pub

Publicado a: 28/03/2016

Uma introdução aos The Internet em 9 faixas

Publicado a: 28/03/2016

[TEXTO] Amorim Abiassi Ferreira [FOTO] Direitos Reservados

The Internet, grupo formado em 2011 por Syd Tha Kyd e Matt Martians, desafia as convenções. Originam do colectivo Odd Future, mas, no entanto, a sonoridade não se assemelha a nada que tenha vindo dessa label. Nomeada para um Grammy, a banda de Los Angeles opera num blend de r&b, soul e funk. Reunindo seis membros, o primeiro que captará a vossa atenção será Syd The Kid enquanto canta em “Get Away”:

“But I’m still driving around in my whip / Still living at home, got / Issues with my new chick / She blowin’ up my phone / Now all I hear is womp’ womp’, womp’, womp'”

Do estilo à história, da origem ao presente. O Rimas e Batidas apresenta uma introdução aos The Internet em 9 faixas.


Sydney Bennett conheceu o produtor Matt Martin através do Myspace e começaram a trocar algumas ideias sobre as músicas que criavam. Matt também era amigo de Tyler The Creator. Quando o líder dos Odd Future precisou de um lugar para gravar as primeiras mixtapes do colectivo, Syd ofereceu o seu estúdio caseiro. Mais tarde, acabaria por produzir algumas faixas e tornar-se a DJ do grupo. Christian Clancy, um dos managers, percebendo a forte amizade entre Syd e Matt e o vasto conjunto de gostos que tinham em comum, encorajou-os a formarem uma banda.

O nome da banda teve origem numa piada de Left Brain, também dos Odd Future, face ao número de vezes que lhe perguntavam: “De onde são?”. A resposta dele: “The Internet.” O nome era apenas temporário, mas acabou por nunca ser alterado.


O primeiro trabalho foi editado em Dezembro de 2011 e chamou-se Purple Naked Ladies. Distanciando-se da brutalidade pela qual os Odd Future eram conhecidos, o som soul e funk aproxima-se muito à estética de uma jam session. Com um mood suave, influências de Neptunes, quem ouve este álbum sente-se envolvido num processo de experimentação para entender qual o rumo a seguir.


Ao mesmo tempo que este primeiro projecto ficava completo, durante uma digressão à Austrália, Syd anunciou a decisão de deixar de actuar com o grupo. A novidade não foi recebida com entusiasmo: muitos acusavam o colectivo de homofobia e a presença da DJ provava o contrário. O conflito foi resolvido com o passar do tempo, e o facto de todos os álbuns dos The Internet terem sido editados pela Odd Future é a prova disso mesmo.


 

Em 2013, o grupo acompanha Mac Miller para o concerto promocional do álbum Watching Movies with the Sound Off. Este episódio deu origem a um álbum do rapper ao vivo, numa experiência fora de série. Dois anos mais tarde, os The Internet também se fizeram à estrada com Thundercat, um dos colaboradores frequentes da banda.


O álbum Feel Good foi lançado em 2013. Um dos singles, “Dontcha”, contou com o produtor de N*E*R*D e Neptunes, Chad Hugo. Neste álbum, Syd deixa de esconder-se nos instrumentais e assume o seu lugar como vocalista da banda. Esta mudança sente-se ao longo de um disco mais sólido, onde a sonoridade é preenchida com um novo vigor na confiança crescente do grupo.


Em “Shadow Dance”, uma das músicas mais lentas e sensuais do disco, Syd pede à mulher com que está para tirar a roupa para ela. Esta é também uma das músicas mais despidas de instrumentação de Feel Good. A sonoridade destila-se dando espaço aos vocais para carregarem o groove, uma das características que viria a marcar o álbum lançado em 2015.


 

No projecto Ego Death, Syd assume-se sem medo nas músicas. “Special Affair” – o mais recente vídeo da banda – vibra com as notas quentes de um baixo, percussão rarefeita, fazendo com que a cantora tenha espaço para hipnotizar e tornar-se na cola que solidifica o disco. Este álbum conta com colaborações de Janelle Monáe, Vic Mensa, KAYTRANADA, entre outros nomes. No dia 7 de Dezembro de 2015, a banda é acordada durante a madrugada com uma novidade: a nomeação para um Grammy como Best Urban Contemporary Album.

“Eram cinco da manhã quando descobri e estava com sono e irritadiça.” – Syd The Kid num testemunho para o site dos Grammy Awards.


Fortemente criticada pelo movimento LGBT enquanto actuava no colectivo Odd Future, hoje, Syd representa a força da identidade pessoal no meio artístico. Ela não carrega bandeiras de movimentos nem é o ícone de nenhuma ideologia de libertação. Fiel ao título do álbum Ego Death, a vocalista faz simplesmente aquilo de que gosta: canta sobre mulheres com os amigos em músicas com um groove inegável. E nisso, continuam a guardar a essência da jam session, onde um grupo se reúne para se deixar levar pela música. A morte do ego abre espaço à autenticidade nos The Internet e isso conquista um número crescente de fãs.


 

pub

Últimos da categoria: Ensaios

RBTV

Últimos artigos