pub

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 30/05/2023

O rapper moçambicano colabora com Masta Ace ou M.O.P. no seu novo álbum.

Khronic: “Seria tão bom que existisse uma Zulu Nation que unisse a lusofonia”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 30/05/2023

MC veterano do hip hop moçambicano, Khronic começou a ouvir rap durante a adolescência, na segunda metade dos anos 90. Só se estrearia mais tarde, em 2013, com o álbum Tentativa, Queda & Superação. Deu-lhe seguimento com Retratos (2018) e, neste mês de Maio, com o primeiro volume de Linha do Tempo.

Trata-se de um disco conceptual, de cariz existencial e espiritual, que evidencia um rapper maduro e filosófico, sempre em busca da melhor versão de si próprio. O álbum destaca-se também pelas participações que contém, com featurings com os icónicos rappers norte-americanos Masta Ace e M.O.P.. No campo da lusofonia, há colaborações com Mundo Segundo, Fuse, Duas Caras ou Hernâni da Silva, entre vários outros. O Rimas e Batidas falou com Khronic sobre este projeto, que terá uma sequela em breve (e que vai incluir uma colaboração com os Outlawz, grupo ao qual 2Pac esteve associado).



Quando é que começaste a preparar este disco? Foi logo após o teu trabalho anterior, Retratos, que começaste a pensar num novo álbum? Ou foi acontecendo naturalmente?

Foi acontecendo naturalmente. Melhor: depois de ter feito o segundo disco, dei um tempo de repouso, aquilo a que se chama ociosidade criativa, mas já estava empenhado em começar o novo projeto e quando chegou a altura certa tive o clique e fui fazendo, sem muita pressa mas a colocar temas que eu achava que eram interessantes. A dada altura, a coisa pegou mesmo e dei seguimento. 

Trabalhaste durante quanto tempo no álbum?

Um ano e alguma coisa, comecei em 2021. Concluí o disco em 2022, só que quando chegou essa altura, percebi que havia mais informações que gostaria de colocar neste álbum e houve mais temas que foram surgindo. A minha dinâmica de trabalho muitas vezes também funciona de acordo com os produtores. Fui recebendo instrumentais, criando ideias e achei que, em vez de fazer um álbum simples, iria optar por um disco duplo, que vai sair em dois volumes. Isso fez com que tivesse de arrastar o processo mais tempo.

Estavas a referir o processo de recolha dos instrumentais. Foi assim que funcionou o processo criativo para este disco? Foste recolhendo beats e a partir daí foste escrevendo as letras?

Essa tem sido a minha base, mas não só. Muitas vezes, enquanto estou a fazer as minhas pesquisas ou leituras, como quem não quer a coisa vão surgindo temas. E posso começar a escrever mesmo sem ter um instrumental escolhido. Mas os produtores acabam por funcionar, geralmente, como um grande incentivo. À medida que eles me vão colocando desafios em novas produções, dinâmicas que não são muito a minha praia, vai-me dando o clique. 

E quando começaste de forma mais consciente a pensar que estavas a construir mesmo um disco, procuraste idealizar algum conceito para o álbum ou ele também foi surgindo à medida que o foste fazendo?

Procurei construir o conceito. Na verdade, o conceito já vinha de antes. Porque o meu primeiro álbum chama-se Tentativa, Queda & Superação. Este ano faz 10 anos e os temas que lá abordei eram mesmo de quem estava numa busca desenfreada por alguma coisa que desse sentido à vida. No segundo álbum, Retratos, já parece um pouco mais consistente a posição que eu estava a tomar. Então, no terceiro álbum… Queria mostrar a fase em que me encontro, que já estou no caminho certo da minha busca e existem ferramentas que fui identificando ao longo desta busca. Para o meu país e para a minha realidade, talvez não esteja disponível a muita gente, sobretudo da minha geração. Então foi nesse momento que pensei que o álbum se deveria chamar Linha do Tempo. Porque vai refletir sobre todo o nosso processo de evolução, sobre a nossa passagem terrena. Então já tinha esse conceito, mas não sabia a profundidade que acabaria por ter. À medida que fui fazendo o álbum, fui tendo mais conhecimentos, mais informações que fizeram com que eu fosse mais a fundo e deu no que deu. 

Falando só da parte mais conceptual do disco, o que significa então este álbum para ti?

