[FOTOS] Olivia Rose
“Há 13 anos atrás, nas profundezas de Bow E3, emergiu a voz de uma geração”, lê-se nas primeiras linhas de This Is Grime, tomo que colecciona uma história visual e oral do movimento grime britânico. “Era obscura, furiosa, barulhenta e sem remorsos. Era provocadora e ferozmente independente. Era o irresoluto som da desilusão, ressentimento e desespero, mas também a voz da esperança…Isto É Grime.”
O curto parágrafo introdutório é assinado pela editora da publicação i-D (uma ramificação cultural da VICE) Hattie Collins e consta do livro que compilou com a fotógrafa Olivia Rose e que regista a “mais importante subcultura musical britânica desde o punk”. O volume de 224 páginas estará disponível a 8 de Setembro com edição Hodder & Stoughton.
This Is Grime surge em plena época de explosão global do movimento que nasceu de narrativas associadas às comunidades marginais da sociedade londrina. Volvida mais de uma década desde que os primeiros versos em beats de intercepção garage, drum’n’bass e dancehall se fizeram escutar em rádios pirata, o grime regista hoje uma expansão além-fronteiras que o posiciona como um dos mais influentes movimentos musicais britânicos dos últimos 20 anos, comparável apenas à atracção social gerada pelo punk nos anos 1970.
“Parece particularmente oportuno que estejamos a preparar This Is Grime em 2016, no seguimento do sucesso global de figuras mais antigas, como Skepta, e de estrelas mais novas, como Stormzy”, disse Hattie Collins à i-D. “Estamos muito entusiasmadas por produzir um livro que documenta a emergência desta subcultura. Crucialmente, isto é uma história oral sobre grime para o grime. Para além de ser um retrato íntimo da cena, a história é narrada pela própria cena – de MCs a produtores, passando por DJs e bloggers. Chegou a altura da scene imortalizar o género em papel.”
“Nós queríamos documentar o grime como uma subcultura e criar um livro que extrapolasse os MCs, as raves e a energia”, acrescentou a fotógrafa Olivia Rose. “Queríamos capturar não só a scene, como também aqueles que a documentaram por si próprios ao longo dos anos – no fundo, mostrar às pessoas o que não podiam observar para lá do Instagram.”
Collins contou ainda que projectava a edição de um livro sobre grime há vários anos, embora tenha apenas alinhavado o conceito a partir do momento em que começou a colaborar com Olivia Rose em diversas sessões fotográficas e reportagens para a i-D. “Juntas trabalhamos muito bem e admiramo-nos uma à outra, fez total sentido que colaborássemos num projecto que é de amor. Dependendo de com quem falas, o grime está entre nós desde pelo menos 2001 e apesar de Simon Wheatley (Don’t Call Me Urban, 2013) e Ewen Spencer (UKG, 2014) terem contribuído com livros fantásticos sobre a scene, não existe até à data um livro que a documente narrativa e visualmente.”