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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 28/02/2019

Sagui saiu com o selo da Kimahera.

Majestic T.K. aborda “os frutos de vicissitudes e conquistas” no EP de estreia

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 28/02/2019

Majestic T.K., a voz por trás de projectos como Primer (2014), Okazaki (2016) ou O Sítio Onde as Coisas se Perdem (2017), lançou este mês o seu EP de estreia, Sagui.

Oriundo de Odivelas, o rapper ganhou alguma notoriedade aquando da sua participação na Liga Knock Out. No entanto, a vida do MC que cresceu entre os arredores de Lisboa, o Norte e o Ribatejo não se resume ao rap: é formado em Biologia e especializado em Conservação.

Com uma “infância dividida entre meio rural e urbano, o que permitiu absorver um pouco de ambas as vertentes”, Maje aproximou-se do hip hop ao ouvir nomes como 2Pac e o “nosso” Allen Halloween. “Já rabiscava umas rimas desde puto, mas o meu caule Hip-Hopiano despontou por volta de 2004”. Lá fora, Vinnie Paz, Big L, Madchild e Slaine faziam as delícias de uma “esponja” que debitou as primeiras rimas por cima de instrumentais de Dealema e Valete, tudo numa altura em que “não tinha PC nem acesso à Internet para procurar instrumentais”.

E foi assim que se começou a fazer ao rap. Ia à Internet e procurava batidas em que conseguisse encaixar as novas rimas que, segundo o próprio, eram escritas a caminho do trabalho. No entretanto, entre “adulterar” faixas de ícones nacionais do hip hop e as primeiras mixtapes, está uma passagem decisiva por uma plataforma preponderante, mas que parece passar despercebida aos olhos das editoras e dos media. Na Liga Knock Out, o “Sagui” (alcunha que obteve da avó por ser um miúdo irrequieto) viu-se obrigado a evoluir a escrita: “Resolvi assumir-me como liricista, basicamente foi uma libertação do verdadeiro eu”. Mas sempre com os seus próprios parâmetros: “nunca me importei com o facto de o pessoal poder não perceber patavina do que eu debitava.”



Sagui não são punchlines, mas expõe ideias e conta histórias. E tudo começou com o primeiro contacto com o produtor do disco, Easy B da Easyhits Prod., que incluí ainda o produtor Aldicelo. “Há uns anos andei à procura de produtores tugas, para não estar sempre dependente de beats da net. Deparei-me com a EasyHits Prod. e abordei-os por causa de um par de beatsque acabaram por ser incorporados no Primer.”

Sobre Sagui, o rapper revela: “O artwork surgiu quase antes de tudo o resto. Numa das minhas passagens por casa do Pânico expus-lhe o conceito que serviu de base para a capa”. Pânico é o rapper, artista e amigo que se encarregou da capa e do aspecto gráfico do disco em geral que, diga-se de passagem, ocupa um lugar entre os grafismos mais originais dos últimos tempos: “um trono e coroa simples de madeira, com o primeiro adornado pelos maus momentos que ultrapassei, e os reais a acompanharem-me”.

Maje não podia adiar mais este trabalho em específico. “Chegou o dia em que disse para mim próprio e à minha família: vou finalmente lançar um trabalho [feito] em estúdio – posso nem sequer aumentar o meu público, mas não morro a dizer que nunca o fiz”. Mas o rapper tinha-se desfeito do estúdio que tinha montado em casa tempos antes, o que tornava a missão algo mais complicada. Foi aí que surgiu a label do Algarve que coloca o selo neste trabalho. “A Kimahera é uma editora que já surgiu no meu radar há algum tempo, desde que ouvi o Último Acto do Reflect e ‘petisquei’ os projectos dos Tribruto”. A ligação chegaria através de um desafio: “Participei num concurso para ganhar a gravação de uma faixa pela Kima. Não fui o vencedor, mas fui contactado na mesma”.

O resultado está ao alcance dos ouvidos de todos, quer comprem o EP ou o ouçam no YouTube, plataforma em que “POL.I.DÁCT.I.LO” se apresenta com um videoclipe da autoria de Procurado, mas o disco tem muito que se lhe diga. “As letras são praticamente escritas de rajada, sem grandes revisões, e influenciadas pela minha vivência – uma panóplia de estados depressivos e eufóricos; superação de obstáculos”, palavras do próprio que procurou “uma abordagem mais pessoal, desenterrar sentimentos recorrentes, procurando transparecer nas faixas os frutos de vicissitudes e conquistas, enquadrados no registo do projecto”.

E assim nasce mais um trabalho nesta era áurea do hip hop tuga em que Majestic não tem medo que a sua obra não encaixe: “mas longe de mim tentar encaixá-la”.


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