Antes de mais, fala sobre o processo de evolução ser infinito. Tem um ponto de partida, sim, mas não tem término. Um dos temas que aborda, por exemplo, é crescer e aprender. Quando chegamos a um certo nível de compreensão da existência terrena, sempre que pensamos que estamos a chegar ao fim do conhecimento, temos de nos dar conta que não, que há coisas sobre as quais ainda não temos informação.



No fundo, as músicas do disco refletem esse teu processo, o conhecimento que foste adquirindo e continuas a adquirir porque é algo contínuo, em diálogo com os ouvintes, é isso?

Sim, e se formos ver a capa, tem vários elementos que não estão lá por acaso. Por exemplo, temos uma caveira que representa a igualdade. Independentemente da questão social, a nossa essência é a mesma. Somos todos iguais, somos uno. E bem lá no fundo temos uma serpente, que é o arquétipo da transformação. Mesmo que não queiramos ir por uma corrente mais espiritual, e se formos para um contexto mais normal da existência em si, acho que uma das maiores preocupações do ser humano deveria ser tentar melhorar em termos de carácter. Portanto, quero ser sempre melhor em relação àquilo que fui no dia anterior. Se formos mais para a componente espiritual, vemos que há uma necessidade… Os obstáculos e as bênçãos são colocados à nossa frente como forma de nos tornarmos melhores espiritualmente. E depois aparece uma roupa preta que simboliza o mistério da vida. Todos estamos na vida, mas a dado momento todos nos questionamos qual é a razão da nossa existência. É aquele mistério que nos envolve, aquela energia que está lá. No final do dia, será que vim justamente só para isto? Nascer, estudar, trabalhar, ter filhos e esperar pelo dia em que vou partir? Como é que isto funciona? Em seguida está um colar com um crucifixo, da religião em que fui educado, o cristianismo. O colar simboliza a luxúria em que todos nos procuramos ancorar. E bem lá no fundo está um dogma, o crucifixo. Nós não questionamos realmente se o meu sonho é o meu sonho ou se é o sonho da sociedade e estou simplesmente a seguir a manada. Ao lado temos a Lua, que segundo a astrologia é o astro que está ligado à nossa mãe e às nossas emoções. E ela parece-se de forma subtil com o yin e o yang. É o sagrado masculino e feminino que se estão a equilibrar. E ao lado temos as aves, que estão a voar. Resumindo: assim que passamos por estes processos todos, dos dogmas e das nossas prisões, do mistério da vida, se por alguma razão passamos por uma crise de existência ou por um descartar espiritual qualquer, passamos pela transformação e compreendemos a nossa igualdade, equilibramos as nossas emoções e por fim tornamo-nos livres como pássaros e podemos voar com quem nós quisermos. E no fundo da capa estão as pirâmides que representam o tempo.

É um disco muito existencial. 

A ideia foi justamente essa.

Quando vai sair o segundo volume?

Pensei que o segundo volume fosse sair três meses mais tarde, mas pelo impacto que o disco está a causar, estou a redefinir a minha estratégia no sentido de dar mais tempo de as pessoas consumirem bem… E quando estiverem a sentir-se mais esgotados eu trago a parte dois, mas já está… Tem um bom número de sons prontos, algumas participações que ainda estão pendentes estou apenas à espera das confirmações. Vai ter 13 músicas também.

E obviamente este primeiro volume destaca-se muito pelas colaborações, porque tens aqui participações históricas e importantes. Foi algo que procuraste construir conscientemente? Ou seja, querias um álbum que tivesse esta diversidade toda de convidados? E conseguiste contar com colaborações com rappers norte-americanos como os M.O.P. e o Masta Ace. Como surgiu esta vontade e como é que a concretizaste?

