Depois de ter sido um dos artistas mais ouvidos em Portugal no ano passado, Ivandro apresenta-nos finalmente o seu primeiro longa-duração. Com 21 temas, e uma vasta lista de colaborações nacionais e internacionais, o álbum tem vindo a ser trabalhado desde que o artista se juntou à Mentalidade Free, de Bispo, mas a pandemia, as voltas da vida e a paternidade (que se avizinha) ditaram que saísse cá para fora apenas agora.
Como não podia deixar de ser, o Rimas e Batidas foi até aos escritórios da Universal para descortinar as intenções por trás do primeiro grande projeto a solo de Ivandro, e explorar alguns conceitos e tendências da música nacional. Pelo caminho, exploramos as histórias dos bastidores que fazem de Trovador um dos discos a ouvir no início de 2024.
Antes de mais, muitos parabéns. Sei que vais ser pai dentro em breve. Gostava de começar por te perguntar se isso influenciou de alguma forma este álbum.
Obrigado. Na verdade, nem por isso, porque já tinha tudo preparado. A única influência que teve foi para decidir quando ia lançar o álbum, porque queria que acontecesse antes do nascimento da bebé para depois me poder dedicar a ela.
Vou continuar a dar-te os parabéns, foste um dos artistas mais ouvidos de 2023 em Portugal, e isto coloca-nos uma questão muito curiosa: tu chegas aos tops antes de teres um álbum editado. Para alguém que já alcançou este tipo de métricas e nem sequer tem um álbum, o que é que um álbum vem acrescentar?
Acho que é sentires que estás a fazer o mesmo que os teus ídolos. Acho que faz parte, todos os artistas lançarem um projeto assim, um álbum. Isso faz com que eu também queira lançar um álbum. E, apesar desses números que já alcançámos, eu gostava de saber se um álbum teria o mesmo impacto nas pessoas que os singles foram tendo.
Mesmo assim, o álbum é bastante comprido, tem 21 faixas. Foi porque não conseguias escolher quais ias deixar de fora? [Risos] Porquê tantas músicas?
Por ser o primeiro álbum, ainda por cima eu sinto que ele é um álbum de apresentação, eu não queria ser metido numa caixa e deixar as pessoas a pensar que só consigo fazer o “Lua”. Já tenho mostrado isso com participações como “I’m Sorry”, com o Mizzy Milles e com o Piruka, que fugiu um pouco do que eu costumo apresentar e sinto que funcionou muito bem. E queria neste álbum poder mostrar um pouco mais de sonoridades com as quais sei que estou à vontade e das quais consigo tirar também um bom som.
Mesmo assim, o Trovador recolhe muitos dos singles que lançaste antes. Querendo apresentar um Ivandro diferente e mais completo, porque é que incluíste tantos singles anteriores?
O que se passou foi que eu apanhei a pandemia, que obrigou todos os artistas a adaptarem-se ao que estava a acontecer. Nesse tempo eu decidi que ia fazer um álbum, era uma coisa que já estava bastante alinhada antes mesmo da pandemia, e que estávamos a apontar para 2020. Para teres noção, o “Mais Velho” chegou a fazer parte do álbum e seria o primeiro tema, mas as coisas mudaram abruptamente. Eu tive que me adaptar ao que se estava a passar e senti que não queria parar de lançar música. Fui lançando singles. Lancei o “Não É Fácil”, o “Carta” e mais tarde decidi que apesar da pandemia — que naquela altura parecia que ia durar para sempre — tínhamos que fazer alguma coisa. Eu queria lançar o álbum antes e decidimos que íamos voltar a trabalhar em força para isso. Os singles estavam a funcionar, então decidimos continuar a lançar singles, mas desta vez iam estar ligados ao projeto maior e quando sentíssemos que a normalidade tivesse voltado, então aí lançaríamos o álbum.
Demorou 4 anos… Mexeste muito no alinhamento entretanto e o “Mais Velho” ainda é uma música solta, por exemplo.
Exatamente.
E, por oposição ao álbum que agora editas, qual é o raciocínio que existe por trás de lançar só singles soltos? É que estamos aqui os dois a falar sobre o teu trabalho, mas há muitos artistas que têm tantas ou mais músicas editadas que tu e nenhum álbum lançado.
