Mesmo sem querer fazer da dub-techno um género centrado numa só figura, não deixa de ser inevitável reconhecer em Rod Modell (senhor DeepChord e metade dos cv313) uma espécie de rei-sol à volta do qual giram boa parte das energias e iniciativas. Ou não fosse a dub-techno uma falange que parece por vezes suspender a respiração, quando chega a hora de Rod Modell apresentar mais um dos seus tratados a tempo de renovar o reinado (pelo menos enquanto o monstro Basic Channel permanecer adormecido). Esse é de resto um estatuto que merece por inteiro, se considerarmos, por exemplo, o valor e a durabilidade de milagres estéticos como Hash-Bar Loops ou Sommer (ambos mágicos e altamente evocativos). Novos híbridos de dub e techno podem de facto conhecer um lançamento adequado (e acreditem que isso acontece em abundância), mas não sem evitarem uma avaliação à luz de entidades tão colossais como DeepChord e a sua casa echospace.
Porém também é evidente que ninguém se acanha ou borra a cueca só porque andam gigantes à solta por aqui. A prova disso encontra-se repartida por dezenas de fantásticos produtores que persistem em dar continuidade a uma escola que, na transição entre milénios, foi também liderada por Pole (nessa altura o género era mais conhecido por dub digital). Entre os muitos agitadores inseridos nesta linhagem encontramos agora nomes como Ohrwert, bvdub ou Deadbeat (ele próprio um aprendiz de Pole). Martin Schulte não será decerto a figura mais sonante, quando o helicóptero tenta descortinar quem segue no pelotão da frente da dub-techno, embora o russo mereça também muito mais do que ser apresentado como um mero novato ou figurante.
Foi à custa de muito trabalho e persistência que Martin Schulte, com um nome de jogador da bola, chegou a um quinto álbum editado pela Lantern (label japonesa habituada a este tipo de sonoridades): Forest, mesmo sem desbravar novos mundos, revela um produtor no auge das suas capacidades e com argumentos bastante capazes de reactivar o gosto pela dub-techno, ou até cativar alguns iniciados. Com um título como este, Forest oferecia todos os motivos para uma descrição lírica e cheia de passarinhos, mas o que aqui escutamos é pura música urbana para ouvir entre prédios e sonhar com outras paragens. Por vezes Schulte soa até como se estivesse sob a influência das mesmas estradas que levaram a dupla Burger / Ink até [Las Vegas], nesse fantástico disco com reminiscências de trance. E o melhor pretexto para ir ao seu encontro será mesmo este Forest.