pub

Publicado a: 07/03/2017

João Tamura sobre “7 de Março”: “É, de certeza, a canção mais auto-biográfica que lanço em muito tempo”

Publicado a: 07/03/2017

[FOTO] Direitos Reservados

“7 de Março” é o novo tema solto de João Tamura com a produção de Holly, colaborador habitual. O single é mais uma prova da sensibilidade poética do artista lisboeta.

“Nasci no ano errado, na parte errada da cidade,/a avó e a doença dela são gritos no quarto ao lado./ e eu quero dormir, mas nestas carcaças não cabem pássaros,/ é a fugir ou a tremer que as mãos dela agarram maços./ … e ela sopra a morte aos poucos,/ naquele fumo branco que invade o mundo e me deixa rouco./ os gestos são dos loucos. /os lábios seda gasta./ o pouco na mesa não basta: a pobreza que chega e te afasta,/ e te mata…”. A escrita de Tamura é um jogo de palavras constante e a beleza dos adornos torna poético cada verso seu. Em “7 de Março”, o artista parece largar a “máscara” e colocar-se de frente para o ouvinte. “É, de certeza, a canção mais auto-biográfica que lanço em muito tempo”, confessa em conversa com o ReB.

A palavra “errado” é repescada várias vezes na canção e aponta para um sentimento negativo, um incómodo na mente do artista. Tamura conta-nos tudo: “7 de Março sempre foi um dia agridoce – um dia que me divide. É, para mim, o maior marco da passagem do tempo, da chegada do envelhecer. Isso é algo que me assusta, claro, o passar do tempo. É algo sobre o qual diversas vezes escrevo e a canção é, em parte, sobre esse passar do tempo e sobre o medo que dele tenho.”

Depois de produzir um EP na íntegra para o artista, Holly volta a ser o dono da produção neste momento e o beat encaixa que nem uma luva no que é pedido. “Qualquer trabalho com o Holly é um trabalho conjunto. Continua a ser o produtor que melhor me compreende e melhor compreende o meu universo. É também aquele que melhor nele encaixa. É a pessoa para quem me viro quando preciso de criar”, revela João Tamura sobre a relação artística que continua a dar frutos.

Apesar de continuar a largar música cá para fora com alguma regularidade, um trabalho mais longo a solo ainda não é uma necessidade. Quem o diz é o próprio: “Quando tiver mais tempo, mais paciência e menos dores de cabeça. Continuo a escrever e a criar por necessidade mas, no entanto, a necessidade de criar algo mais extenso ainda não surgiu. Por enquanto, vou-me mantendo pelos meus poemas curtos, e que, de tempos a tempos, solto cá para fora. Pode ser que – e sem algum tipo de promessa – me debruce sobre algo mais extenso e completo, e faça um disco, quem sabe.”

 


pub

Últimos da categoria: Curtas

RBTV

Últimos artigos