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Fotografia: Bernardo Casanova
Publicado a: 05/02/2022

Com calma e sem egos até acertar em tudo.

Landim & Progvid: “A ligação que fomos construindo foi determinante para fazermos este trabalho acontecer”

Fotografia: Bernardo Casanova
Publicado a: 05/02/2022

Um disco, dezassete faixas: e neste Programa não vale zapping. Em etapas diferentes, mas muito parecidas da carreira, Landim e Progvid partilham com este este trabalho colaborativo um ponto em comum: é a estreia para ambos em álbuns. Landim é dos nomes mais credenciados e respeitados do rap lusófono, com muitos anos de experiência (e projectos) na bagagem. Já Progvid é uma das promessas no imediato da cultura nacional – assinou, em 2021, temas com rappers como Pika, Rafa G, Timor YSF, e não dá sinais de abrandamento neste novo ano. 2022 ainda agora começou e não só entraram com o pé direito como prometem pôr o pé na porta — o futuro adivinha-se bastante produtivo para ambos. Este sábado, dia 5 de Fevereiro, o duo apresenta o longa-duração no Village Underground Lisboa.



Este projecto é especial para ambos já que é a vossa estreia em álbuns de originais! Landim, até acabas por ter uma discografia vasta em EPs/mixtapes, com este contabilizei nove projetos ao todo, mas devem faltar alguns. Quais são as grandes diferenças para ti desses formatos para um álbum?

[Landim] Sim, já tenho alguns projectos feitos, são 13 na verdade [risos]. Mas este é o primeiro que posso mesmo chamar de álbum, porque existem diferenças. Trabalhei-o com mais calma, com mais atenção e também tive mais participação na parte de produzir e masterizar, duas áreas que eu não dominava e consegui acompanhar bem de perto. Neste álbum também tive mais feats, normalmente nos meus projetos costumo convidar três rappers no máximo, acho que nunca tive tantos MCs num projeto desde a minha mixtape One Nation [2012], um dos meus projectos mais antigos.

E o álbum acaba por talvez soar mais coeso e lógico, não é?

[Landim] Sim. Imagina, o projeto foi todo produzido pelo Progvid, mas ele também teve dedo nas features, nas faixas, etc. – e isso torna o Programa diferente de tudo o que fiz até aqui. Faz disto um álbum. Houve mais calma a escolher instrumentais, foi algo mais sério, porque eu normalmente gravava o meu projecto num mês e no mês seguinte estava logo nas ruas e aqui não, cada coisa a seu tempo.

Quanto tempo demorou a criação deste álbum?

[Landim] Cerca de um ano. Os processos em estúdio são relativamente rápidos, mas depois há coisas que acabamos por não controlar como as masterizações, o que consome sempre muito tempo.

[Progvid] Começámos em finais de Janeiro [de 2021], e fomos trabalhando durante o ano todo até sair no início do ano. Também refizemos muitos dos instrumentais e melodias, quisemos que estivesse tudo a soar bem, demorámos o nosso tempo nessa parte para estar tudo impecável, exactamente como queríamos. As primeiras duas sessões que tivemos, fizemos sete sons. Na primeira estivemos umas quatro horas em estúdio e o que levou mais tempo foi mesmo a produção, porque eu fiz os instrumentais de raiz com o Landim aqui. Mal estava feito, o Landz ia ao microfone e, pronto, som gravado.

Essa dinâmica de produzir tudo do zero é interessante e não muito vulgar quando comparo com outros artistas que já tive oportunidade de entrevistar.

[Progvid]  Sim, acaba por ser algo muito pessoal para mim, gosto mesmo de trabalhar desta forma. Sento-me com os artistas, testamos algumas dicas, eles seguem uma direção e eu vou atrás dele, mas sempre com o meu rótulo também. Sinto que se chegarmos a estúdio e eu lhe mostrar uma pasta de instrumentais já feitos, ele vai-se adaptar a mim e ao que existe ao invés de encontrarmos ali um consenso e criarmos os dois juntos. Destes 17 sons só 1 dos instrumentais é que já tinha aqui guardado há uns 2 anos, de resto foi tudo feito de raiz com o Landim. Fiz três desses beats com o rkeat, um ainda vai sair na edição deluxe do álbum, e outros dois com o Osémio Boémio. De todos os instrumentais do álbum [são 17] só utilizei um sample, fora os samples de voz, que foi na faixa “Beija-Flor”, de resto foi tudo tocado, todas as melodias, 100% original e feito por mim.

