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Fotografia: Pedro Jafuno
Publicado a: 09/12/2021

O esbater da linha ténue entre o músico e o DJ.

MADMADMAD no Musicbox: um power trio com a pista de dança na cabeça

Fotografia: Pedro Jafuno
Publicado a: 09/12/2021

São 10 da noite em plena véspera de feriado, mas o número de espectadores presentes no local poderia fazer crer que se tratava de uma terça-feira comum: pouco mais do que uma dúzia de pessoas fez frente ao tempo chuvoso e aos condicionamentos da vida nocturna impostos por uma nova temporada de restrições de modo a poder experienciar o intenso set que os MADMADMAD viriam a proporcionar.

Constituídos por Matt Kelly (bateria), Kevin Toublant (baixo, synth, efeitos) e Benjamin Bouton (guitarra, synth, percussão e efeitos), o trio oriundo de Londres assume, sem qualquer hesitação, a finalidade de canalizar a club culture através do formato de banda e quem estiver familiarizado com os dois álbuns de estúdio lançados pelo grupo até à data sabe disso perfeitamente. O primeiro destes, PROPER MUSIC, coloca a banda ao lado de nomes não tão distantes temporalmente como Holy Fuck, Late Of The Pier ou até mesmo LCD Soundsystem através de uma junção entre o pós-punk e a música de dança; já o seu sucessor, MORE MORE MORE, foca-se essencialmente nesta última linguagem, e é precisamente neste modo que os MADMADMAD se apoderam do palco do Musicbox durante a primeira parte do concerto, com Kelly a dar o tiro de partida com uma batida disco, que por sua vez é acompanhado por um ostinato de synth de Bouton e uma linha de baixo funky por parte de Toublant. A partir daqui, o festim musical deste trio dá-se por iniciado.

O gosto pela club culture claramente demonstrado pela banda não se deixa ficar pela via composicional, uma vez que a sua actuação se desenrola da mesma forma que um DJ set – existe um crossfade natural ao longo do repertório aqui apresentado e, quando nos deparamos com momentos de transição silenciosos, estes são colmatados por efeitos e/ou synths subtis que rapidamente dão lugar ao momento musical seguinte, revelando a sensibilidade dinâmica do grupo que, ao longo de uma sequência irresistível de temas de base house e electro, nos conquista não apenas pelo ritmo como também pelo desenvolvimento sónico resultante do diálogo instrumental entre os três músicos: as investidas four-on-the-floor de Kelly, os grooves de baixo de Toublant e as aventuras texturais dos synths e processamentos electrónicos de percussões de Bouton conectam-se e emancipam-se quando sentem ser necessário, e o resultado é-nos desvendado sempre de uma forma fluída.

Quando Bouton efectua o seu primeiro ataque na guitarra, o grupo começa a reconfigurar o seu foco em torno da fórmula apresentada em Proper Music, caracterizando a segunda metade do concerto. Agora, a estética tem um fervor mais ligado ao rock, mas não por isso menos dançável – o ritmo assertivo e a cumplicidade musical que o grupo exalta não cessam nem por um instante, e a chegada ao fim desta viagem é feita com a mesmo impulso eufórico com que fora iniciada. Nem a escassez de pessoas no recinto serviu de impedimento para que estes músicos abrandassem o passo, o que foi comprovado pela ovação positiva por parte da plateia no final da actuação. No fim de contas, os MADMADMAD minimizaram a importância esse factor ao manterem a natureza dançante do seu som assegurada e, uma vez alcançado esse feito, nada mais lhes poderia fazer frente.

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