginavas este resultado final, pelo menos na tua cabeça, quando ouvias as canções? Já pensavas nesta coisa meio jazzy?

Sim, sim. A ideia foi sempre essa, desde o princípio. Quando eu fui juntando as canções e pensei em fazer um disco… Eu vim de um primeiro disco em que tinha juntado um bocado ao acaso as canções que foram aparecendo. “Esta é boa e pode ir para o disco.” No final, ficou um trabalho um bocado tipo colectânea de canções. Neste, eu parti logo do princípio que ia tentar fazer um disco com uma sonoridade certinha do princípio ao fim. A sonoridade em que eu pensei logo foi sempre a daquela música dos anos 60, que não é jazz mas é muito influenciada por isso. Tem certos elementos que são jazz, mas ao mesmo tempo não é bem jazz. Foi sempre esse o meu objectivo, fazer um disco cantado em português mas com essa sonoridade, que normalmente não é comum cantada em português.

Portanto, se os Steely Dan tivessem vindo a Portugal nos anos 70 gravar um disco com o Jorge Palma andariam mais ou menos por aqui? [Risos]

Esse era o meu sonho [risos]. Esse foi o meu objectivo desde o princípio, juntar esses dois mundos.

Quando o Gonçalo me contactou, ele passou-me esta ideia muito precisa e curiosa. Ele disse: “O Miguel está convencidíssimo que o disco dele tem muito cabimento dentro do Notas Azuis.” Eu fui ouvir o disco e pensei: “Não é que ele tinha razão?” O que é que, no universo que o Notas Azuis explora, tu sentes que te é próximo?

De ouvir o Notas Azuis, comecei a achar que era um programa que explora o jazz de uma maneira um bocado mais ampla do que a definição do jazz tradicional. Acho que, dentro dessa definição ampla, eu tenho algum espaço nesse meio, do jazz não tradicional ou de coisas influenciadas pelo jazz mas que não são jazz puro. Achei que pelo menos algumas canções do disco poderiam entrar facilmente nesse mundo. Não são todas, mas há pelo menos algumas que têm esse carácter mais jazzístico.

Tu já me falaste dos cantautores portugueses, mas nenhum deles é propriamente um nome que possamos confundir com alguém do jazz. Dentro dentro universo específico, mais próximo do jazz, o que é que te inspira?

Acho que o mais óbvio são os Steely Dan. Mas mais do que os Steely Dan e sendo mais especificamente jazz, são aqueles discos do Herbie Hancock dos anos 70 em que ele começa a cantar com o vocoder. Acabei por ouvir muito esses discos e fui influenciado por isso. O Sunlight, por exemplo, naquela fase dele mais pop. Ouvi muito isso e acho que acabou por me influenciar bastante. O Herbie, especialmente, é mesmo aquela figura do jazz que consegue atravessar os mundos todos. Steely Dan é, de certa maneira, jazz rock, já não é bem a mesma coisa. Enquanto que o Herbie é um músico de jazz through and through. Ele tem a linhagem toda, sabe tocar jazz de tradição…

Tu tens noção de que, numa altura em que a melhor estratégia é criares algo que se encaixe facilmente numa playlist dominante qualquer, explorar essas zonas — esses limbos, zonas cinzentas entre épocas e estilos — acarreta algum grau de risco?

Eu acho que sim. Percebo isso. Mas honestamente, quando comecei a fazer o disco, não pensei, de todo, em: “Vou fazer uma coisa que seja boa para o TikTok.” Isso não me faz muito sentido.

Embora desde que os Fleetwood Mac foram bem-sucedidos no TikTok… Pode ser que apareça alguém a andar de skate por uma rua abaixo a ouvir Miguel Marôco, não é?

Acho que não era ridículo se acontecesse. Mas não parti dessa base, de tentar fazer uma coisa que caiba muito bem nas playlists do Spotify. Isso parece-me um bocado superficial.

Mas tens noção de que já existe muita gente a criar com esse frame of mind?

Sim, claro. E está tudo certo. Se alguém acha que isso lhe faz sentido, para mim está óptimo. Mas a minha ideia era mesmo fazer um disco que, sei lá, fosse como os discos que eu gosto de ouvir. Para mim, isso fez muito mais sentido do que estar a pensar… Tem de ser ao contrário. O “em que playlist é que isto pode encaixar?” só deve vir no final. Fizeste o trabalho todo, escreveste as canções, produziste, tocaste, gravaste, misturaste, masterizaste e depois, no final, é que pensas: “Ok, onde é que eu posso pôr isto? A quem é que eu vou mostrar este disco?”

Fala-me sobre esse processo do disco. Primeiro: como é que chegaste às pessoas com quem gravaste?

As pessoas com quem eu gravei… A secção rítmica gravei toda sozinho. Aí não houve grande procura.

Quando dizes que gravaste tudo sozinho, falas de instrumentos reais ou são coisas MIDI?

É tudo instrumentos reais neste disco, sim. Há uns dois sintetizadores que são MIDI, mas de resto é tudo instrumentos reais. Portanto, eu toquei os teclados, o baixo, guitarra, bateria… Isso toquei eu. Depois tenho um quarteto de cordas que, no fundo, são pessoas que eu já conhecia do Conservatório — foram meus colegas ou andavam lá na mesma altura que eu.

Foste tu que fizeste os arranjos?

Fui, sim. Essa parte das cordas foi com eles. Depois, para o trio de sopros, falei com o Tomás Marques e confiei-lhe: “Olha, preciso de um trompete e de um trombone. Escolhe pessoas em quem tu confias, das quais gostes do trabalho.” E pronto, ele escolheu. Foi super-incrível e funcionou.

