[TEXTO] Rui Miguel Abreu / João Gama [FOTO] Direitos Reservados
Do outro lado do mar, de Salvador da Bahia, Brasil, terra mágica e ancestral, berço de uma cultura muito própria, chega Lord Breu, produtor de música electrónica, filiado na cena de Graves Globais que vai envolvendo o planeta em baixas frequências dançantes. Breu acaba de lançar uma remistura de um clássico de Gilberto Gil, prova de que não rompe com o passado, antes o actualiza. Para o Rimas e Batidas preparou um intenso set exclusivo. Antes disso trocou algumas esclarecedoras palavras com João Gama.
Como é que nasceu o “Lord Breu”? Sempre quiseste ser DJ/Produtor? De onde vem a tua ligação com a música?
Baiano de Salvador (Brasil), sou um DJ e produtor que começou a carreira a produzir instrumentais de hip hop no final dos anos 1990 e que, no mesmo período, começou a ouvir dub e a aprofundar-se nesta pesquisa. Partindo disso, mergulhei em tudo que tivesse a influência do dub jamaicano até chegar ao formato da bass music actual. Comecei a fazer DJ sets e produções de dub, jungle e ragga-jungle na cena electrónica de Salvador em 2004. UK stepper, dancehall, reggaeton, kuduro, breaks, dubstep e outros estilos foram fazendo parte da minha pesquisa, que somados aos ritmos afro-baianos, brasileiros e latinos e à minha paixão pela música, cultura e festejos da minha região (Bahia), resultou no formato actual dos graves tropicais e globais da minha música. Os meus objectivos foram sempre ser DJ, músico e produtor. A minha ligação com a música vem desde a minha infância. Cresci com muitos músicos e artistas da minha família e amigos, e sempre me inspirei na cultura afro-brasileira, nos graves dos tambores e na música dos guetos de diversas partes do mundo (em especial a música jamaicana) e suas relações com a produção da música de forma electrónica.
Quais são as tuas influências? Se tivesses que definir aquilo que fazes, como é que o farias?
Tenho muitas influências, mas as principais são a cultura afro-brasileira, a cultura dos sistemas de som jamaicanos, os ritmos regionais latinos e africanos e a cultura electrónica dos guetos e diversas partes do mundo.
Se tivesses que definir aquilo que fazes, como é que o farias:
Global/tropical bass music. Ou, como chamamos por aqui, graves globais e tropicais
Tens algum álbum lançado?
Tenho dois EPs lançados pelo selo Mal Dicen!/Latino Resiste, do Canadá (Futurafro, de 2014 e Dendê, de 2015), um lançamento independente (o EP Inna di Samba, de 2015). Tenho também um EP lançado pelo selo CasseteBlog, do México (Bassjexá, de 2014), além de faixas lançadas pelos selos Braza Music e Putz Records (Brasil) e Kafundó Records (Brasil/EUA). Também participei nas compilações Moombrazillians (Braza Music), Hy Brazil vol. 6 (Hy Brazil), Bahia Bass vol. 1, 2 e 3 (Braza Music), e Kafundó Vol. 2; Roots and Bass Music from Brazil (Kafundó Records). Todos estes lançamentos estão disponíveis para ouvir e descarregar no meu SoundCloud.
Mas estás aliado a alguma editora?
Não tenho contrato com uma editora, mas tenho o apoio de alguns selos independentes.
O que é que podemos encontrar nesta Global Bass Mixtape que ofereces ao Rimas e Batidas?
Esta é uma mixtape de graves globais, com muitas produções brasileiras e outras de diversas partes do mundo, e é bastante influenciada pela cultura electrónica latina, jamaicana e africana, com bastante swing tropical, percussões fortes graves. Representa bem um pouco do clima das minhas apresentações ao vivo.