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Publicado a: 06/07/2017

Jessy Lanza no NOS Alive: a voz que ecoa

Publicado a: 06/07/2017

[TEXTO] Rui Miguel Abreu [FOTOS] Sara Coelho

Em cima do Palco NOS Clubbing, Jessy Lanza começa por parecer uma figura demasiado solitária para tão grande área, mas depressa se percebe que a força que ela projecta é suficiente para preencher todos os espaços disponíveis. É que no seu personalizado híbrido de r&b e electrónica de toada techno house, de disco e synth pop, pressentem-se muitos fantasmas: dos Suicide de Martin Rev e Alan Vega, para começar – Lanza parece combinar as duas míticas figuras nova-iorquinas num só corpo moderno, manipulando as máquinas e inundando a sua própria voz de efeitos, sobretudo de reverb e delay, de uma forma que faz pensar no já desaparecido velho punk de “Cheree” e “Frankie Teardrop”.

 


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Nova Iorque parece mesmo ser o epicentro espiritual do som de Lanza que também traz ao presente o espectro de Arthur Russell – na sua fragilidade etérea altamente processada com efeitos – e, claro, a rica tradição disco do arranque dos anos 80 que se foi transmutando em new jack swing pelas experiências que Jimmy Jam e Terry Lewis operaram com Janet Jackson e, mais tarde, pela mutação hip hop / r&b conduzida por Timbaland com Aaliyah. Tudo isso se pressente em Jessy Lanza, mas apenas porque a sua música é rica em pistas e referências, o que só atesta da sua vitalidade e, por paradoxal que possa parecer, da sua originalidade.

Os dois álbuns que lançou na Hyperdub, sobretudo Oh No, do ano passado, estão representados neste set que passa pelo tema título, “It Means I Love You” ou “VV Violence”. Tudo muito processado, recortado em tempo real, e sentido em directo por uma Jessy que dança e projecta nos ecrãs grafismos psicadélicos e o que parecem detritos visuais das redes sociais.

Importante mencionar que Jessy Lanza é uma das poucas presenças femininas neste palco (Pega Monstro, que aí se apresentarão amanhã, são farinha doutro saco estético, mas são igualmente as outras solitárias representantes de um género que parece sub-representado no cartaz mais electrónico deste festival…), problema que carece de resolução futura. Há mais “Jessys” por aí…

 


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