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Publicado a: 20/06/2018

LCD Soundsystem no Coliseu de Lisboa: corações ao alto

Publicado a: 20/06/2018

[TEXTO] Alexandre Ribeiro [FOTOS] Nuno Conceição

O Coliseu de Lisboa já estava em ebulição e ainda nem tínhamos vislumbrado um dos membros dos LCD Soundsystem. A banda tocava a primeira de três noites na capital portuguesa, um regresso em dose tripla que trazia “água no bico” (ou American Dream, digamos).

7 anos depois do lançamento de This Is Happening e 6 anos depois da “primeira” morte do grupo, um novo trabalho “aterrava” em 2017. Apesar do tempo de espera entre projectos, a renovação sónica e do público não aconteceu. Olhando para as pessoas que não quiserem faltar à “missa”, a conclusão é bastante simples: os crentes — que trouxeram balões em formato de coração para o recinto — acamparam à porta da igreja, mas não conseguiram converter os não-crentes que iam passando por lá.

E nada disto tem a ver com a capacidade técnica dos elementos da banda. Exímios nos seus instrumentos, os músicos mostraram que são uma máquina bem oleada que carrega Murphy, o magnetizante vocalista, ao colo, deixando-o brilhar em todo o seu esplendor. A parafernália disposta em palco foi complementada pela bola de espelhos, um sinal de que toda aquela voracidade punk não retira espaço para todos os corajosos que queiram esboçar uns passos de dança.

A música de fundo na casa do líder dos LCD Soundsystem é Daft Punk, mas David Bowie é o fantasma de serviço quando o silêncio toma conta do espaço. “Call the police”, tema de American Dream, é uma homenagem, assumimos nós, a “Heroes” e o caso mais gritante da influência do alien que um dia caiu na Terra. Todas estas referências funcionam como alimento criativo para Murphy que deixa o seu input e dirige um grupo de músicos que vai reagindo em tempo real às suas indicações.

O alinhamento passou pelos quatro discos lançados entre 2005 e 2017 e, sem qualquer surpresa, todos os temas foram celebrados com entusiasmo de quem estava à espera que o passado voltasse o mais rápido depressa. Uma relação duradoura que sobreviveu através de uma série de canções que não têm época, com destaque para “I Can Change”, “Daft Punk Is Playing At My House” ou “Someone Great”. “All My Friends”, um hino maior que a vida, colocou o ponto final numa grande festa que foi, acima de tudo, uma exaltação do passado.

 


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