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Publicado a: 14/02/2017

LC7: O newcomer de Croydon

Publicado a: 14/02/2017

[TEXTO] Nélson Clark Ferreira

 

Tem apenas 22 anos mas é autor de um dos álbuns mais elogiados deste início de ano na Grã Bretanha. Loyle Carner é adepto do Liverpool FC, mas foi com o tema “Cantona“, mítico número 7 do Manchester United, que o ouvi pela primeira vez há um par de anos.

 



Depois de alguns singles e colaborações, o EP Little Late, de 2014, serviu de primeira apresentação, mais formal, ao mundo, e os temas “BFG” e “Cantona” esclareceram-nos quanto às skills de Carner; com um pé no grime, outro no hip hop mais clássico e uma mão na soul. Em Yesterday’s Done, primeiro LP editado a 20 de Janeiro, essa mão passa a duas e as referências à música negra mais tradicional multiplicam-se. Dois dos melhores exemplos são o coro gospel de “Isle Of Arran”, o tema de abertura, e a voz soul de Kwes. em “Florence”.

No início da carreira chegou a agradecer ao grime, género que o fez interessar-se por escrever rimas e vencer battles, mas dias depois do lançamento do seu primeiro longa-duração usou esta metáfora para se posicionar: “Sinto que estou do lado de fora de uma janela mas a olhar para o grime lá dentro. Eu não me considero um artista de grime. Eu faço rimas e a malta do grime também. Na música não há restrições e no fundo todos nós estamos a fazer apenas música. É só isso que eu sei.” No fundo, há no rap de Loyle mais Mike Skinner ou Roots Manuva que Skepta ou Stormzy.

 



As críticas ao disco de estreia surpreenderam até o próprio que diz: “é um bocado estranho lidar com todos estes elogios. Para ser honesto, é óptimo, claro, mas tento abstrair-me e não prestar muita atenção a isso. Fazer este disco não foi nada difícil. Cedo percebi quais eram os temas que faziam sentido juntos, acho que só deixei dois ou três de fora.”

O flow de Loyle presta-se a rimas emotivas, sinceras, mas também há cheap talk e alguma ironia neste Yesterday’s Gone. “Son of Jean”, quase a fechar o disco, é uma dedicatória à mãe, e o seu tema favorito. “Se tivesse de escolher só uma seria ‘Son of Jean’ porque escrevi esse poema para a minha mãe. ‘Isle of Arran’ também ficou selvagem e a ‘Nothing’s Changed’ é a prova da minha autenticidade. Significa que temos de ser sempre fiéis a nós próprios.”

A estreia ao vivo em Portugal continua sem data. Loyle Carner até já por andou cá em férias e confessa que se o chamarem vem “a correr”. “Adorava actuar em Portugal. Adorei sempre as férias que fiz aí. Actualmente ando na estrada apenas com um DJ, mas o espectáculo está forte e firme. Nos próximos tempos não penso formar uma banda.”

Fica o alerta dado. E agora é só aguardar pela primeira data.

 


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