O Lisboa Soa regressa à capital portuguesa em Outubro, entre os dias 11 e 19.
Sob o tema “Energia em Fluxo”, o festival prepara uma operação sobre a memória da cidade, escolhendo três espaços emblemáticos de silêncio e exclusão para os transformar em centros de vibração e encontro. O antigo Panóptico do Hospital Miguel Bombarda, arquitectura projectada para a vigilância e o isolamento, será convertido num “pan-acústico”, um espaço de escuta profunda e ressonância colectiva através da exposição “O Ar que Circula”. Nos Jardins do Bombarda, a instalação cinética de Taiga Trigo, “The Chill Out Zone”, vai combinar descanso, jogo e criação. Já a Mitra de Lisboa abre-se a interferências urbanas e mecânicas, como as dos artistas Andreas Trobollowitsch e Wouter Jaspers.
A escolha curatorial é assinada por Raquel Castro e estende-se também ao campo das performances: da “Fauna” de Merche Blasco à electro-mecânica de Francisco López, vai explorar-se o som como uma força que habita corpos, paisagens e até os sinais invisíveis da cidade. O festival opera, assim, numa dupla camada: é uma experiência estética imersiva e, ao mesmo tempo, um exercício político de reocupação do espaço público através dos ouvidos, propondo que a escuta atenta é uma forma de empatia com o ambiente e com a história.
O compromisso com a construção de comunidade estende-se ao sólido programa educativo, que funciona como espinha dorsal do evento. Oficinas como “Colher brisas, semear músicas”, de Ivo Louro, ou a “Ecoescuta” dos Sononautas, bem como a mesa-redonda sobre “Arte Sonora, Ciência, Ecologia e Sociedade” que inaugura o festival, evidenciam que o “fluxo de energia” do tema é também o do conhecimento partilhado.