Gravaram onde?

Foi tudo no Vale de Lobos.

Lá no estúdio do Rui Veloso?

Exactamente.

Por acaso, ele ouviu o disco?

Por acaso, não sei. Acho que não. É possível que ele tenha ouvido, mas não sei [risos]. Eu, pelo menos, não lhe mostrei. Se alguém lhe mostrou…

É lá com eles.

Exacto [risos]. Já não foi assunto meu.

Demoraram muito tempo as sessões?

Não. Aquilo tem de ser bastante rápido, porque tempo é dinheiro. Mas foram três dias para gravar a secção rítmica, no fundo. Fui só eu das 10h às 20h durante três dias.

Com click track?

Com click track e umas guias que eu gravei em casa também, para ter a estrutura mais ou menos em mente. Depois foi uma tarde para gravar sopros, uma tarde para gravar cordas e dois dias para gravar vozes. Foi isso. Não foi imenso tempo de sessão, mas acabou por funcionar.

Mas ao vivo não vais conseguir fazer a mesma coisa, não é? Como é que vais resolver isto em palco?

Em palco, há alguns concertos que vou fazer sozinho. Quando tenho banda, é em quarteto. Eu toco piano, sintetizador e canto, depois tenho um baixista, um guitarrista e um baterista.

Já sabes quem são ou vai rodando?

Já sei. Em princípio vão ser fixos. O guitarrista vai ser o Frederico Martinho, o baterista é o Francisco Santos e o baixista é o Gonçalo Bicudo. A minha ideia para o concerto ao vivo, especialmente quando é com banda, é assumir um bocadinho a componente mais jazz. Ou seja, ter mais espaço para solos, as canções a prolongarem-se um bocado. No fundo, para dar aquela experiência de música ao vivo mais focada na energia e para as pessoas se divertirem e dançarem.

A AMAURA, no final do concerto que deu no Novembro Jazz, virou-se para as pessoas e disse: “Não sei se sabiam, mas o jazz também pode ter ancas.” Ela referia exactamente essa coisa. Ou seja, tu buscas um público de jazz, mas que saiba estar de pé no meio de um clube, é isso?

Acho que sim. Eu não sou historiador de jazz, de maneira nenhuma, mas o jazz é música para dançar, efectivamente. Também tem a sua componente de estar sentado, de estar só a ouvir, mas nunca deixou de ser música para dançar. Especialmente sendo esta uma componente mais de fusão, da qual me aproximo mais, acho que faz ainda mais sentido ser uma coisa que se ouve em pé, que as pessoas dançam e se divertem.

Uma das coisas que eu acho mais curiosas no teu disco — e estamos a falar de uma música que existe num limbo entre géneros — é que não me espantaria de te ver programado em festivais mais indie — à falta de melhor termo —, onde anda alguma da malta da Cuca Monga, como não me espantaria ver-te nos Hot Clubes e Távolas da vida, porque acho que faz bastante sentido que a coisa funcione aí também. Mas também não me espantaria ver-te, sei lá, num Lux Frágil ou algo assim, onde existe um outro tipo de cultura e uma outra maneira de escutar e consumir a música. Sentes isso também, que a tua música poderia fazer sentido nestes diferentes espaços, com gente de pé, gente sentada, gente que quer dançar, gente que quer apenas escutar?

Acho que sim. É só uma questão de conseguir adaptar o concerto às pessoas e ao sítio. Por exemplo, tocar no Hot Clube — agora não dá, porque está fechado — não seria uma coisa fazível, porque é um sítio de jazz de tradição e eu não sou músico de jazz tradicional.

Mas és tu que estás a barrar a porta ou achas que te barrariam a porta e nunca te deixariam lá tocar?

Eu barro a porta, mas também é uma questão se saber qual é o meu lugar.

Eu lembro-me de levar os Cool Hipnoise ao Hot Clube há 20 e tal anos.

Então pronto [risos]. Se calhar eu é que ainda não tinha posto essa possibilidade.

Fizemos lá duas noites, acho que em ’99 ou 2000, para aí.

Ok. Acho que a minha relação com o jazz mais de tradição… Eu acabo por respeitar muito as pessoas que o fazem e acabo por quase venerar quem é capaz de o fazer tão bem, porque eu não sou, de todo — também porque, se calhar, nunca me dediquei a isso com todo o afinco. E como tenho esse respeito tão grande, acabo por achar que esses espaços são deles. Para mim, não me faz muito sentido ir tocar ao Hot Clube ou ao Távola com um projecto meu, a tocar as minhas canções.

Mas quanto olhamos para uma instituição com o Montreux Jazz Festival, ao longo dos anos tem lá cabido muita coisa diferente.

Sim, sim. Eu sinto que esses festivais começaram a ter uma perspectiva mais ampla do jazz. Alguns sítios cá, em Lisboa, ficaram mais fechados, nesse sentido. Não acho que seja uma coisa má. No fundo, não deixam de haver espaços para as pessoas tocarem diferentes estilos de música. É fixe haver um sítio onde tu sabes que vais lá a qualquer dia da semana e ouves jazz à antiga, jazz tradicional, jazz acústico… Eu gosto. Não acho que haja essa necessidade de forçar que esses espaços se tornem muito mais amplos, com jazz moderno e etc.. Se quiserem fazer isso, não há mal nenhum. Mas, da minha parte, não sinto essa necessidade de ir lá e: “Deixem-me tocar aí, porque também mereço.”


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