Na verdade, o engraçado aqui é que se formos olhar para os nossos cartoons, os nossos bonecos animados, aquelas fábulas em que há uma princesa que é roubada do castelo e que está sob tutela de um dragão e vem um jovem herói em busca de a salvar… Muitas vezes ele nem se questiona como é que a vai salvar, mas pelo caminho vai tendo as armas e os poderes de que precisa para poder confrontar o dragão. Eu coloquei-me nesta situação. Apenas fiquei aberto a que viesse. Isto é, não pré-defini que teria os M.O.P., os Outlawz, os Dealema… Pensei: vou começar a minha construção, e pelo caminho aqueles que eu puder incluir, por mim estará muito bem. Felizmente, neste processo despertei a simpatia e a atenção da Letela Produções, uma produtora local. Em conversas, mostrei o meu desejo em querer trabalhar com certos artistas nalgum momento. Foi quando me disseram que iam fazer os contactos. “A gente sabe que estás a fazer um bom trabalho, tens uma carreira bem mais consistente, acho que está na altura de te darmos isso”. E então foram os poderes e as armas que eu fui encontrando nesse processo e que simplesmente vieram complementar o trabalho. Não estava pré-definido, mas “vamos lá ver o que sai disto”. E assim foi.



Em termos práticos, foi a editora que ajudou a abrir portas para que pudesses usar esses poderes e armas, para usar a tua metáfora, para depois construíres as faixas?

Isso, os créditos vão para a Letela Produções, que se dedicou a fazer os contactos, pese embora eu já conhecesse alguns rappers, como o Fuse. Mas, quando temos uma produtora à frente, a coisa ganha uma dimensão diferenciada. 

Mas chegares a rappers portugueses ou lusófonos é mais simples. No caso dos rappers norte-americanos, não existe uma facilidade tão grande. Como é que foi nesse caso? Houve logo uma abertura da parte deles para colaborarem contigo?

Com os Outlawz, por exemplo, eu tinha uma relação com eles de cinco ou seis anos. Já íamos interagindo online. Foi a primeira colaboração que tive nos Estados Unidos, foi imediato [embora a faixa só vá fazer parte do segundo volume do disco]. Só que, ao trabalhar com a Letela, disse que gostaria de trabalhar com outros americanos, visto que já tinha este trabalho feito. “O que é que vocês podem fazer por mim?”, perguntei. “OK. Quem é que tu gostavas de ter?” Eu coloquei nomes, mas o fulano X não estava disponível. Depois vi as propostas que eles tinham e pensei: “Vamos ser mais ousados. O que pensam de M.O.P.?” “Ah, a gente tem o contacto, podemos falar com eles”. Então foi assim. Contactou-se os M.O.P., eles concordaram, fechámos a música. “E o Masta Ace, será que está disponível?” Foi a mesma coisa. Disseram-me para arranjar os temas, propostas de sons. Preparei o material, fiz as pré-gravações, mandei para a produtora e eles por sua vez enviaram. E a coisa fluiu. 

Então, as músicas foram feitas à distância, certo?

Sim.

Porque também estiveste nos Estados Unidos. 

Sim, foi depois, porque queríamos fazer os vídeos para marcar esses momentos. E, por conta disso, começámos com o pré-trabalho que consistiu em fazer as músicas, as composições e correções. Assim que eles gravaram todo o material, mandaram para cá. E quando fizemos as misturas e tudo mais, marcámos um momento em que eu iria estar nos Estados Unidos para fazer os vídeos e lá fui. Fiz os três vídeos, foram três dias seguidos e fechámos o assunto.

E como foi essa experiência para ti? Porque imagino que tenhas crescido a ouvir alguns destes rappers e a consumir de forma dedicada a cultura do hip hop norte-americano. E estar lá é diferente.

É diferente, sim. Para mim foi não só um sonho realizado, mas também o alcance de um novo degrau, porque tive a possibilidade de interagir com figuras que eu simplesmente idolatrava à distância. Não tinha expectativa de um dia… Poderia até conhecê-las um dia, mas de uma forma diferente, não necessariamente a fazer um som juntos, no set do vídeo, a interagirmos como se já nos conhecêssemos há muito mais tempo. Foi uma experiência que, na verdade, não só veio reforçar a minha humildade artística porque eles são das maiores referências do hip hop mundial, já trabalharam com as maiores lendas e também são lendas vivas e ainda assim conseguem trabalhar com um artista que fala uma língua diferente e o tratamento é horizontal, sem que haja um distanciamento. Isso foi o que mais me marcou, porque senti-me muito à vontade, ao estar ao pé deles e sentir: OK, não sou do mundo deles, estou num compartimento diferente daquele que eles representam, mas ainda assim eles puxam-me, trazem-me para cá e fazem-me sentir em casa. Senti-me a trabalhar com os meus amigos de infância. 

