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Fotografia: Beatriz Santos
Publicado a: 11/02/2020

O rapper falou sobre os 10 anos de carreira, o novo álbum, o seu primeiro Coliseu em nome próprio, a independência de um artista e o Festival da Canção.

Jimmy P: “Tentei quebrar algumas barreiras e ir buscar o que a língua portuguesa representa no Abensonhado

Fotografia: Beatriz Santos
Publicado a: 11/02/2020
Nos últimos anos, Jimmy P cimentou o seu nome como um dos mais radio-friendly que o hip hop português viu nascer, recorrendo a um híbrido de rap e r&b (que ultimamente ganhou ainda outros “condimentos” vindos de África) e uma facilidade para criar “coisas melódicas e orelhudas”. No entanto, e por muito que os hits o possam introduzir a novas pessoas e novos públicos, a verdade é que começou a rimar há 16 anos, em francês e no primeiro álbum dos Expensive Soul, B.I.. Um ano depois integrava os Crewcial e, com eles, lançou o disco que colocaria, pela primeira vez, o seu nome na árvore genealógica do hip hop nacional. Agora, em 2020, Joel Plácido reforça que é um artista 100% independente, facto que se manifesta até na produção do seu mais ambicioso concerto em nome próprio, que irá acontecer num Coliseu que sempre sonhou fazer, forma de celebrar de 10 anos de carreira. A isso há ainda que somar uma participação no Festival da Canção (e faz questão de frisar que vê com bons olhos a adição do género em que se move ao leque de propostas festivaleiras) e um novo álbum, Abensonhado, que conta com participações de nomes como Filipe Ret, Gson, Deejay Telio ou Nelson Freitas.

Vais dar um concerto em que celebras 10 anos de carreira, mas o teu primeiro registo tem muito mais que 10 anos e foi, curiosamente, em francês, no “Dá-me o Groove“, tema do primeiro álbum dos Expensive Soul. O que eu queria saber é quando é que tu escreveste a tua primeira rima, e se foi em português ou em francês. Eu comecei a escrever quando vim viver para Portugal, em 2000 ou 2001, mas só em francês porque, apesar de falar sempre em português em casa, a minha alfabetização foi em francês. Por isso quando me juntei aos Crewcial fazia muita coisa em francês, e cheguei a fazer alguns concertos, mas era estranho. Eu ia cantar e o pessoal não percebia nada do que eu dizia. Após ter sentido isso incumbi-me essa missão de escrever em português. Demorou algum tempo, mas há de ter sido em 2001, 2002… por aí. A tua primeira experiência numa música editada e divulgada foi, então, com os Expensive Soul. Foi com eles, sim, estava com o meu grupo e fizemos um concerto numa escola em Leça da Palmeira, por trás da casa do Tiago [New Max]. Eles viram, curtiram da cena de um gajo, meio atrevido, que cantava em francês e tal, e convidaram-me para entrar no álbum deles. Foi a primeira experiência que eu tive de entrar num estúdio com um grupo que já era minimamente profissional. Tentaste “vender-te”, ou seja, fazer uma carreira, como rapper francófono? Nunca. Aliás, isso só passou a ser um assunto recentemente. Porque, tendo em conta o mercado da francofonia, e algumas pessoas da indústria sabendo que eu falo fluentemente, convidaram-me para fazer um projecto em francês mas, nesta altura, isso é uma coisa que já nem faz muito sentido para mim. Eu não consigo escrever criativamente em francês. Agora está ao contrário, consigo fazer coisas, mas não coisas que sejam boas ao ponto de serem editadas, de que me possa orgulhar e que sejam artisticamente interessantes.  O teu primeiro projecto foi com os Crewcial. Na altura já rimavas em duas línguas… Com eles já só fazia em português… Não, mentira. Tenho umas coisas ainda em francês nesse álbum [Ombuto], mas maioritariamente já em português. Crewcial só faz um álbum e, entretanto, dali à tua primeira mixtape (Momento Da Verdade) foram sete anos, se não estou em erro. Ainda foi um pedaço, é verdade.  