Eu cheguei a lançar um projeto antes, não foi um álbum, mas o Lua Cheia era um EP. O objetivo do Lua Cheia era ser um álbum, mas o “Imagina” também só saiu 4 anos depois de estar escrito… Percebes? Há musicas que para mim têm que sobreviver ao teste do tempo. Eu venho de uma fase em que as coisas não aconteciam. Tentei entender o que se estava a passar e juntei-me com o Bispo e com o Simão para percebermos como é que devíamos abordar a altura da pandemia e lançar as minhas músicas. Nessa altura, só os singles faziam sentido. E acho que os singles continuam a fazer muito sentido no panorama da música atual. Porque o investimento é menor, é o primeiro aspeto; e, funcionando, o retorno também pode ser muito encorajador.
Outro aspeto que gosto sempre de explorar e queria fazê-lo contigo é o da duração dos temas. As músicas estão cada vez mais curtas. No Trovador, por exemplo, a duração média dos temas ronda os 2:30 min e não tens nenhum tema que chegue aos 4 minutos. Isto são dados, não é nenhum juízo de valor. O que te pergunto é: porque é que isto acontece?
É claramente porque não estamos preocupados com isso quando entramos no estúdio. Não estamos à procura de algo específico quando entramos numa sessão, em vez disso vamos à procura de um feeling e do que mexe connosco. Por exemplo, nos dias em que o FRANKIEONTHEGUITAR possa ter tocado com outros artistas, vamos tocar com ele para ver se esse sabor resulta connosco também. Vamos procurando um sabor e nunca tivemos a preocupação de escrever muito ou escrever pouco — só criamos. Mas, talvez pela música que consumimos hoje em dia ser assim, os meus próprios temas talvez encaixem nesses tempos.
A nível de produção, sei que trabalhaste com o D’Ay, como sempre, mas também sei que trabalhaste com alguns nomes estrangeiros.
Na parte da produção, nos fizemos o som do “Chakras” com uma batida afro genuína em mente. Ouvimos o tema das primeiras vezes e sentimos que faltava um pouco de tempero para termos exatamente o que precisávamos. E fomos conseguir esse tempero com um produtor do Ghana, o King Kuex, que nem é propriamente famoso. O incrível foi que estávamos com dificuldade em encontrar uma boa linha de baixo, mas mandámos-lhe a música e, sei la… em 30 ou 40 minutos ele responde com tudo o que faltava.
E esse contacto em particular surge de onde?
Hoje em dia muitos producers fantásticos têm o seu trabalho na Internet. A partir daí podes perceber se a pessoa tem um som que te vai ajudar ou não. Foi isso que fizemos e não foi só com ele. Também trabalhámos da mesma forma com o Malvo e com o Cali Magic, por exemplo.
Colocando agora o foco nas vozes que convidaste para este projeto, contas com vários nomes que fizeram carreira em géneros muito diferentes do teu, e também alguns jovens artistas que ainda estão a provar o seu valor. Eu gostava de te perguntar o que é que é preciso veres num artista para que possas trabalhar com ele?
Nas colaborações eu não procura nada. Não estou mesmo preocupado com isso e acabo por deixar só acontecer. Estas ligações foram todas um pouco por acaso, como o M Huncho, que passou por Portugal… Quando o meu caminho se cruza com o de outros artistas eu tento fazer música, e quando fica interessante o suficiente eu digo à pessoa que gostava que aquele som fizesse parte do meu projeto.
Então não estarei errado se imaginar que tens muitas colaborações com muitas pessoas diferentes que nunca vamos ouvir.
Ya. E houve mesmo música que fiz com outras pessoas e que esteve quase quase a entrar neste álbum, mas que optei por deixar de fora quando fechámos o alinhamento e vai sair mais tarde. São temas que não fazem sentido neste grupo de músicas.
Vamos então debruçar-nos sobre as tuas colaborações individualmente. Podemos começar pelo M Huncho. Ele é inglês e tu disseste que se cruzaram quando ele estava por Portugal. Terá sido há dois anos, no Rolling Loud?
Não, não. Foi há bastante pouco tempo. Nem sei bem o que é que ele veio cá fazer, mas apareceu no estúdio para trabalhar com o FRANKIE, eu estava lá e a gente conheceu-se. Apreveite, falei com ele e mostrei-lhe logo o “Chakras”, de que ele curtiu imenso. Depois mostrei-lhe o beat do “Give God Praises” e ele curtiu.