Sentes que este ano de produção te fez evoluir e ganhar novas capacidades, já que foi tudo construído de raiz e foste ganhando mais experiência também no decorrer do processo?

[Progvid] Sem dúvida nenhuma! O meu ritmo de trabalho não permitiria o contrário, todos os dias venho a estúdio e produzo coisas novas, mas a minha maior evolução neste espaço de tempo foi na minha masterização, fui eu o responsável por essa parte do Programa também, foi uma boa oportunidade para aprender e evoluir mais nesse aspeto.

Como surgiu a vossa ligação pessoal entre Progvid e Landim? Já existia antes deste trabalho e culminou agora em música?

[Progvid] Não, não, surgiu tudo aqui, no meu estúdio. A parte engraçada foi perceber que tínhamos muitos amigos em comum, vários pontos de vida também semelhantes e nem sabíamos.

[Landim] Essa ligação que fomos construindo foi determinante para fazermos este trabalho acontecer, tínhamos confiança para dizer se algo não soava bem, se as minhas rimas não estivessem no ponto, etc. Estávamos mesmo à vontade e sem egos à mistura, o que ajudou claramente.

As participações vocais deste álbum acabam por ser nomes com o qual vocês estão familiarizados por já terem trabalho no passado, seja a rimar com eles ou a produzir para eles. A dica do Landim despertou-me curiosidade em perceber qual foi o vosso critério para escolherem quem entrava em que faixa, já que foi algo conjunto, não é?

[Progvid] Sinceramente, as coisas fluíram muito naturalmente. Não houve uma escolha mega detalhada, tivemos sessões em que alguns desses artistas estavam connosco e as ideias iam surgindo espontaneamente e aconteceram, entendes? Houve dois/três features que foram mesmo planeados, como o dos TWA, que o Landim surgiu logo com essa ideia antes de começarmos o projeto, mas acabou por ser para aí o 10º som [de 17] que fizemos.

[Landim] E também convidámos o Mini God, não podia fazer um álbum e deixar escapar esta oportunidade, quisemos mesmo tê-lo num som. 

Olhando para o alinhamento do álbum, os TWA surgem mesmo como o único nome fora do vosso “universo” musical, não acham?

[Landim] É essa a beleza do feat. dos TWA, é um feat. de sonho, completamente fora daqueles nomes mais expectáveis que estejam agora mais activos. São nossos ídolos, eu cresci a ouvir esse som e não só, muito TWA, Nigga Poison, etc. Esse som é um dos meus preferidos de sempre de rap crioulo e, pronto, quis fazer uma pequena brincadeira com ele, porque sempre gostei do conceito de remakes, nos States acontece bastante. Vim com essa ideia, o Prog[vid] ajudou a torná-la realidade a nível de produção e depois a parte de chamar os TWA a estúdio é que foi mais difícil. Cada um tem a sua vida, e ter ambos em estúdio foi uma logística complicada [risos]. Eles próprios, o Primero G e o Lord G, já não se viam há um bom tempo, reencontraram-se em estúdio para trabalhar neste som. Agora estamos a tentar reuni-los outra vez para gravar o videoclipe do “Beija-Flor” e vamos ver, também não vai ser fácil, mas o dia em que gravámos a faixa foi muito produtivo.

[Progvid] A experiência desse feat foi a sessão toda! Lembro-me do Primero G a ligar ao Lord G depois de ouvir o que lhe tínhamos apresentado, que basicamente era o meu instrumental só com as rimas do Landim e essa chamada foi memorável: “Não estás bem a perceber o que estes putos fizeram, com estas novas tecnologias, agarraram no beat do ‘Miraflor’ e fizeram uma versão actual, de 2021!” [risos] Apesar do Primero G ser da velha escola, ele continua muito a par do que se vai fazendo agora na cultura e é muito curioso por perceber o que há de novo, sempre num tom tolerante e de puro interesse.