Sei que como Supremo-G gravaste umas quantas músicas, mas o que é que andaste a fazer durante os sete anos? Nessa altura estava a estudar, a trabalhar e a música era uma actividade paralela. Não conseguia consagrar toda a minha energia só a fazer música, mas nunca deixei de fazer e até fazia concertos lá na zona do Porto. Cheguei a vir a Lisboa à Galeria Zé dos Bois, na altura com a Capicua, com o Deau, entre outros. Tínhamos um formato que levámos a vários sítios porque estávamos no mesmo grupo de amigos e sempre juntos, e cheguei a fazer ainda algumas coisas com eles, mas era tudo residual. Não estava 100% dedicado a isso. Estava a tirar o meu curso e a trabalhar, então não podia fazer música.  Já estabelecemos que tens muito mais que 10 anos na música, mas agora celebras 10 anos com este álbum e um grande concerto que vais fazer no final de Fevereiro, no dia 22. Qual é o marco que queres assinalar com estes 10 anos? A partir de onde é que estás a contar? Eu começo a contar a partir do dia em que recebi o meu primeiro cachet a sério, quando efectivamente comecei a viver da música. Foi num show que fiz num bar pequeno na Maia, a Tertúlia Castelense. Foi a primeira vez que recebi um cachet minimamente considerável e aceitável. Foi quando comecei a viver da música e a dedicar-me inteiramente a isto. Ainda como Supremo-G? Estava na transição. Também gostava de abordar isso. Porquê a ideia de mudar para Jimmy P? O que aconteceu? Isto coincidiu mais ou menos com uma altura em que, não sei se tu sabes, tive um acidente, há 10 anos. Estive hospitalizado durante imenso tempo, [mas] resumindo: quando saí do hospital foi quando decidi que queria dedicar-me só à música, e para mim foi um bocado como nascer de novo. Foi recomeçar do zero, percebes? Achei que tinha de recomeçar do zero a todos os níveis. Mudei coisas na minha vida, mudei o círculo de pessoas que tinha à minha volta. Quis deixar essa parte do Supremo-G para trás, até porque isso estava associado a algumas coisas e acontecimentos que não eram propriamente positivos e muitas pessoas já me conheciam como Jimmy e já me chamavam assim.  Que tipo de acontecimentos estás a falar? Para te contextualizar, o Porto sempre foi um bocado diferente de Lisboa em relação aos aspectos estéticos do hip hop, que era talvez mais aberto e multicultural. Nesse sentido, o Porto sempre foi mais conservador e fechado. Durante essa fase tive alguma dificuldade em provar às pessoas que também merecia o respeito daquele público. Mas como a minha música era diferente e, talvez, mais próxima do que se fazia em Lisboa, tinha essa vontade absoluta de mostrar que pertencia e de pedir aceitação. Isso gerou alguns conflitos e confusões que não são interessantes nem benéficas para a música.  Daí dizer que queria deixar tudo para trás e começar de novo ao abrigo de um novo nome e identidade. Seguir o meu caminho a partir daí.

Entretanto, a marca cresceu e Jimmy P é um nome bastante reconhecido em Portugal. Quando as pessoas ouvem falar em Jimmy P, quando vão a um concerto do Jimmy P ou quando vão ouvir o novo álbum do Jimmy P, esperam alguma coisa. Sentes que isso alguma vez influenciou aquilo que tu fazias? Se deixaste coisas por editar porque não correspondiam às expectativas, ou tu fazes aquilo que queres fazer, como queres fazer, sempre? Graças a Deus acho que sim. Se acompanhas isto tudo deves saber que há uns anos a discussão de seres um artista mainstream foi tabu no meio da comunidade. O pessoal via-te como um outsider com a dica de “estar a vender a música dele” porque é mais audível e mais pop do que seria a estética padrão. Isso para mim nunca foi assunto porque eu sempre gostei de fazer coisas melódicas e orelhudas — desde sempre, mesmo antes de assumir o nome Jimmy P. Nunca deixei de fazer o que queria fazer, as pessoas podem é ter a percepção de que pode ser um pouco diferente. Os meus álbuns sempre foram bastante musicais, com refrões bastante orelhudos que eu faço questão de ter e gosto mesmo, mas nunca me inibi de fazer o que quer que seja com receio do que as pessoas possam achar. Acho mesmo que grande parte das coisas que consegui vêm daí e, se calhar, até vejo a coisa ao contrário: enquanto a maior parte dos artistas estavam ocupados em lançar a imagem de que eram underground, eu sempre assumi a ideia de querer fazer música transversal. Essa é a estética que eu gosto.  Mas, e corrige-me se estiver errado, tu ainda hoje és independente. Não estás associado a nenhuma editora.  Sou 100% independente.  