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Publicado a: 09/10/2015

Mais apontamentos sobre o hip hop certeiro da F5 Records

Publicado a: 09/10/2015

[TEXTO] Miguel Arsénio

 

Foi há pouco mais de um mês que o ReB apontou os holofotes à norte-americana F5 Records fazendo notar o seu mérito no lançamento de hip hop de verdadeira escola. Nessa altura as linhas escritas serviram principalmente para destacar o single autografado de Sadat X, peça-chave do colectivo Brand Nubian, mas o fôlego foi suficiente para que também os Bits N Pieces e DJ Crucial fossem incluídos na chamada dedicada à label de St. Louis.

Desde então Rob “DJ Crucial” Fulstone, principal agitador da F5 Records, tratou de lançar um novo single tão essencial como os mais recentes na editora por si dirigida. Desta vez a sorte recaiu sobre os Real Live, duo formado pelo produtor K-Def e pelo rapper Larry-O (ambos são por acaso primos), que nunca conheceram realmente a glória merecida pelo seu único álbum The Turnaround: The Long Awaited Drama. O single que reúne “Real Live Sh*t”, “Pop the Trunk” e “Crime is Money” – todas faixas do álbum mencionado – pela primeira vez num vinil de sete polegadas pode muito bem ser o objecto certo para fazer justiça à capacidade incendiária dos Real Live (repletos de energia numa altura em que a Golden Age já esmorecia). K-Def chega aos Real Live com os dedos calejados pelos scratches e montagem de “Chief Rocka” (faixa soberana dos Lords of the Underground e emblema do melhor hip hop dos anos 90), mas ninguém duvida de que o produtor escutado nestes três temas se encontra na sua melhor forma. Estes são três temas que resumem bem o que foram os Real Live.

Com isto concluímos também que a F5 Records tem assumido como poucas uma tarefa de real edição, que passa por podar discos mais extensos e transformá-los em singles inevitavelmente directos ao assunto. O tesouro que a label de DJ Crucial nos deixa nas mãos é formado por pequenas bombas da Golden Age prensadas no muito portátil formato de sete polegadas. Recorde-se que, antes de Real Live e Sadat X, a mesma filosofia tinha sido aplicada a um cobiçadissimo maxi de The Concept of Alps (Alps Cru), que actualmente só transita de mãos por várias centenas de euros.

Nas mãos selectivas da F5, o maxi Intensity perde apenas “Nocturnal Illusions” e passa a ter “Intensity” e “No Question” (e as respectivas versões instrumentais) em cada um dos lados de um pequeno grande 45 rotações. Se “Intensity” é uma ode à importância do sample na tecelagem de uma grande malha (todo o veludo musical de “Wake Up To Me”, dos Temptations, é enaltecido num loop magistral), “No Question” serve para clarificar a ideia de que a voz de KRS-One é um legado da maior importância e utilidade para o sampling. KRS-One permanece aliás ao lado de Flavor Flav, Nas e Eazy-E entre as vozes que garantem melhores resultados ao serem sampladas. Eazy-E, por exemplo, viverá certamente para sempre no fabuloso chapadão que é “Gettem’ Crunk”, dos Triple Six Mafia, outro colectivo à espera de novas edições que dignifiquem o muito que deram ao hip hop.

 

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