Faz sentido, até porque certamente são referências que conheces (e bem) à distância há muito tempo. Muitas vezes temos a tal ideia de que é difícil chegar a certos nomes, porque obviamente nos EUA dificilmente se ouve tanto rap estrangeiro, sobretudo se não for em inglês. Mas sentes que isto é uma prova de que, no caso da lusofonia, essas pontes podem e devem ser feitas, porque existe a possibilidade e é apenas uma questão de trabalhar para que isso aconteça?

Isso! Foi um bom quebrar de gelo, porque o que era improvável acabou por se concretizar. Foi um grande feito para toda a lusofonia, mas não só, também para outros países que perceberam: existe a possibilidade de fazermos isto. Porque muita gente até ficou à espera que eu fizesse os meus versos em inglês. Mas eu pensei: primeiro estou a representar uma cultura, um país, um certo grupo de países, então preciso realmente de manter a minha postura original, que é a língua portuguesa. A interação com eles é que se tornou o ponto fundamental. Para eles foi: “espera aí, a gente consegue sentir a energia dos teus versos mas não conseguimos perceber o que estás a dizer!” OK, eu fiz a tradução, mas deu para sentir que existia a energia e foi isso que tornou tudo possível.

Já tinhas os teus versos gravados quando enviaste a proposta, certo? Eles é que se encaixaram nas músicas que já tinham uma base construída?

Sim, geralmente quando faço as participações, para evitar que haja uma colisão nas abordagens, busco ser um pouco mais flexível na composição e partilho-a com quem vou trabalhar. “Olha, aqui estão os meus 16 versos. Certamente que vou trocar uma ou outra coisa, mas a ideia é esta.” Portanto, mando os versos, mas também faço uma sinopse onde detalho um pouco mais do que é que trata a música. Acho que isso torna tudo muito mais simples. Porque nós podemos falar do mesmo tema de perspectivas bem diferentes e pode não coincidir. Agora, se nós temos uma sinopse a priori, vamos falar do mesmo tema e de uma forma complementar. E, afinal, o hip hop é um estilo musical que tem como uma das principais bases partilhar conhecimento.

Como disseste, é de facto um feito. Sentes que pode contribuir para inspirar outras pessoas que fazem música na lusofonia, ou até jovens artistas que estejam a dar os primeiros passos?

Sim, tenho a certeza disso, até porque muita gente me chama de rapper da motivação. Embora não concorde muito [risos]. Eu sou mais alguém que prega a disciplina, o foco e a determinação. A motivação apenas aparece como um ingrediente de turbo. Quando estamos lá, diante desses três elementos, ela simplesmente vai elevar-nos a um nível melhor. Mas se eles me compreendem como alguém que tem estes elementos e eu trago este feito, então sou a prova viva disto. Não estou a pregar nenhuma utopia, estou a pregar coisas que são realizáveis. Então foi muitíssimo bom, porque me tornei na tal prova viva, tornei-me num elemento que veio agregar o hip hop moçambicano lá para fora, e isso só veio dar uma dimensão diferenciada da história. Porque a história mudou. Estávamos habituados a um certo padrão, a uma dinâmica, de que íamos até “aqui” — daqui não se vai mais. Então quando aparece alguém que é visto como um rapper que prega a motivação, a necessidade de se ter uma crença de que tudo é possível, e ele chega e faz isto e muda uma história toda, ainda bem. Deus deu-me essa possibilidade de influenciar as pessoas que virão depois de mim. Porque elas saberão que há passos que já foram dados e é possível a gente ir um pouco mais além. Isso é uma mais-valia para todos nós.

E estávamos a falar do exemplo dos rappers norte-americanos porque é algo mais especial e diferenciador, mas obviamente também colaboraste com vários outros nomes de diferentes países neste primeiro volume do álbum. Inclusive o Mundo Segundo e o Fuse dos Dealema. São rappers que já ouves há muito tempo?

Eu oiço rap português desde os tempos do Submarino, acho que pelo ano 2000. Era meia-noite, eu tinha na altura 16 ou 17 anos, eu já os ouvia o Mundo, o Fuse, o Chullage, o Sam The Kid e muitas referências que até já nem estão tanto no ativo no hip hop português. Mas sempre tive um interesse em trabalhar com alguns dos que coloco no pedestal como as minhas referências.



