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Publicado a: 30/01/2017

Karla Campos (Lisboa Dance Festival): “Um festival de Inverno único”

Publicado a: 30/01/2017

[TEXTO] Alexandra Oliveira Matos [VÍDEO] Luís Almeida [FOTOS] Hélder White

 

Nos dias 10 e 11 de Março a LX Factory recebe a segunda edição do Lisboa Dance Festival e a pouco mais de um mês o cartaz está quase totalmente apresentado. Karla Campos, directora da Live Experiences, conhece bem os artistas que ajudou a escolher e não deixa de ressalvar que este é um festival que aconselha a “experimentar”. Pela fusão de estilos, pelos espaços, pelo cartaz.

Do universo do hip hop, Karla não deixa de destacar Holly Hood e Harold. De referir também a participação de Sam the Kid nas back 2 back, assim como Stereossauro. Nas Talks, da responsabilidade de Rui Miguel Abreu, vai haver conversa sobre “O Fenómeno do Hip Hop” com a participação de Ricardo Farinha e de Mike El Nite.

Junta-se o house, a electrónica, o techno e o hip hop em duas noites de concertos, conversas, aulas e até um mercado. Este ano num espaço maior, com 20 horas de música e, muito provavelmente, com mais festivaleiros.

 


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Quais são as expectativas para esta segunda edição de Lisboa Dance Festival?

Estão altas. É uma segunda edição que já nos leva com uma bagagem oleada, por isso são altas. Até porque houve uma evolução do festival do ano passado para este ano, quer ao nível dos artistas, da programação, salas que foram alteradas, trocadas, pelo estilo que eu já queria alterar do ano passado para este ano, as horas de música. Por isso há assim bastantes novidades que o festival vai apresentar.

Na primeira edição estiveram cerca de 9 mil pessoas. Este ano estará mais gente?

O volume de vendas até agora passa-nos essa sensação e a alteração no cartaz faz com que se alargue um bocadinho mais o público-alvo. Porque além de estarmos a falar para o público da electrónica, house, techno e também hip hop, incluo o hip hop porque isto é no fundo música urbana, a evolução este ano a evolução foi para bandas de música electrónica. É o exemplo de Hercules & Love Affair, Mount Kimbie, Jessy Lanza. São artistas de electrónica, mas em formato banda e pretende-se que estes artistas toquem mais cedo e por isso o público venha mais cedo e isto na realidade é um festival não é uma festa ou uma noite de programação num club. Por isso na primeira edição eu senti que passou um bocadinho essa noção de que a programação era mais de DJs de house, techno e também de hip hop e que por isso o foco das pessoas era vir muito mais tarde, mesmo pondo os artistas a tocar mais cedo as pessoas vieram muito tarde. A intenção, sendo isto um festival, é de que as pessoas aproveitem ao máximo. Desde as oito da noite quando toca a primeira banda ou o primeiro artista ou o primeiro DJ, até à hora de fecho do festival. E aproveitar mais o tempo e a experiência do cartaz e dos espaços do festival. Por isso o abranger a programação a outros estilos de electrónica, nomeadamente as bandas que têm muito mais audiência, mais fãs a seguirem-nos, fez com que também evoluíssemos na programação nesse sentido.

O hip hop também está mais presente.

Sim. Temos o Holly Hood, que é um artista de hip hop, de rap, que vai estar na sala principal. Portanto, é para nós muito importante e a programação está recheada de artistas de hip hop. Tens Corona, tens Harold. Também a sala de back 2 back vai ter alguns artistas de hip hop a cruzar com electrónica. Essa fusão é indissociável neste festival.