O M Huncho não é um artista que eu colocaria numa caixa musical próxima da tua, por isso acho muito interessante terem colaborado, e gosto muito desse tema em particular.
É isso que quero dizer — a música em si é que permitiu essa ligação. O refrão deste tema é um agradecimento a Deus, porque no fim do dia essa ligação religiosa é algo que partilho com o M Huncho. Até aos meus 17 anos era testemunha de Jeová praticante, agora acredito em Deus, mas tenho procurado perceber melhor o que se passa no mundo. Mas mantenho a minha fé e acho que foi isso que nos ligou: eu tenho fé e ele também, e realmente sentimos uma força a ajudar-nos.
Esta teria sido uma boa oportunidade para apresentar trabalho em inglês. É algo que procuras fazer no futuro? Sentes-te confortável a cantar e escrever em inglês?
Eu ouço muita música em inglês e já fiz muitos covers. Eu acredito que até conseguiria, mas gosto mesmo de fazer música em português, e é claro que vou sempre metendo uma palavra ou outra em inglês, mas escrever em português sai-me naturalmente. Escrever em inglês pode vir a ser um desafio, algo para soar especial e diferente do que tudo o que já fiz até agora.
Deixas então a porta aberta a essa possibilidade…
Sim, talvez.
Outra das colaborações que acho muito curiosa é a da Marisa Liz.
Conheci-a por causa de um anúncio que gravei para a Staples, com ela e com o Fernando Daniel. No final do dia, já tinhamos feito a música para a campanha lá num estúdio incrível do Rui Veloso, se não me engano, em Sintra. Um sitio enorme, com jardins e passaros a cantar, piscina… Nessa vibe, depois de um dia de trabalho bem conseguido em que estávamos satisfeitos, numa de descontrair, o FRANKIE pegou na guitarra e começou a tocar qualquer coisa. Ele está a tocar, põe logo a guitarra a gravar e eu entrei por cima a cantar de improviso. O meu primeiro verso saiu logo, a Mariza, também de improviso, respondeu ao meu verso e aí eu fiquei tipo: “What?!”. Continuámos ali mais uns minutos e ficou uma base bem sólida. Logo ali eu soube que aquilo tinha que entrar no meu projeto. É o tipo de momento que eu tento encontrar tanto sozinho como com outras pessoas — és tu que estás a escrever, claro, mas a sensação é a de que encontraste qualquer coisa muito boa.
Por outro lado, o Julinho KSD, tenho a certeza de que já se conheciam.
Tenho histórias muito engraçadas com o Julinho. Eu fazia parte do ex-grupo Expolitus, que mais tarde se tornou nos Instinto 26. Eu cantava, fazia os refrões e outras coisas, mas também produzia e gravava o pessoal. Quando comprei material meu comecei a gravar o Julinho na minha casa, foi lá que gravámos o “Sentimento Safari”, o “Vivi Good”, “Hoji en Sá Ta Vivi”… são sons que foram para a tuga toda com as minhas misturas e em que nós, naquela altura, ainda estávamos a aprender. Estes temas também tiveram a ajuda do Janga (Mixed by Janga), que também ajudou numa altura em que trabalhávamos muito juntos e que misturou o Trovador todo, também. Meu Deus… Depois a música do Julinho explodiu, a minha também e a ideia tornou-se obvia — tínhamos que fazer um som. Estávamos os dois a representar o nome, chegámos lá e tínhamos que fazer um som juntos. Quando eu escrevi o refrão do “Chakras”, que estava muito forte, senti logo que era um tema para o Julinho. Ele, mal recebeu a demo, fez logo quatro versos diferentes… ainda tivemos que escolher [risos]. É o que eu te digo, podíamos ter posto tudo e feito uma música maior, mas acabámos por escolher e ficou como podes ouvir.
Outro nome que estou curioso por abordar é o da Pikika. Sei que ela é muito recente nestas andanças, este é o terceiro tema que ela lança… Como é que surgiu o interesse em colaborar com ela?
