A próxima digressão de Marcos Valle pela Europa contempla uma data ao vivo em Portugal: dia 30 de Abril, a lenda da música brasileira apresenta-se no palco da Casa Capitão, em Lisboa. Os ingressos já foram colocados à venda e custam 35,14 euros.
Marcos Valle é uma das figuras mais versáteis e influentes da música brasileira, com uma carreira que atravessa mais de seis décadas. Nascido no Rio de Janeiro em 1943, fez a sua estreia discográfica com o LP Samba “Demais” (1963), no qual já registava composições próprias em parceria com seu irmão, Paulo Sérgio Valle. Parte da segunda geração da bossa nova, Valle rapidamente alcançou projecção internacional com “Samba de Verão”, que se tornou num hino do género e foi um êxito de vendas, tendo influenciado outros artistas a darem a sua própria interpretação ao tema em lançamentos posteriores.
Mas o trajecto de Valle é marcado por uma notável capacidade de transitar entre estéticas musicais, indo muito além da bossa nova que o consagrou. Após um período nos Estados Unidos, onde integrou o grupo de Sérgio Mendes, a sua música começou a incorporar elementos de rock, soul, pop e psicadelismo. Nos anos 70, a meio da ditadura militar que vigorava no seu país, as suas canções passaram também a adoptar temáticas de crítica e social e política. Foi nesse período que produziu uma série de álbuns aclamados e experimentais, como Garra (1971), Vento Sul (1972) e Previsão do Tempo (1973), este último em colaboração com o grupo de jazz-funk Azymuth. Além da bem-sucedida carreira no mundo dos discos, Valle criou também várias trilhas para telenovelas — como Pigmalião 70 e Os Ossos do Barão — e jingles.
Nos anos 80, alcançou um estatuto ainda maior com a edição de Marcos Valle (1983), que continha o grande sucesso “Estrelar”. Esta faixa, um boogie de alto astral como incentivo ao exercício físico, não só foi marcante naquela época, como se foi mantendo na ordem do dia graças ao interesse que as novas gerações continuaram a demonstrar na canção. Essa constante renovação do fulgor da carreira do cantor, compositor, músico e arranjador brasileiro ganhou novos contornos na década de 90, após o selo inglês Far Out Recordings ter reeditado vários dos seus trabalhos e lhe ter aberto as portas para receber os seus novos projectos — Nova Bossa Nova (1998), Estática (2010), Sempre (2019) e o mais recente Túnel Acústico (2024) são algumas das pérolas que nasceram dessa ligação à label britânica. Em 2020, o seu forte contributo para o mundo do jazz foi também reconhecido através da sua participação num dos primeiros lançamentos da Jazz Is Dead, de Adrian Younge e Ali Shaheed Muhammad.