 


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Também nas Talks…

Um dos temas é o fenómeno do hip hop. Aliás, Rui Miguel Abreu é o curador das Talk do Lisboa Dance Festival por isso faria todo o sentido ele fazer parte desta equipa, porque é perfeitamente frequente as pessoas ouvirem electrónica, mas também ouvirem hip hop e vice-versa. Os próprios artistas estão a fazer colaborações uns com os outros nestes dois estilos. E estando estes dois estilos a conviver muito naquilo que o público está a ouvir, chamamos-lhe cultura urbana, estes dos estilos têm de conviver neste festival. Embora o dance music esteja muito ligado ao house, ao techno, mas tu danças hip hop e cada vez mais o hip hop está a enveredar por esse registo de ser dançável, de ser mais harmonioso. Talvez esta evolução do hip hop para um hip hop R&B e até com bandas de jazz. É o caso de Chance the Rapper com The Social Experiment. Este cruzamento, esta fusão é fundamental e por isso tem de estar presente no Lisboa Dance Festival.

Ainda em relação às Talks, as pessoas assistem e interessam-se?

O ano passado foi o primeiro, mas foi uma surpresa. Bastantes pessoas aderiram. É no horário das 15 às 20h e aderiu bastante gente, as salas estavam cheias. Nas Master Classes onde os artistas ou o convidado, neste caso a maior parte deles são artistas que vão mostrar as suas técnicas de masterizar ou de sampling ou de trabalhar com launchpad ou coisas do género, são eles próprios a mostrar como fazem a composição ou a produção dos seus trabalhos e isso foi extraordinário. De tal forma que achámos que o espaço que tínhamos era pequeno e passámos as Talks para dentro do mercado, no edifício da Fábrica L do Lx Factory, e vamos ter o Mercado e as Talks no mesmo espaço porque também é um espaço bastante maior. Vamos pôr as Master Classes no meio do mercado para conseguirmos receber mais as pessoas e todos poderem ter a oportunidade de entrar nas Talks.

Nota-se um crescimento do número de mulheres a participar no festival. É também por ser mulher?

Obviamente também, claro que sim. Mas a avaliação dos artistas, ou quando os procuro e os vejo, sejam homens sejam mulheres, é indiferente. Se eu identifico como interessante para o festival com certeza contrato. Vivemos numa sociedade em que a maior parte dos homens têm muito mais presença do que as mulheres. Por isso quando uma mulher aparece e faz bem e faz diferente chama muito mais à atenção porque é diferente, não é normal, não é habitual. Sendo eu obviamente uma mulher e vendo isso, claro que ainda fico mais orgulhosa por ter também um par meu que também se representa bem. Ou na imprensa, como é o caso da Isilda Sanches que vai estar comigo numa das Talks que se chama “Girl Power”. Ou a Sonja que vai estar também, que é uma compositora, produtora e DJ na electrónica e que é um exemplo de uma mulher que veio e venceu pela label que tem, pela produção que faz, pela composição que faz, por levar até já a novos públicos que é electrónica. Por isso, acho que é um misto das duas coisas. Realmente as mulheres estão cada vez mais a sobressair-se mais com os seus trabalhos, estão a dar-lhes a oportunidade, estão a dar-lhes valor e por isso acho que tem de estar inserido também no festival esse lado.

Porque é que as pessoas deviam ir ao Lisboa Dance Festival?

Eu acho que o Lisboa Dance festival é um festival de Inverno único. Que cai numa altura do ano em que estamos outra vez com vontade de voltar a ir para a rua, conviver com amigos durante dois dias, estar e saber que há ali uma programação. É um festival que aconselho vivamente a experimentar quem não foi, a voltar quem já foi. Este ano a programação é extraordinária, quer ao nível das bandas de electrónica como é Hercules and Love Affair, ou um dos grandes nomes da techno que é o Marcel Dettmann, ou um dos grandes nomes do hip hop português como é o Holly Hood ou a revelação do Harold ou Tokimonsta, que é aquela artista que eu sinto que tem mais a ver com este festival no sentido da fusão das duas músicas, a electrónica e o hip hop. Ela é uma artista que num slot toca techno, house, hip hop, mas de uma maneira que funde umas músicas e uns beats nos outros e que te dá uma experiência completamente diferente. É uma sonoridade nova e por isso também tinha que estar neste festival.

 


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