E neste caso foi uma proposta semelhante, com o convite para eles entrarem numa música que já tinha uma base construída?

Sim, eu preparei o som, quando a Letela me disse que faria a ponte e que o Mundo e o Fuse estavam dispostos a trabalhar comigo. Mandei propostas de instrumentais, já tinha uma letra composta e daí concordámos qual seria o som, fiz uma gravação e enviei-o. Assim que fui ao Porto, fomos ao 2º Piso, quando lá cheguei o Mundo já tinha gravado, inclusive o refrão, o Fuse apenas gravou os seus versos e o Mundo fez lá uma pré-mistura e o trabalho saiu. Na semana seguinte fizemos o vídeo e para mim também foi um marco histórico.

E tens colaborações com outros nomes da lusofonia. Sentes que é possível e que falta criar uma comunidade lusófona um pouco mais próxima dentro do rap?

Acho que está mais do que na hora de começarmos a pensar numa estrutura internacional, com ramificações nacionais… Mas para isso todas as partes envolvidas precisam de fazer um trabalho bastante grande. Eu vivo num país onde sei que existe muito talento bruto. Tanto na produção como na composição, etc. Mas estas pessoas precisam de ser colocadas numa dimensão mais desafiadora, que é o nível internacional. E provavelmente se nos organizássemos numa espécie de entidade lusófona que tratasse do hip hop não tanto uma estrutura hierárquica ou uma autoridade, mas uma espécie de Zulu Nation que unisse a lusofonia acho que seria tão bom. Daria outro tipo de incentivo, uma vez que Moçambique é um país que não tem uma indústria musical bem assente. Isto é, as produtoras que cá existem são de pessoas que já foram rappers ou que têm alguma ligação e que trabalham com fundos próprios. O retorno não tem sido imediato, e isto desencoraja muito. Os rappers, os compositores, os produtores, acabam por também não se empenhar tanto, porque aquilo não funciona ao ponto de lhes colocar comida em casa. “Então vou primeiro correr para pagar o meu sustento, porque preciso de energia para me sentar ao computador e fazer melhor música”.

Sobre o segundo volume, também vai contar com participações desta dimensão?

A editora ainda está a fazer contactos. Prefiro não avançar nada de momento, uma vez que preservo muito o poder da criação [risos], vamos esperar. Quem sabe a gente consiga mais… É a mesma história do rapaz que vai confrontar o dragão. Eu acredito no trajeto, para mim o processo é este! No final veremos o que é que teremos lá.

Mas da tua parte, das tuas letras e dos temas que abordas, é uma continuação deste primeiro volume? Ou é diferente, por alguma razão?

É um pouco diferenciado. Melhor: em termos de conteúdo, estamos dentro do mesmo paradigma. Simplesmente há uma ou outra abordagem mais diferenciada e trago alguns elementos novos. Também trago uma dinâmica diferenciada em termos de instrumentais, mas a linha e a base mantêm-se.

Como é que tem sido o feedback em relação ao primeiro volume?

Tem sido muitíssimo positivo. Na verdade, superou as minhas expectativas, porque está a ser imediato. Geralmente, quando nós lançamos um álbum, as pessoas levam algum tempo a dar feedback… Desta vez está muito diferente. Como o disco foi primeiro para as plataformas digitais, há muita gente da Europa a ouvir. E os feedbacks são altamente positivos. As minhas redes sociais mostram isso. E a parte mais interessante é que cada pessoa vai falar de um certo tema, e vão ao detalhe. Faz-me ver realmente que elas ouviram o álbum e absorveram qualquer coisa. 

Estavas a comentar a questão do streaming, o mercado em Moçambique ainda está muito baseado nas edições físicas?

Sim, definitivamente. E os números provaram isso, porque no ranking de streaming dos países todos Moçambique está em último lugar [risos]. Chegam à música de outra forma. Deve-se ao facto de o Spotify ser algo “novo”. É comum entre artistas, mas nas massas ainda não tanto. Poderia ter seguido a tradição, ter feito uma venda de CDs e saberia qual seria o resultado. Mas preferi arriscar num caminho novo, ter um resultado novo, ainda que não fosse tão grande.


pub

Últimos da categoria: Entrevistas

RBTV

Últimos artigos