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A Holuzam prepara um acto de arqueologia sonora que é também um manifesto. Dia 30 de Janeiro de 2026, a editora lança em disco Dou Dou Doudo: Ao Vivo Na Cooperativa Árvore, imortalizando assim uma performance da Anar Band – dupla então formada por Jorge Lima Barreto e Rui Reininho – com o poeta e artista E.M. de Melo e Castro, filmada pela RTP em 1978 e transmitida na televisão no ano seguinte.
Esta edição é apresentada como um gesto de activismo contra o apagamento histórico, iluminando os caminhos subterrâneos de uma vanguarda portuguesa que prosperava à margem dos circuitos estabelecidos. A actuação, transmitida no programa Obrigatório Não Ver, de Ana Hatherly, é um raro testemunho da confluência entre poesia sonora e música experimental electrónica no Portugal pós-revolucionário.
O comunicado da Holuzam pinta um vívido retrato do contexto: um país em ebulição social e criativa, onde figuras como Lima Barreto, um crítico incómodo e coleccionador de “inimigos” do status quo, e Reininho, um espírito anárquico traduzido em performance e atitude, se cruzavam com a visão multidisciplinar de Melo e Castro. Juntos, encarnaram uma espécie de activismo punk, desafiando não só a ditadura recente, mas também a falta de capacidade daqueles que passaram a decidir os destinos da cultura na democracia.
Este lançamento surge no âmbito de um projecto mais vasto de recuperação da música dos Telectu, mas a sua relevância transcende a mera historiografia. A Cinemateca de Lisboa, em sintonia com este espírito, exibirá hoje mesmo, 13 de Novembro às 19h30, o filme-concerto original, permitindo uma experiência sensorial completa.
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