CD / Digital

Kara Konchar

Goth Partisan

Rotten \ Fresh

Texto de João Spencer

Publicado a: 20/12/2021

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A exploração da música electrónica por caminhos mais sombrios não é alheia a Miguel Béco de Almeida: já o sabíamos através do seu alter-ego anterior, com o qual editou seis discos de carga sonora poderosamente desconcertante. Porém, se a música de ATILA se definia por instrumentais dignos de agradar a qualquer fã de metal extremo e/ou de música industrial, Miguel Béco procura agora aumentar a parada enquanto Kara Konchar, construindo composições meticulosas que revelam os seus dotes enquanto arquitecto de produções ritmicamente musculadas, sem perder por um segundo o sentido de negritude que liga o trabalho dos dois pseudónimos em questão. 

Com Goth Partisan, o seu segundo disco, Kara Konchar alcança um nível de equilíbrio admirável entre as duas linguagens estéticas acima mencionadas: após o início ser dado pela introdução quase dark ambient de “Steppe Dub”, seguem-se “Diogenes Core” e “With Bacchanalic Abandon”, dois momentos de techno industrial sublime onde nem o tom apocalíptico aqui presente (e que condiz perfeitamente com o título do álbum) impede que nos deliciemos com os beats detalhados que chegam aos nossos ouvidos.

Uma vez assente o clima e o ritmo, este transita para composições consideravelmente mais progressivas, como podemos ouvir em “St. Vitus Jumpstyle” e “Theodora”, dissipando qualquer dúvida que pudesse residir acerca das sensibilidades de Miguel enquanto produtor aventureiro, onde a entrada e saída de cada camada mantém o tema refrescante e assegura a coesão do mesmo.

“Drums Of Cniva” e “Kozarčanka” encerram Goth Partisan como um compêndio da sonoridade que se faz notar por todo o trabalho, e a conclusão retirada é a de que o espírito gótico destes beats não lhes retira, de modo algum, a sua vivacidade: na verdade, é essencial para a sua afirmação. A música de Kara Konchar pode não transparecer alegria, mas é impossível não abanar o corpo ao ouvi-la.


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