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Publicado a: 29/01/2016

Manuel Göttsching em Coimbra no 30ª aniversário da Rádio Universidade

Publicado a: 29/01/2016

[FOTO] Rui Miguel Abreu

 

O 30º aniversário da Rádio Universidade de Coimbra será assinalado com pompa e circunstância: Manuel Göttsching, histórico autor de E2-E4, disco que é apontado como uma influência magna do house, membro dos míticos Ash Ra Tempel, um dos grupos charneira do chamado krautrock, estreia-se em palcos portugueses com um concerto celebratório no Teatro Académico de Gil Vicente a 4 de Março.

A primeira parte do concerto será assegurada pelo projecto Landforms de Luís Fernandes de que recentemente o Rimas e Batidas deu conta com a estreia do tema “Across The Room” que antecipou a edição de Decay, disponível a partir de hoje na plataforma Bandcamp da editora Pad. A festa terá ainda um eco no Clube de memórias, a partir da uma da manhã, com a presença de, entre outros, Ghost Hunt e Miguel Torga.

Rui Miguel Abreu escreveu sobre o disco que gente como DJ Harvey classificou como obra-prima:

Poucos discos poderão reclamar o facto de terem sido criados à frente do seu tempo. No caso do mítico E2-E4 do guitarrista Manuel Göttsching, pode mesmo dizer-se que o tempo levou um quarto de século a alcançá-lo. E se é verdade que muitas destas reedições “comemorativas” de uma qualquer data mais redonda não passam de ângulos de marketing para forçar vendas, também não é menos verdade que no que a E2-E4 diz respeito esta comemoração mais do que justa era necessária. Não há muito tempo, a pressão do presente motivou o aparecimento de edições bootleg em vinil, sinal claro de que a comunidade internacional de DJs perseguia, uma vez mais, a música de Manuel Göttsching. Concebido em 1982 no seguimento de experiências a solo como Inventions for Electric Guitar (do período pós-Ashra Tempel e Cosmic Jokers, importantes formações Kraut mantidas com Klaus Schulze), E2-E4 só foi editado em 1984. Nesta época, em Chicago, o house começava a dar os primeiros passos, mas E2-E4 já revelava, nos seus 59 minutos, algumas das marcas que esse género só assumiria mais tarde, sobretudo ao nível hipnótico da estrutura.

Em 1989, em plena revolução acid, Ibiza descobria que a música não tinha que ter toda o mesmo passo e uma versão de E2-E4 pelo projecto Sueño Latino traduzia na perfeição os fins de tarde em frente ao Café Del Mar. Dois anos depois, os pontos de contacto com Detroit eram igualmente estabelecidos, quando Derrick May reactualizou o tema de Sueño Latino. Nos últimos tempos, E2-E4 voltou a adquirir o seu estatuto mítico: supostamente DJ Harvey terá mostrado todo o seu respeito pelo tema ao incluí-lo nos seus sets… na íntegra! Prins Thomas, companheiro de Lindstrøm na construção de um novo som disco, deu o título “Göettsching” a uma das suas criações e James Murphy dos LCD Soundsystem inspirou-se na capa original de E2-E4 e na sua estrutura para criar a pedido da Nike a peça 45:33. Os sinais são demasiado claros: o presente é mesmo o melhor tempo para esta obra criada há 25 anos. Guitarra planante sobre electrónica circular: dito assim até parece simples!

 

O texto acima foi originalmente publicado na revista Blitz. Noutra revista, a Op., Rui Miguel Abreu também discorreu sobre E2-E4 numa crítica onde também abordava uma reedição dos italianos Goblin:

 

Cenário idêntico rodeia a edição de E2-E4 25th Anniversary Edition de Manuel Göttsching, veterano da cena kraut com projectos como os Ash Ra Tempel ou Cosmic Jokers. E2-E4 (o título refere-se a um movimento clássico de abertura de jogos de xadrez) já tinha sido revisto pelo projecto italiano Sueño Latino, que assim ajudou a sintonizar a revolução house de 88 com o pulsar da praia em Ibiza. Nos últimos anos, a recuperação de E2-E4 por estetas como DJ Harvey (que, reza a lenda, há um par de anos criou um edit a partir da sua cópia em vinil para poder tocar na íntegra os 59 minutos desta peça!) forçou o regresso deste mantra feito de guitarras e caixa de ritmos.

Em comum, Göttsching e os Goblin têm o facto de terem angariado pergaminhos nos terrenos do rock progressivo. Nos seus momentos mais exploratórios, o kraut sintonizou o rock com as estrelas e Göttsching foi um dos mais fervorosos voluntários dessas viagens ao volante dos Ash Ra Tempel, dos Cosmic Jokers ou dos Ashra. Os Goblin descobriram o seu próprio espaço no ecrã onde eram projectados os filmes de Dario Argento, de 1975 até ao início da década de 80, e conceberam sombrias viagens carregadas de groove e gélidas passagens de sintetizadores.

 

 

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