Lá está, seria de esperar que, com essa postura, alinhasses com uma major…  Se há gajo que é underground sou eu. A verdade é mesmo essa [risos]. Eu só fiz um álbum com uma editora, a Valentim de Carvalho, que nem é propriamente uma major Mas que sempre deu ouvidos ao hip hop… Sempre demonstraram abertura ao nosso género, sim. De resto o meu percurso sempre foi independente. Esse foi o único momento da minha carreira em que me vinculei a uma editora e em que lancei algo ao abrigo de uma. De resto, foi tudo como independente. Estive dois anos com a Valentim de Carvalho.  Antes de entrarmos no Abensonhado, gostava de recuar um bocadinho e voltar à questão do francês e da música francófona. É um mercado em ascensão, a música francófona está a crescer no mundo inteiro. A lusofonia também… Tinhas-me dito que mão querias escrever em francês e que já não era tão fácil assim para ti. E no futuro? Alguma colaboração francesa interessante? Muitos dos meus amigos de infância e adolescência ainda estão em Paris e ainda me relaciono com eles. Vou lá mesmo só para estar com eles. Há lá pessoas do nosso círculo que já me puseram em contacto com pessoal de lá. Para mim as coisas têm que fazer sentido — é impossível fazer uma coisa com um artista de lá só porque sim e porque vai bater. Nunca o faria com esse propósito porque acredito que tem que haver uma energia e uma empatia entre os artistas. Até agora nunca senti isso com nenhum artista de lá que conheci. Não digo que não venha a acontecer, até porque é relativamente fácil de fazer acontecer, mas enquanto não tenha uma empatia e um interesse real de ambas as partes, dificilmente isso acontecerá. Neste teu novo álbum, o Abensonhado, tens muitos convidados: O Fernando Daniel, o Deejay Telio, Carolina Deslandes, Gson, Filipe Ret, Djodje e Nelson Freitas. São colaborações para todos os gostos. É esse o teu critério, haver uma ligação pessoal com cada um deles? Acho que isso é quase obrigatório. Digo quase e vou-te já explicar porquê: Eu colaborei com o Filipe Ret, do Brasil, um artista que eu acompanho há anos e eu não o conheço pessoalmente. Hoje em dia temos o contacto um do outro e vamos falando, mas não o conheço pessoalmente. Aí foi uma questão artística. Eu disse-lhe, “olha, sou um fã do teu trabalho, gostava de colaborar contigo”, ele foi pesquisar, ouvir umas coisas e gostou. Houve uma empatia artística neste caso, mais do que pessoal até. Nos outros casos são artistas que eu já conheço. É uma relação que é prévia e que facilita porque estares em estúdio com pessoas com quem tens essa ligação, essa empatia, essa energia é boa e toda a gente tem o mesmo propósito — engrandecer a música. Acho que o resultado final acaba por ser sempre bom. E é fácil isso para ti pegares num artista como o Djodje ou o Nelson Freitas, que vêm de géneros diferentes, e misturares, apoiado na amizade, isto na tua música? Eu acho que acima de tudo, e apesar de praticarmos géneros diferentes, há uma coisa que nos une a todos que é a língua. Depois, nós temos todos um background cultural muito semelhante, todos crescemos a ouvir o mesmo tipo de música. Da mesma forma que eu cresci a ouvir kizomba, e não só, música da lusofonia em geral, eles também cresceram a ouvir hip hop e r&b. Independentemente de não praticarmos o mesmo género há muitas coisas que nos ligam, por isso não torna isto de todo difícil. Na verdade, é muito mais fácil do que parece. Este teu disco reflecte isso? É uma reflexão do que escutaste ao crescer? Sim, agora mais do que nunca. Eu tentei fazer isto nos outros três discos e não consegui, e hoje em dia vou ouvir, e sei em que músicas o tentei fazer, e se calhar há coisas que saíram um bocado tortas e não tão bem como aqui porque não tinha a maturidade artística que tenho agora.. … nem talvez o apoio de pessoas que trabalham diariamente com estes género. Exactamente, aí entram essas pessoas e acho que o facto de haver essa presença, não só dos artistas visíveis que colaboram, mas também dos músicos! Tens músicos que vêm de outros registos e que tocaram, neste álbum, guitarra, sopros e cordas, que também enriquecem o disco. E todos eles trazem esse input, o que faz com que seja um disco mais ecléctico.