[Landim] O Lord G é que não gostou muito inicialmente, teve algumas reservas relativamente ao que queríamos fazer, mas depois de explicarmos bem o conceito e o que queríamos transmitir com a faixa a ambos, deram-nos autorização para trabalhar nela e pronto, o resultado está à vista de toda a gente.

Estas conexões entre presente e passado são escassas na cultura hip hop portuguesa, acabamos por ver poucas sinergias, pelo menos em músicas… é bonito ver essa abertura do Primero G com o que é feito hoje em dia!

[Progvid] É verdade, mas o Primero G tem uma mentalidade muito aberta e até te digo mais, continuamos a falar hoje em dia e temos uma sessão de estúdio apalavrada para o futuro porque ele também produz e vamos juntar-nos futuramente. O Primero G ainda vai rimar num beat meu!

Ainda falando deste tema: porque se chama “Beija-Flor”?

[Landim] O Beija-flor é um animal bastante particular, só por si tem bastantes curiosidades e, como muitos pássaros, alimenta-se de flores, bebe de outras flores – e eu, enquanto rapper, acabei por fazer o mesmo e bebi da água de outros rappers, sendo influenciado por eles. Também há o trocadilho com o nome do original dos TWA, que se chama “Miraflor”, portanto achei que este nome assentou bem pelo duplo sentido. Liricalmente tentei seguir a direcção do Lord G, já que o meu verso é praticamente refeito no dele, tentei seguir as bases do que ele tinha feito e fazer uma dedicatória.

A duração deste álbum foi algo que me espantou. 17 faixas não é um número muito comum para álbuns de rap lusófono, ainda para mais lançadas todas ao mesmo tempo. O que vos levou a tomar esta direção?

[Progvid] Eu e o Landim temos a mesma visão, que não coincide muito com o que acontece aqui, revemo-nos mais na forma de fazer acontecer nos States, entendes? Largarmos tudo agora e depois os vídeos do álbum vão saindo um de cada vez, com o feedback que vamos tendo até conseguimos compreender melhor que vídeos fazer e assim, é a nossa forma de trabalhar a música.

[Landim] São 17 faixas nesta primeira edição, porque na edição deluxe vão ser 21. Ainda sobraram 4 que brevemente estarão também nas ruas. Sentimos que estas 4 ainda não estavam ao mesmo nível das outras em alguns aspectos e então preferimos esperar mais um pouco e refiná-las para saírem numa versão deluxe do álbum.

[Progvid] Em termos do número de faixas, foi assim que aconteceu porque não estamos muito preocupados com a comercialização da nossa música, gostamos mesmo do que fazemos, foi mesmo “for the culture”.

O Landim até diz na intro para ti, Progvid, “Prog, one luv, nha nigga (One love), Manti pureza, kaga pa fama, Nu fazi nos guita, já, já nu ta brinda”. Outro detalhe que sinto falta por acaso, falar mais em cima de beats de forma descomprometida, mesmo à estilo intro!

[Landim] Exactamente… tanto esse detalhe da intro como outros pequenos toques deste álbum, tentámos reunir toda a experiência e capacidades musicais que temos adquirido para fazer este Programa acontecer.

Pegando nisso, há algum conceito para o título Programa?

[Landim] Sim, até é simples. Basicamente é uma junção entre “Prog” de Progvid e “rama” de KS Drama. Foi logo a primeira ideia para o título, mal surgiu ficou logo. 

[Progvid] Até aproveito para partilhar que isto nem ia ser um álbum, começámos a trabalhar em faixas soltas, mas depois fizemos 2 sessões de estúdio e surgiram 7 faixas, como te disse. Agarrando nisso, percebemos que tínhamos de fazer mais e acabámos com um álbum.

