pub

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 16/02/2021

Uma figura incontornável da música latina.

Johnny Pacheco, fundador da Fania, morre aos 85 anos

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 16/02/2021

Johnny Pacheco, flautista dominicano que revolucionou a cena latina de Nova Iorque quando ajudou a fundar a influente editora Fania Records, faleceu ontem. O músico e director de orquestra contava 85 anos e estava hospitalizado em Nova Jérsia. As causas da sua morte não foram divulgadas.

Juan Azarias Pacheco Knipping nasceu em Santiago de Los Caballeros, na República Dominicana, em 1935. Os seus pais emigraram para os Estados Unidos em 1946, para escaparem à repressiva ditadura de Rafel Trujillo. Filho de um famoso director de orquestra, o jovem Juan Pacheco cedo demonstrou idêntico interesse na música aprendendo a tocar vários instrumentos, incluindo acordeão, flauta, violino, saxofone e clarinete. Além, claro, de percussão.

Foi como percussionista que deu os seus primeiros passos profissionais na música, ainda adolescente, quando começou a tocar em múltiplos ensembles. Em 1954 formou os Chuchulecos Boys com Eddie Palmieri, pianista que é outra referência incontornável do universo da música latina.



Depois de se cruzar com Charlie Palmieri, com quem formou uma banda em que tinha papel subalterno, a mítica charanga La Duboney, “la mejor en la USA”, em 1959, Pacheco decidiu afirmar-se como líder da sua própria banda. Nasceu aí Pacheco y su Charanga, grandes impulsionadores da pachanga, uma cena precursora da salsa que cruzava ritmos como o merengue e o cha-cha-cha. O seu primeiro álbum vendeu mais de 100 mil cópias e a sua charanga foi a primeira a apresentar-se no mítico Apollo Theater, no Harlem.

Esse sucesso deu-lhe a plataforma que necessitava para criar a Fania Records, o que aconteceu em 1963 quando assegurou o apoio de Jerry Masucci, um advogado que conhecia bem os meandros da indústria. A Fania tornar-se-ia fundamental na afirmação das carreiras de artistas como Willie Colon, Celia Cruz, Ruben Blades, Hector Lavoe, Larry Harlow, Ray Barretto ou Ralfi Pagan, a realeza da cena latina.

Pacheco era o A&R que desenvolvia talento na editora funcionando ainda como produtor e arranjador em muitos dos principais lançamentos da Fania. Conhecedor profundo das diferentes cadências latinas, Pacheco foi fundamental para a criação da salsa, uma cena musical em que os rimtos cubanos – guaracha, cha-cha-cha, mambo, son montuno – e os porto-riquenhos – plena e bomba, sobretudo – se cruzavam numa música de efervescente energia que alcançaria enorme sucesso.

Em 1968, Johnny Pacheco criou o supergrupo Fania All Stars em que tocavam muitas das estrelas da editora, uma verdadeira orquestra de gigantes que lançou vários álbuns ao vivo a partir de 1968 e que em 1972 foi central no filme Our Latin Thing, que documentou para a posteridade a particular vibração latina dos barrios de Nova Iorque. A banda continuou, com várias mutações, a gravar discos de estúdio e ao vivo até finais dos anos 90.

O próprio Johnny Pacheco conta uma discografia pessoal bastante dilatada (o Discogs lista-lhe 43 álbuns como líder e cerca de 260 enquanto arranjador ou produtor!!). O músico gravou com grandes nomes do jazz, como Kenny Burrell, Kai Winding, McCoy Tyner, Les McCann ou Johnny Lytle e George Benson.

Pacheco foi distinguido com uma condecoração pelo presidente da República Dominicana em 1996, foi igualmente agraciado pelas mais altas entidades da cidade de Nova Iorque e recebeu um lugar no International Latin Music Hall of Fame. Em 2005 recebeu um Grammy Latino pelo conjunto da sua carreira.

Pioneiro e promotor incansável da cultura latina, Johnny Pacheco mereceu várias homenagens após a divulgação da notícia da sua morte, incluindo da Latin Recording Academy que escreveu, em comunicado: “Johnny Pacheco foi um criativo compositor, arranjador, líder de orquestra e produtor, além de ser um músico dotado e um charme em palco… Pacheco é unanimemente reconhecido como um dos ‘pais da salsa’. Durante a sua carreira de muitas décadas trabalhou com alguns dos mais proeminentes artistas de salsa, incluindo Celia Cruz, Willie Colón, Héctor Lavoe, Rubén Blades, Cheo Feliciano e Pete ‘El Conde’ Rodríguez. … Johnny Pacheco deixará muitas saudades, mas a sua música e legado viverão para sempre e continuarão a inspirar criadores por todo o mundo”.


pub

Últimos da categoria: Curtas

RBTV

Últimos artigos