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Publicado a: 15/03/2017

IVVVO: “Há mais tensão em Good, Bad, Baby, Horny que nos meus discos anteriores”

Publicado a: 15/03/2017

[TEXTO] Ricardo Miguel Vieira [FOTO] Direitos Reservados

Good, Bad, Baby, Horny, o mais recente EP do produtor portuense IVVVO, é um trabalho assumidamente egocêntrico. “A música que escrevi no último ano foi mais reflexo daquilo que me rodeia e sinto do que uma tentativa para encontrar uma fórmula funcional para quem ouve.” Editado em formato 12’’ na londrina Halcyon Veil (Abyss X, Angel Ho), GBBH são quatro faixas de composição rave que transpiram inquietação sem nunca perder o seu objectivo integrador – o de puxar o ouvinte para um abismo de batidas que traduzem emoções como “amor, sexualidade, raiva e dor”. “Quero envolver as pessoas num sentimento comum.”

Na verdade, as criações de IVVVO têm em comum uma aura perceptivelmente humana, elemento que sobressai no novo disco depois de uma assumida mudança de rumo nas composições. “[Neste EP] há uma menor preocupação no formato óbvio da música para clube, para abrir espaço para uma maior tensão, algo diferente do que fiz nos meus discos anteriores.”

 



Noutro registo, os nomes das faixas – entre estas “Self Rape” e “Fucked It Up” – também são guias explícitos das emoções que inspiram IVVVO. “Os títulos são importantes, fortes e directos e mal interpretados muitas vezes. Mas não faz sentido para mim de outra maneira. Não há mensagens subliminares, é o que é.”

Enquanto compilação introspectiva, Good, Bad, Baby, Horny é um expositor das angústias e ansiedades de IVVVO. Nas palavras do produtor residente em Londres, estas também assolam toda uma geração que se encontra mergulhada numa série de mutações sociais e económicas globais que prolongam um já de si ‘interminável’ período de incerteza, insegurança e frustração. “É sem dúvida um trabalho de healing, [de cura]. Para mim funcionou como terapia e revejo toda uma geração global no mesmo que sinto. O EP é consequência disso. Sentimentos deixam as pessoas vulneráveis, mas em contrapartida é libertador.”

Neste campo de forças, exteriores e interiores, o carácter solitário do processo de produção de IVVVO também exerceu particular influência. “O isolamento dá-me espaço para pensar, no bom e no mau. É aí que escrever música é tão importante para mim, ajuda-me a encontrar um balanço. Mas não sinto com isso qualquer peso, gosto da solidão.”

De certo modo o equilíbrio em Good, Bad, Baby, Horny, explica IVVVO, encontra-se no carácter saudosista presente nas faixas. Emerge de uma direcção sónica que pretende regressar a um passado imaginado, de invocação da cultura rave e do seu espírito catártico. “Os trabalhos anteriores foram fortemente influenciados por essa nostalgia, que na verdade nunca foi minha. É que nunca estive numa rave nos anos 1990, mas vivi essa fantasia. Em GBBH usei elementos que remetem para essa década de uma maneira enevoada, nunca com uma intenção de comparação, mas mais como um teor estético. Mas talvez, inconscientemente, tenha usado essa libertação como saudade face aos tempos que correm.”

Good, Bad, Baby, Horny encontra-se disponível nos formatos digitais e 12’’ na Boomkat. A prensagem é limitada a 300 cópias.

 

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