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Fotografia: Filipa Aurélio
Publicado a: 26/05/2022

A importância de abrir portas e mantê-las abertas para quem se segue.

Kebraku entra em Transe com a ajuda da Bantumen e da Seres Produções

Fotografia: Filipa Aurélio
Publicado a: 26/05/2022

Rafael Henrique Victório, também conhecido como Farofa, tem sido um elemento-chave na progressão cultural da cidade do Porto desde que se mudou de São Paulo em 2011. O seu percurso artístico na cidade foi motivado pela lacuna que sentia entre a sua realidade enquanto brasileiro e a forma como a sua cultura era vivida e experienciada pelos europeus. 

A falta de pessoas imigrantes nos espaços artísticos – especialmente na produção artística e de eventos culturais – e as dificuldades que enfrentou para poder concretizar as suas visões nestes espaços motivaram-no a criar a plataforma Kebraku. Esse espaço multifacetado tem como objetivo promover a inserção e integração e ser o elo entre artistas imigrantes não-europeus, os seus sonhos e o mercado cultural e das artes.

Farofa trabalhou nos últimos oito anos com o mercado artístico português e europeu enquanto imigrante brasileiro e, como tal, não pôde escapar às dificuldades, o etnocentrismo, o apagamento, o preconceito e a exclusão que assola muitos dos que se encontram na mesma situação que ele. Essa vivência levou-o, então, a criar uma plataforma que mapeasse, empoderasse e criasse oportunidades para que artistas imigrantes consigam construir a sua carreira, a sua autonomia e exercessem a sua cultura e arte em terras europeias.

A materialização da ideia desta plataforma passa também por fazer com que artistas imigrantes se sintam como um elemento essencial do panorama cultural do país onde residem e da comunidade criativa local. Desta forma, espera-se que o possam fazer sem tantas dificuldades, de forma transversal, criando e abrindo espaços para diálogos e críticas artísticas em conjunto com os locais. Assim, a Kebraku procura também a diversidade e conscientização da população europeia sobre lugar de fala, inteseccionalidade e igualdade.

Ao viver na Europa e a ver um mercado que cada vez mais lucra com a exploração de culturas não-europeias, ao mesmo tempo que não abre espaços para os artistas, curadores e programadores dessas culturas e arte estrangeiras, Farofa colocou-se várias questões:

– Será que não existem produtores estrangeiros e artistas estrangeiros que poderiam apresentar sua própria cultura e arte para os povos europeus? 

– Por que razão a música brasileira, africana e sul-americana é cada vez mais passada por artistas da Europa? 

– Como é que venues, espaços de programação, museus, discotecas, associações culturais possuem eventos de arte e cultura estrangeira produzidas e curadas somente por europeus? 

– Onde estão os imigrantes que trabalham com cultura, arte e música? E como podem ganhar voz, força e trabalho neste contexto? 

– Porque é que o mercado artístico é tão fechado?

Todas estas perguntas levaram Farofa à criação da Kebraku, que se (re)apresenta ao público no dia 28 deste mês através de uma nova oferta: a Transe, uma festa de música imigrante tocada por imigrantes, na qual toda a equipa artística, de produção, comunicação e curadoria é composta exclusivamente por imigrantes também – e será realizada a cada dois meses nos Maus Hábitos.

Esta primeira edição será produzida em conjunto com a Bantumen, revista online sobre a cultura negra com enfoque nos PALOP e na sua diáspora, que está a celebrar o seu sétimo aniversário, com direito a showcase da Seres Produções, editora angolana de DJ Satelite, que nos apresentará o afro-house vindo de Angola.


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