A Pikika começou a trabalhar com o FRANKIE e tem passado muito tempo no nosso estúdio. Ela viu-me a fazer muitos sons para o meu álbum e um dia começámos a colaborar num som que não tinha propriamente sítio para ir. Não seria do meu álbum, nem do dela inicialmente; mais perto estaria de ser para o álbum do Frankie, na verdade, por causa da guitarra, que é dele desde o início. Numa das nossas sessões ela começou a escrever uns versos e eu gostei muito, escrevemos o refrão em conjunto e decidi que ia escrever uns versos também. Fluiu tudo com muita facilidade. Eu e os rapazes temos um termo que é “ponto caramelo”. Ela está nesse ponto caramelo, é alguém que sabe abordar os beats. Curto não só da música que fizemos mas também dos temas que ela ainda vai lançar e que tenho ouvido lá no estúdio. Já sei o que é que aí vem e gosto muito.
Voltando aos nomes fortes da música naiconal, temos na lista de colaborações ainda o António Zambujo. Alguém mais ligado a uma vertente tradicional da música portuguesa.
A música com o António Zambujo nasce num almoço em que o conheci. Perguntei-lhe se ele tinha tempo depois de almoço e passámos no meu estúdio para lhe mostrar um refrão. Ele gostou e marcámos um dia para trabalhar. Em estúdio, foi tudo muito simples e acabámos por chegar a um estilo bossa nova, meio clássico. Eu encaixei bem naquela sonoridade, e naquele estilo eu só imaginaria o Zambujo.
E como é que dois artistas de mundos diferentes, e casos haverá mais gritantes do que o vosso, chegam a um campo comum num tema? Saem sempre todos satisfeitos ou alguém tem que ceder alguma coisa em termos de sonoridade e objetivos ou ideias?
Neste caso ficámos mesmo satisfeitos. Eu gostei e sei que ele também gostou muito do tema. Eu ainda não defini bem qual é o meu som na música, ainda estou a descobrir isso, e este tema mostra-o muito bem. Sinto-me bem a cantar numa bossa nova, num afro, numa cena pop ou mesmo mais trap. Mas eu gosto disto e quis mostrá-lo às pessoas. Foi sempre isso que fizemos, mesmo quando lançávamos só singles. Este álbum, desse ponto-de-vista, é quase uma introspecção, porque eu não estou sozinho nas minhas batalhas mentais e muita gente passa pela mesma coisa e vai-se identificar.
Para terminar os nomes portugueses, tens ainda o Van Zee e o Bispo. São artistas com quem passas muito tempo, imagino.
Eu e o Bispo já fazemos música há muito tempo, ele é quase um irmão mais velho para mim. A questão aqui era qual a música que temos que podíamos incluir no álbum, porque temos muita coisa juntos. Escolhemos o ‘Barco’, que é uma música que eu adoro. Já o Zee é quase como olhar-me ao espelho. Acho que a nossa ligação surge muito daí, ele veio trabalhar com o FRANKIE e com o Simão quando ainda estava na faculdade, no estrangeiro. Ele estava na dúvida se haveria de largar os estudos para prosseguir com a música, e eu também passei por isso durante a pandemia quando lancei o “Essa Saia”, com o Bispo. Na altura, isso foi o ponto alto da minha carreira e tudo fazia sentido, mas depois vem a pandemia e fiquei a pensar: “Foco-me nos estudos porque isto da música parece que acabou, ou como é que é?” Mas tomei a decisão de seguir a música, e vi e falei disso com o Zee. Ele acabou por colocar a faculdade on hold e desde então tornou-se numa máquina. Ele está sempre em estúdio, mas é muito curioso ver que o pessoal ficou super apaixonado pelas musicas antigas dele, o “Tempo” e o “Alma Nua”. Mas ele tem crescido imenso, e no periodo de um ano notas grande evolução na escrita dele ao trazer mais português para a sua música.
Íamo-nos esquecendo do Slow J, imperdoável.
Não podia ser. Por mais estranho que possa ser, foi a pandemia que nos aproximou. Nós já convivíamos antes, passávamos algum tempo juntos em estúdio e jantávamos várias vezes juntos, mas na pandemia começámos a fazer videochamadas para produzir juntos. Ele descobriu um plugin que te deixa partilhar as masters. Daí em diante, cada um de nós tinha um setup em casa, então estávamos sempre a partilhar e a editar as masters um do outro e fizemos bué música. Desses temas surge o “Equilibrio”, que inicialmente eu até tinha criado com uma vibe mais rock. O sample já era o que agora ouves, mas as percussões eram mais rock e estava já a pensar em meter umas guitarras. Quando lhe mandei o som ele disse: “Espera aí.” E devolve-me aquilo tudo em drill. Eu fiquei tipo: “Como assim?” Mas era aquilo mesmo.