A capa deste álbum também me chamou bastante à atenção, o resultado final está mesmo criativo. Curiosamente, lembrou-me a capa do álbum Netflix & Deal do 03 Greedo com o Kenny Beats. Foi inspiração para vocês? [Mostramos, depois, a imagem da capa.]

[Progvid] Não conhecia por acaso, mas também está muito fixe! O conceito desta capa ficou a cargo de um amigo meu, o Skinny, que, para além de videoclipes, também faz capas de álbuns. Apresentou-nos o conceito dos bonecos, que não são desenhos, são mesmo em plasticina e nós adorámos.

[Landim] Eu também lhe tinha enviado uma referência, uma capa de um álbum do Pharrell Williams [Pharrell & The Yessirs – Out Of My Mind] que também tem assim uns bonecos, mas não queríamos fazer igual e surgiu esse conceito dos bonecos em plasticina, que existem mesmo fisicamente. Havia mais elementos que acabaram por não entrar na capa final: uma Mona Lisa, um símbolo da Lacoste, um quadro, um relógio, tinha mesmo imensa coisa, mas optámos pela capa branca. 

Relativamente à edição deluxe do álbum, vão fazer algo diferente para a capa ou vai ser igual a esta?

[Landim] Vai ter uma capa diferente, vai ficar doida! Estamos a planear lançá-la em Fevereiro, Março no máximo.



Sendo eu um “rato de laboratório”, interesso-me muito pelo processo criativo. Gostava que recordassem alguns episódios que aconteceram durante este tempo de criação do álbum.

[Landim] Cada uma das participações deste álbum foi muito particular e única à sua maneira… a sua forma de estar em estúdio, ética de trabalho, etc. Houve um dia em que estava a gravar a “Nuvens” e outra faixa, estávamos aqui [no estúdio do Progvid] com o Psyco PDZ e ele adormeceu no sofá enquanto fazia essa. Quando acordou, já estava na segunda faixa [risos]! Acabou por gostar da “Nuvens” e entrou mesmo para uma participação em rima.

[Progvid] Até fui eu que o acordei… dei-lhe assim um toque, pus o esboço que tínhamos da “Nuvens” a tocar e ele ficou logo entusiasmado. No dia seguinte, às seis/sete da manhã, recebo uma chamada dele porque queria ir a estúdio gravar o verso dele. A participação do Rafa G também foi produtiva, já que fomos a estúdio gravar o “Flan Nada” para o álbum e saímos de lá com um tema extra que, entretanto, também já saiu, o “One Day”. Já agora, em defesa do Psyco, todos os artistas que passam no meu estúdio dormem ali, ok? [risos]

Landim, tens lançado projectos nos últimos anos com vários produtores como o Holly, Migz, Reis, Lhast, etc. Com uma discografia já bem recheada de produtores, tens alguns nomes na calha para trabalhar futuramente, ou até já dicas encaminhadas?

[Landim] Tenho ambos por acaso. Há cenas para sair com produtores ainda não tão conhecidos e ideias para o futuro que ainda não me debrucei assim tanto. Assim como um produtor pode trabalhar com vários rappers, o contrário também pode acontecer e tu enquanto rapper podes ajudar um produtor a ser mais um elemento forte dentro da cultura, entendes? Acho que isso é uma falha da nossa cultura em Portugal, faz muita falta mesmo fortalecer-nos uns aos outros. E acima de tudo é acreditares nas pessoas e expressares-te, dizeres que gostas do trabalho delas e que acreditas que podem crescer ainda mais. Existem imensos talentos em Portugal, de norte a sul, e deixo-te aqui dois nomes com os quais acontecerão cenas futuramente: SosaKOnTheTrack e Ajay Rico. 

Alguns desses projectos têm até tido timings muito interessantes porque alguns desses nomes não eram tão populares e acabaram por ganhar mais notoriedade/exposição na sequência desses projetos, nos anos seguintes, também muito fruto da qualidade e do talento deles, claro.

