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Publicado a: 14/04/2016

JP estreia-se a oferecer beats à pála

Publicado a: 14/04/2016

[FOTO] Direitos Reservados

O produtor da Linha de Sintra JP editou, no início de Abril, a sua primeira beat tape. Depois de alguns projectos e actuações enquanto MC – talvez o tenham visto como J-One – JP dedica-se agora à produção instrumental, com Beats à Pala Vol.1 a marcar a sua estreia. Uma beat tape – que pode ser descarregada aqui – de um universo marcadamente próximo dos clássicos boom bap que colecciona recortes de discos antigos, empoeirados, e de capas amareladas como herança da passagem do tempo.

“A beat tape é à base de sample, assim como o meu estilo de produção”, esclarece JP ao Rimas e Batidas. “Como tal, recorro a faixas dos anos 1960 e 70, principalmente de soul, funk e algum jazz.” Desafiamos o produtor a revelar-nos alguns nomes que samplou neste primeiro trabalho: “A parte mais difícil, ou pelo menos, a mais importante, é o diggin’. Por isso só vou revelar alguns artistas que são mais mainstream: Dionne Warwick, The Five Stairsteps e Minnie Riperton.”

Apesar do feeling vintage na escolha dos ambientes, JP não é um veterano. Hoje tem 21 anos e começou por fazer rap quando tinha “14 ou 15 anos”, ainda em Tomar. “Sempre fui inspirado pelo hip hop, principalmente tuga, o que me fez conhecer mais pessoal ligado à cultura na zona centro – que está a aparecer com rappers cada vez mais fortes. Mais tarde vim morar para Mem Martins e o clima da Linha de Sintra fez-me ganhar muito mais inspiração – um gajo respira hip-hop em qualquer sítio da Linha”, confessa.

Beats à Pala Vol.1 nasce do trabalho diário do produtor. “Tenho inspiração para produzir todos os dias, o que significa que tenho muitos instrumentais. Esta é uma maneira de divulgar o meu nome e, ao mesmo tempo, dar a possibilidade ao pessoal de rimar em beats originais sem parar.” Se a sonoridade deste trabalho é classic boom bap, que tanto pode servir para ter “MCs a cuspir letras por cima ou para ser ouvido sem voz”, a produção também é à moda antiga. JP confessa que, enquanto rapper, sempre se preocupou com os instrumentais. “Sacar beats do YouTube num a foi bem a minha cena. Peguei no PC e comecei a tentar ter algumas noções de produção. Mas nem isso quis mais: para mim a música não se faz no PC e, por isso, decidi investir na MPC. A partir daí, comecei a perceber a máquina e comecei a produzir beats.” Esta beat tape é o primeiro avanço de JP, mas há mais na calha, estando para sair, “entretanto”, o EP Chama-lhe o que quiseres.

 Sam The Kid é uma referência quase óbvia no trabalho se JP, sobretudo “a forma como encaixa os samples e trabalha toda a dinâmica da faixa”. “É incrível ver como podemos ser inspirados por tantos estilos diferentes, mesmo sem nos apercebermos”, diz-nos antes de voltar a falar da importância do meio que o rodeia em Mem Martins e das pessoas com quem convive: foram nomes como FSH e Raze, o primeiro por trabalhar com a MPC e o segundo por ser “muito forte em termos de originalidade”, que espicaçaram a vontade de JP se atirar com unhas e dentes à produção. “São os produtores locais que te fazem acreditar que é possível. Se tu vês que um gajo na tua zona está a produzir bem e a conseguir fazer algo com aquilo, também sentes que é possível.”

“Daqui para a frente”, o produtor tem muito interesse em produzir para rappers, e misturar esse trabalho com as suas produções pessoais, “para lançar mais volumes de beats para a rua”. Há muitos MCs em Portugal com quem JP gostava de poder trabalhar, mas sublinha a admiração por artistas da ‘LS’, casos de “Bispo e os GrogNation”. “Mas em relação a este projecto, espero ver pessoal da nova escola a pegar nesses beats.” Façam-lhe a vontade.


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