Gostava de te perguntar pela tua viagem ao Brasil. Não és o primeiro artista português com quem falo que vai ao Brasil fazer música. Pergunto-te o que é que o Brasil tem de tão atrativo para os músicos portugueses e se o contrário também é válido. Ou seja, se Portugal também é atrativo para os músicos brasileiros no que toca à partilha musical?
Começando pelo fim, sem dúvida. O mercado e o ecossistema musical português é tão atrativo para os músicos brasileiros como o brasileiro para os portugueses.
Talvez tirando a parte em que o mercado português é infinitas vezes mais pequeno do que o mercado brasileiro [risos].
[Risos] Claro, mas eles também têm algo a ganhar aqui e isso é que tem permitido todas estas trocas e parcerias. Eu nunca tinha procurado trabalhar com pessoas do Brasil com o intuito comercial, digamos assim, mas já tinha trabalhado com vários artistas brasileiros. Estas músicas fazem parte da lista de temas que nunca sairam, mas podem um dia vir a sair. Aconteceu eu conhecer a Iza em Portugal, fizemos uma participação com ela lá e fiquei com imensa curiosidade de testar o mercado brasileiro, porque a música foi muito bem recebida. Então decidimos ir lá ver e pôr os pés em solo brasileiro, até porque depois do tema da Iza houve mais artistas brasileiros que começaram a falar connosco e começámos a fazer vários contactos. O Viktor kley, que também é brasileiro, conheci-o e trabalhei com ele cá. Mas se a música deles funciona tão bem cá, porque é que a nossa não havia de funcionar bem lá, estás a perceber? Foi muito devido a essa curiosidade que quisemos ir ao Brasil. Temos muito a ganhar.
E a maneira de trabalhar? A cultura é muito diferente?
Eu diria que sim. Estive lá a fazer música e senti que lá é tudo muito mais rápido, enquanto cá faço tudo com muito mais calma. Lá fazes o estúdio (gravações vocais) todo num dia, mas não vais mexer muito mais noutras coisas. Nessa perspetiva, são mais rápidos. Fizemos temas que ponderei trazer para o álbum, mas que acabei por deixar de fora por questões de sonoridade. Apesar deste ser um álbum com muitos ritmos, achei que aqueles não contribuíam para a história que estamos a escrever aqui. Achámos que fazia mais sentido lançar isso noutro ambiente.
Então podemos esperar um trabalho mais focado nesta viagem musical ao brasil?
Sim, não te vou dizer nada com grandes certezas, mas é bem provável que apareça um projeto com esses temas. Talvez até singles primeiro, que depois culminem num EP ou assim.
E mais perspetivas de futuro? Com um álbum a ser lançado agora antecipas um verão cheio de concertos, imagino. Vamos ter mais lançamentos este ano?
Esse é sempre o meu objetivo. Estou a planear a dinâmica para quando for pai conseguir ter o mesmo output. Acredito que sou capaz, até porque tenho muita música na gaveta que pode fazer sentido divulgar, mas vamos deixar o tempo falar e ver primeiro a questão do álbum, porque não quero nada que isto passe ao lado das pessoas e gostava que fosse um momento em grande, como foram o “Lua” e o “Chakras”. Apesar de termos já tido bons momentos com o lançamento de alguns singles, gostava de sentir isso do álbum em si, primeiro. Neste momento estou mais preocupado com isso, em lançar bem o álbum e aproveitar bem a cena.
E em termos de apresentação ao vivo?
Ainda não posso revelar nada, até porque gosto de pensar em grande, mas se já foi loucura dizer que estaria um dia aqui sentado numa mesa no escritório da Universal e da Virgin a falar da minha música…
Claramente tens um historial de ultrapassar esse tipo de metas. Sei que foste concorrente do Fator X e, apesar de não teres ganho, chegaste até aqui. Pensar nestas coisas deve provocar um carinho especial, ou não?
É verdade, a vida nessas coisas é um 360. Até porque, mais tarde, voltei a cantar no Fator X mas como convidado.