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Publicado a: 04/08/2017

Lil Wayne: mais dinheiro, mais problemas

Publicado a: 04/08/2017

[TEXTO] Manuel Rodrigues [FOTO] Direitos Reservados

Uma generosa mansão em Nova Orleães com divisões a perder de vista; vários quadros das mais famosas películas norte-americanas de gangsters (Goodfellas, Scarface, entre outros…) espalhados pela sala e quarto e a servirem de inspiração ao proprietário; um armário onde se esconde uma preciosa colecção de miniaturas de automóveis clássicos; uma mão cheia de colares cintilantes na mesa-de-cabeceira; e, por fim, dois maquinões estacionados à porta de casa, entre eles um Cadillac Escalade ESV. O episódio da série MTV Cribs dedicado a Lil Wayne, exibido em 2004, espelha bem a escalada de popularidade que o rapper do Lousiana conseguiu nos anos que sucederam a viragem do milénio: depois de se ter lançado a solo em 1999, com o álbum Tha Block Is Hot, e de ter assegurado a sua notoriedade na esfera do rap com Lights Out (2000) e 500 Degreez (2002), Lil Wayne deu, muito provavelmente, o mais importante salto da sua carreira em 2004, altura em que mostrou ao público Tha Carter, de onde é possível retirar os singles “Bring It Back”, “Go D.J.” e “Earthquake”.

Nascido no bairro de Hollygrove, Nova Orleães, Lil Wayne alimentou desde muito cedo a sua paixão pela música. Escreveu a primeira letra com apenas oito anos e gravou o primeiro álbum colaborativo com o rapper B.G., True Story (1995), com apenas onze anos (The B.G.’z foi o nome resultante da conexão entre os dois artistas). Um ano depois, Dwayne Michael Carter Jr, nome que figura na sua cédula de nascimento (o músico acabaria por desprezar a letra “D” na escolha do seu pseudónimo como forma de minimizar as ligações com o seu pai, que o abandonou, na sequência de um divórcio, com apenas dois anos de idade), integrou o colectivo Hot Boys do qual fizeram também parte Juvenile, B.G. e Turk. Juntos editaram Get It How U Live! e Guerrilla Warfare (de onde podemos retirar os êxitos “We on Fire” e “I Need a Hot Girl”, respectivamente), que atingiu o primeiro lugar da lista dos melhores álbuns r&b/hip hop da Billboard.

 



Não obstante o facto dos seus títulos de longa duração terem registado números positivos a nível de vendas e popularidade (Tha Carter II, III e IV seguiram pisadas muito semelhantes ao primeiro capítulo da saga, assim como os álbuns I Am Not a Human Being I e II), Lil Wayne é sobretudo conhecido pelas suas mixtapes (as coleções Da Drought, Dedication, Ceilings e Sorry 4 The Wait são algumas das mais conhecidas) e featurings com outros músicos. Basta uma pesquisa rápida pelo Youtube e um scroll de duas páginas ou três para perceber que o rapper do Louisiana já colaborou com meio mundo, de Drake e Future aos Imagine Dragons, de Nicki Minaj a Charlie Puth e de Eminem a Ariana Grande – desde 2004, ano em que participou com T.I. no tema “Soldier” das Destiny´s Child, que Lil Wayne faz dos breves segundos de rimas em temas alheios um dos seus principais cartões-de-visita para as massas, quase à imagem do californiano Snoop Dogg.

Mas nem tudo é um mar de rosas no que à fama diz respeito. Em Novembro do ano passado, numa controversa entrevista para o programa The Nighline da ABC News, o rapper afirmou que “não se sente ligado a coisas que nada têm a ver com ele”, no contexto dos protestos Black Lives Matter que evocam e defendem os direitos da população afro-americana, isto depois de uma série de incidentes entre polícias e jovens de raça negra (em especial a morte de Trayvon Martin, que inspirou o slogan que dá nome ao protesto) terem criado um clima de tensão e instabilidade entre cidadãos e forças de segurança pública. O comentário de Lil Wayne foi mal recebido por alguns dos seus colegas de profissão – e pelos espectadores do programa em geral –, especialmente por T.I., rapper com o qual mantém uma relação muito próxima, que prontamente partilhou o seu desagrado através de um tweet. “Desrespeitaste a tua família e manchaste o teu legado… Tens filhos que dependem de ti e das tuas directrizes. Meu, se não te manifestas por algo, todo o dinheiro, jóias, carros, mansões e êxitos discográficos perdem o seu valor”, pode-se ler. Já anteriormente, em conversa com o Fox Sports, o rapper afirmara que “não acredita no racismo, pois nunca teve que lidar com tal coisa”. As criticas não se fizeram, mais uma vez, demorar.

 



Membro das editoras Young Money – da qual é fundador – e Cash Money (cuja fusão resulta na conhecida sigla YMCMB que é possível encontrar em t-shirts e caps um pouco por todo o mundo – a letra “B” é nada mais nada menos que a inicial de “Billionaires”), Lil Wayne cumpriu oito meses de prisão efectiva em 2010 por posse ilegal de arma (já antes o rapper tinha tido problemas com a justiça por ter sido apanhado com uma generosa e variada quantidade de estupefacientes no seu autocarro de digressão, para além de um ou outro episódio relacionado com posse de marijuana), que inspirou o lançamento do livro Gone Til’ November: A Journal of Rikers Island, um diário que relata a sua vivência do lado de lá das grades – “mo money mo problems”, já dizia a canção de B.I.G. É nesta condição de fora-da-lei milionário (entretanto, o rapper somou um Bugatti Veyron, um Maybach e um Mercedes SlS Amg ao seu já existente Cadillac Escalade) que Lil Wayne sobe ao palco principal do MEO Sudoeste, mais logo, pelas 00:20. São esperados clássicos como “Lollipop”, “A Mili” e “Go D.J.”, bem como passagens por alguns dos temas no qual participa com outros artistas. A não perder.

 


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