[Landim] Como te disse, há muita malta talentosa e cheia de qualidade ainda meio desconhecida para quem é fã da cultura, há imenso potencial por aí espalhado e eu gosto bastante de ser olheiro no mundo da música, prestar atenção a quem está a surgir e assim. Quando ouvi dois/três beats do Progvid, percebi logo que ele tinha a qualidade e a visão. Por vezes podes não ter os recursos em termos de materiais/estúdio, mas se tiveres a visão, estás encaminhado. Não me preocupo muito com popularidade, se estás “quente”, se tens nome, a visão para mim está acima disso – se tiveres a clarity, então temos qualquer coisa para fazer juntos. 

E esse papel de olheiro também se aplica a novos MC’s que estejam a surgir? Tens alguns nomes que gostasses de mencionar?

[Landim] Também tenho alguns nomes na manga para trabalhar futuramente, mas ainda nada de muito sério, prefiro não me precipitar, entendes? Mas posso adiantar que vão surgir cenas com o Julinho KSD e também gostava muito de trabalhar com o Phoenix RDC, é tudo por agora. Na versão deluxe do Programa também posso adiantar que vamos ter participações do Piri BXD e do Drenaz.

Repito a mesma questão para ti, Progvid: que artistas tens aí na calha?

[Progvid] Tenho aí umas surpresas guardadas para 2022, tanto nacionais como internacionais, mas prefiro não falar antes das coisas acontecerem, porque depois pode não dar! No internacional posso dizer que tenho aí colaborações em inglês e francês.

Falando tanto no panorama nacional como internacional, que nomes podem sugerir aos nossos leitores? 

[Landim] Por França ando a ouvir bastante Ziak e 1PLiké140. No UK, consumo Headie One e um pouco daquilo que me vai aparecendo, sinceramente. Pelos Estados Unidos, tenho Peso Peso e Drakeo The Ruler. De hip hop tuga, anotem Nex Supremo, Mini God, Topboy e T-Rex.

[Progvid] Em França, o meu destaque é o Gazo. No UK, oiço muito D-Block Europe. Pelos Estados Unidos tenho Doe Boy, Yeat e o Gunna com o seu novo álbum DS4. Nacionalmente, tenho de dar destaque ao Landim, Topboy, Pika, Rafa G, Lon3r Johny e o ProfJam.

Um dos nomes que mais me saltou à vista nas participações deste álbum foi o Topboy. Já o conhecia de outras faixas, mas adorei o que fez no “Soldier”, a intensidade dele a contrastar com a tua postura [Landim] mais calma foi muito interessante.

[Landim] Foi dos temas em que trabalhámos mais tempo, curiosamente.

[Progvid] O esboço inicial que tínhamos ficou extremamente diferente do produto final que podem ouvir agora, não tinha mesmo nada a ver! Passámos bastante tempo em estúdio também por isso, quisemos que essa faixa ficasse mesmo nos trincos. O Topboy é muito versátil, é como uma cebola, vais descascando, tirando camadas e descobres coisas novas com frequência. Tenho aqui uma data de segredos guardados para lançar com ele…

[Landim] Houve uma fase do processo criativo em que parámos um pouco e estivemos a rever faixa-a-faixa toda a sonoridade do álbum, quisemos discutir tudo com calma e rigor, é um marco importante para a carreira de ambos e tivemos que o fazer.

[Progvid] No final do Verão já tínhamos o álbum bem encaminhado, mas decidimos adicionar algumas faixas que lhe faziam falta para o complementar, precisávamos de o equilibrar.

E antes de fazerem essa adição, quantas faixas já tinham fechadas? 

[Landim] Tínhamos cerca de 14 ou 15, mas o Prog achou que precisávamos de dar uma maior atenção ao nosso público feminino, e aí surgiram as faixas “Keeper” e “Shawty”, perfazendo as 17 finais. Quando as fizemos, sentimos logo que tínhamos ali duas “bombas” que encaixavam bem com o resto do trabalho, assentaram muito bem. 

Também gostei de ouvir a “Intro” e a “Outro” do álbum, não tem sido prática constante nos projetos que saem por cá e deu um toque muito especial e quase íntimo ao projeto. O que quiseram transmitir com elas?