Falas muitos dos músicos nas outras entrevistas que li sobre o álbum. Foram uma parte fulcral?  Foi fundamental. Partir de onde eu venho, uma base digital, e fazer a pós-produção por cima dessas bases, ou esvaziar essas bases e meter músicos por cima… Epá, tens músicos incríveis, o Dodas Spencer, um guitarrista fora de série que toca com o Djodje, o Richie Campbell, o Deejay Telio também. Nos sopros é um pessoal que toca com os Expensive Soul, é tudo músicos incríveis. No fundo estiveram connosco em estúdio, e estás ali com nove pessoas, e está tudo a acrescentar coisas à música. Isso faz com que a música seja mais rica, não seja só um beat e uma voz em cima. Assim tem arranjos e coisas que não consegues detectar numa primeira audição, precisas de se calhar duas ou três. Portanto, o Abensonhado marca 10 anos de carreira e, talvez por outras razões, ele parece ter algo de especial para ti. O que é que este disco traz de novo? Acho que é um upgrade em muitos sentidos. Para começar, musicalmente como acabámos de falar, sem querer menosprezar os meus trabalhos passados, mas acho que este está uns furos valentes acima dos outros. Depois, sinto que tentei quebrar algumas barreiras e ir buscar quase tudo o que a língua portuguesa representa. Eu tentei, mas não consegui ter todos os países de língua portuguesa presentes aqui. Só não consegui ter a Guiné-Bissau e São Tomé. De resto, tens Moçambique através do Mia Couto, tens Brasil através do Filipe Ret, Cabo Verde com o Nelson Freitas e com o Djodje, mas também com a Kady, que faz umas vozes. Tens Portugal também, que estamos todos sediados aqui e falamos português, e Angola, onde eu e o Telio temos as nossas raízes.  Acho que consegui fazer isto de forma visível, deixei-o bem presente sem nunca me esquecer das minhas raízes numa altura em que é muito mais difícil tu separares todas estas formas de expressão desta música urbana. Para nós, a kizomba é música urbana, e no hip hop sempre houve aquele preconceito para com rappers que fazem música com pessoal da kizomba – algo que sempre me fez muita confusão quando grande parte dos rappers têm ascendência dos PALOPS e sempre cresceram a ouvir isto em casa, mas de repente começam a dizer que não é fixe um rapper fazer sons com um kizombeiro. Essas merdas fazem-me muita confusão, e não deixa de ser uma forma de  preconceito. Portanto, eu quis deixar bem visível que são as minhas raízes e eu não tenho que me envergonhar dessa cena. Se é legítimo para alguém fazer um feat. ou ir buscar um sample de fado ou de música tradicional portuguesa, tem que ser legítimo para mim ir buscar artistas que fazem kizomba, porque isso faz parte das minhas raízes.  Nesta questão da lusofonia, até agora o principal elo seria a língua, naturalmente, mas sobretudo a literatura, onde tu até evocas o Mia Couto. Achas que a música pode “roubar” este papel e até superá-lo? Acho que sim, e mais do que nunca. Eu estou a viver essa experiência  na primeira pessoa. Há cerca de dois ou três anos que tenho tido a oportunidade de tocar fora do país, por exemplo ir às comunidades, ao Luxembrugo, à Suíça… e chegar a sítios onde tens uma comunidade e actuas os teus sons como se estivesses a actuar em Portugal, que é um feeling incrível.  Estive recentemente em Cabo Verde com o Djodje, nunca tinha actuado lá e saber como é que as pessoas noutro país, onde a cultura é diferente, a forma como recebem a música e saberes que lá também ouvem aquilo que estamos a fazer, tu percebes que realmente  essa barreira deixa de existir aos poucos. O facto de, por exemplo, no Brasil sabemos que há pessoas a ouvir o que se faz de rap é Portugal é brutal, porque antes não haveria tanta abertura para as pessoas de lá ouvirem a música daqui. Tens malta lá a fazer reacts a sons que saem aqui… Acho que tudo isso indica que cada vez mais há uma globalização real no que diz respeito à lusofonia. Acho brutal aquilo que os latinos como o  Ozuna, o J Balvin e o Bad Bunny fazem. Aquilo são cinco ou seis gajos que são grandes, juntam-se e isso cria um movimento cultural — o que lhes dá uma certa autoridade. Isso é a única coisa que nos falta para já, porque ainda não conseguimos criar esse movimento. Ele está a começar a acontecer, mas ainda não está lá. Nós estamos a tentar fazer isso nos bastidores.  