O projecto Ligados às Máquinas — que é descrito como, muito provavelmente, a primeira orquestra de samples composta por músicos em cadeiras de rodas do mundo — prepara-se para lançar a 6 de Dezembro o álbum de estreia, Amor Dimensional.
Trata-se de uma edição da Omnichord Records que parte deste projecto nascido há uma década no seio da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra. Os Ligados Às Máquinas são Andreia Matos, Dora Martins, Fátima Pinho, Hélia Maia, Jorge Arromba, José Morgado, Luís Capela, Mariana Brás, Paulo Jacob, Pedro Falcão e Sérgio Felício.
O processo criativo destaca-se pelo uso, adaptação e criação de soluções de hardware e software que permitam a estes artistas, com alterações neuromotoras, terem controlo e autonomia para poderem disparar samples em tempo real.
O resultado é uma composição musical colectiva e inédita. Em 2023, fruto de uma residência no Festival Nascentes e já com o envolvimento da Omnichord Records, os Ligados às Máquinas tiveram acesso a excertos musicais de compositores nacionais que cederam amostras da sua obra, fossem instrumentos ou as suas vozes.
Entre os que aceitaram o convite estão nomes como Ana Deus, Bruno Pernadas, Cabrita, Carincur, Catarina Peixinho, Coro Ninfas do Lis, Dada Garbeck, Filipe Rocha, First Breath After Coma, Gala Drop, Gui Garrido, Joana Gama, Joana Guerra, João Doce, João Maneta, João Pedro Fonseca, José Valente, Lavoisier, Mano a Mano, Moullinex, Nuno Rancho, Orquestra e Coro da Gulbenkian, Pedro Marques, Retimbrar, Ricardo Martins, Rita Braga, Rita Redshoes, Salvador Sobral, Samuel Martins Coelho, Samuel Úria, Selma Uamusse, Senhor Vulcão, Surma e Vasco Silva.
Este arquivo sonoro permitiu aos músicos dos Ligados às Máquinas orquestrar composições com base nestes samples. Este processo culminou numa fusão de géneros musicais, que vai do hip hop ao fado, do rock ao techno, dos blues às músicas do mundo. Ao todo, serão nove temas originais que representam um dia na vida de cada um: “do amanhecer ao acordar, da procrastinação à tensão, da obrigatoriedade à liberdade de escolha limitada, da melancolia confortável à refeição aconchegante até ao merecido descanso (enriquecido pela possibilidade de sonhar)”, descreve o comunicado de imprensa.
Desde 2014 que os Ligados às Máquinas têm vindo a actuar todos os anos ao vivo, em espectáculos em que a estaticidade física colide com o movimento musical. Não será, portanto, de estranhar que este Amor Dimensional possa ser apresentado oficialmente em sala.