[Landim] O Lil Wayne no álbum Tha Carter II faz isso também, tanto a “Intro” como a “Outro”, por acaso sempre foi uma cena que também gostei de fazer em outros projectos meus. A faixa que construímos para o “Outro” era só direcionada para shows, para tocar ao vivo, mas gostámos tanto do resultado que a resolvemos adicionar ao Programa, e como não tínhamos bem onde a encaixar, ficou mesmo no fim com esse nome. A faixa fala dos meus rapazes e, pronto, achámos que ficava bem no fim a fechar o projeto. 

Assim como faixas para um público mais feminino, outras para tocar apenas em shows, que outros conceitos compõem o alinhamento deste trabalho?

[Progvid] Sendo um álbum, concordámos desde início que queríamos ter um projeto versátil. Era importante tocar em vários assuntos, sob várias sonoridades e tipos de instrumental, para podermos ter música mais enérgica, calma, para pensar, para relaxar, enfim… temos música para vários momentos do dia. 

Aproveitando a história que estavas a contar há pouco do Rafa G, a participação do Pika no “Tevéz” também foi no mesmo timing que colaboraram para a faixa “50” dele, ou não?

[Progvid] O “50” saiu primeiro, mas foi exactamente nessa fase que começaram os primeiros desenvolvimentos para uma participação no nosso álbum, mas não era para o “Tevéz”. Era um instrumental de trap completamente diferente que depois reformulámos e aí sim, trabalhámos nessa faixa. Entretanto o Pika não esteve cá, e lembro-me perfeitamente que mal ele chegou a Portugal, veio directo do aeroporto para o meu estúdio e fizemos a “Tevéz”!

Voltando à “50”, partilho uma pequena história sobre esse som: O Osémio [Boémio], com quem produzi este som, mandou-me mensagem no meu dia de anos a dizer que tinha uma prenda para mim, meio a meter-se comigo, mas depois abri e basicamente era o primeiro verso do “50” em cima do nosso beat, foi um belo presente [risos]. 

Esse tema é uma homenagem ao lendário jogador de futebol, Carlitos Tevéz? 

[Landim] Pessoalmente, tem um duplo sentido. Eu rimo “Rosto ronhu, Carlitos Tevéz” que basicamente significa “Cara feia, Carlitos Tevéz” em português [Tevéz sofreu algumas queimaduras na zona do pescoço que lhe deixaram cicatrizes, uma imagem de marca para muita gente]. Nós não somos aqueles que a indústria “procura”, somos mesmo o Tevéz, a vir lá de baixo e a subir a pulso, até ao topo, com cara feia. Para quem não conhece a história dele, é uma pessoa muito dada à sua comunidade e solidária, é um tipo de exemplo que respeito imenso e me revejo.

Como tem sido o feedback por parte do público a este Programa? 

[Progvid] Tem sido muito gratificante. Liderámos o top da Apple Music em Cabo Verde quando lançámos, à frente do The Weeknd que tinha lançado o álbum dele naquela semana também! Por cá, no meio de tantos artistas nacionais e internacionais, estivemos no top 20 de Portugal, foi muito positivo também.

Apresentam este sábado, dia 5 de fevereiro, o vosso Programa no Village Underground Lisboa. O que têm preparado para o concerto? 

[Landim] Vamos tocar um misto de temas que estão a receber mais feedback deste trabalho com algumas faixas minhas, aquelas que são um pouco mais “requisitadas”. Andámos numa corrida contra o tempo nestes últimos tempos para conseguir preparar o melhor concerto ao vivo, porque vai ser a nossa estreia em palco com o Programa e queremos mesmo proporcionar uma experiência fixe para quem está do lado de lá. Esperamos daqui para a frente continuar a ter mais oportunidades de o apresentar a quem nos ouve e, como tal, pretendemos melhorar constantemente aquilo que levamos a palco, de forma a termos uma performance cada vez mais forte, profissional e de qualidade. Para já, temos este primeiro concerto que promete, esperamos ver toda a gente por lá no Village Underground Lisboa para fazermos a festa.


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