Achas que falta um lobby de rappers lusófonos que que espalhe a mensagem por aí… Acho que já aconteceu, mas foram coisas de momentos e residuais. Agora, se forem muitas coisas a acontecer ao mesmo tempo, isso cria um movimento cultural. Eu vejo isto um bocado além do rap, na perspectiva da língua. Acho que temos mais a ganhar por aí, e não se entrarmos numa questão do género musical. No meio disto tudo, a faixa “Abensonhado” está no Festival da Canção. Como é que isto aconteceu? Foi-me feito um convite por parte da RTP há uns meses para ser um artista-intérprete. O que eu sugeri, juntamente com a minha equipa, foi ser intérprete e compositor da faixa. Porque normalmente faz-se essa distinção no Festival, eles gostam de fazer pares… Exactamente. Para mim, tendo em conta que eu não produzo, efectivamente, mas faço a produção-executiva dos meus sons, fazia sentido ser eu a produzir executivamente a faixa, juntamente com o SUAVEYOUKNOW. Ele fez a base e tudo o resto foi feito com músicos, um coro de gospel e tudo mais. Já que eles queriam um artista que faz rap, nós sugerimos ter um artista que faz assumidamente rap, e não uma música que seja uma canção como é habitual. Eles concordaram, acharam que era interessante artisticamente porque não deixa de ser uma coisa disruptiva, tendo em conta o ADN do Festival. Que parece estar a diversificar-se um pouco, não é? Esta edição já conta com Throes + The Shine, Blasted Mechanism, Dino D’Santiago… E é de louvar essa iniciativa de dar um refresh no festival para dar a abertura de ter outros géneros e artistas a participar com vários estilos de música, porque tu tens várias formas de música urbana representadas lá. Para mim, como artista, é um motivo de orgulho e uma forma de reconhecimento. Acho que para já a música tem tido um feedback brutal, porque está entre as quatro mais ouvidas de todas as que foram escolhidas. Mas isto é um precedente bacano, porque no futuro podem aparecer mais artistas ligado ao rap a participar. Para fechar, gostava de falar um bocadinho do teu espectáculo no dia 22 de Fevereiro. O que podemos esperar? Já percebi que vai ser em grande. Obviamente que sempre tive o objectivo de fazer um Coliseu — ou dois — mas neste caso vou fazer um. Isto é uma iniciativa totalmente independente. Eu sempre disse à minha equipa que, no dia em que eu fizer um Coliseu, não quero que seja nenhuma produtora a contactar-me, temos de ser nós a fazer tudo e a controlar o processo todo — a nossa equipa. Por isso, isto é um investimento totalmente nosso, e queríamos passar a mensagem de que isto depende exclusivamente de nós e das pessoas. Queremos passar a ideia de autonomia e que não tens de te associar a uma empresa grande ou a uma multinacional para fazeres um evento desta magnitude. E para ser uma celebração, falando de ser uma carreira de 10 anos e maioritariamente independente, tinha que culminar numa iniciativa e num evento também ele independente em todas as formas. Depois, é um concerto que vai acontecer apenas e só naquele sítio, naquele dia. Não é nada que possas voltar a ver numa tour, num festival ou num concerto de município. Não, vai ser só ali. Estou a montar o espectáculo desde Outubro. Os conteúdos, a parte visual, o desenho do palco, toda a experiência sensorial que vais ter no concerto será totalmente diferente de ires a um festival. É uma oportunidade para revisitar os meus discos todos, temas que nunca faço ao vivo, temas que não são obrigatoriamente singles. E é um bocado o percorrer estes anos todos de carreira com os meus fãs mais antigos e mais recentes, essa massa toda de pessoas que me acompanha, e é uma oportunidade também de partilhar o palco com artistas que admiro e pessoal com quem já colaborei.  Vai ser um bocado um desfile de convidados. A primeira parte eu faço-a totalmente sozinho, depois a segunda é quando entra o pessoal, uns atrás dos outros. Podemos esperar convidados deste álbum, mas também de álbuns anteriores? Sim, eu tentei ter toda a gente com quem colaborei. São muitos, mas é impossível com agendas e compromissos. Era impossível conseguir levar toda a gente, mas vou conseguir levar uma grande parte deles. Os mais importantes estão lá todos. Gostava só de levar o Filipe Ret, que não vai lá estar, e chegámos a falar, mas isto calha numa altura em que ele tem muitos shows no Brasil e não podia abdicar de uma ou duas semanas para vir ensaiar e fazer o show. Vou ter a Carolina Deslandes, o Nelson Freitas e o Djodje, o Phoenix RDC, vou ter o Loreta também, Wet Bed Gang e depois o Gson sozinho.

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