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Publicado a: 10/03/2016

10 faixas clássicas (e indispensáveis) do hip hop electrónico

Publicado a: 10/03/2016

[TEXTO] Rui Miguel Abreu [FOTO] Direitos Reservados

Quem cresceu nos anos 80 sabe bem do que era feita a paisagem da época: computadores com nomes futuristas como Amstrad ou ZX Spectrum, monitores com luz verde, jogos de Arcada chamados Space Invaders, séries de ficção científica na TV – Galáctica, Buck Rogers – mais naves espaciais no cinema – Guerra das Estrelas, Regresso Ao Futuro, ET… Enfim, na época ninguém tinha a cabeça na lua, mas nos confins do espaço, “onde o homem nunca foi antes”. Esta “paisagem tecnológica” surtiu, obviamente, efeitos ao nível da música.

No início dos anos 80, jovens como Juan Atkins, por um lado, e Arthur Baker, por outro, começavam a dar os primeiros passos na produção musical. Maravilhados pela estética do P-Funk de George Clinton, ele próprio um confesso viajante do espaço cujos shows ao vivo incluíam naves espaciais e extravagantes fatos de astronauta, Atkins e Baker atiraram-se de cabeça à tecnologia mais básica existente na época – a caixa de ritmos DMX, a Roland 808 – e começaram a fazer ruído sincopado.

Paralelamente, nos bairros do Bronx, em Nova Iorque, jovens DJs começavam a inventar o futuro, tocando duas cópias do mesmo disco alternadamente para criar a ilusão de um break de bateria sem fim. No início, o electro procurava fazer a mesmíssima coisa com caixas de ritmos e sintetizadores: prolongar a batida até ao infinito, por um lado, e emular os sons produzidos por uma banda inteira de funk, capturando o espírito do groove nos circuitos integrados da maquinaria à sua disposição.

Juan Atkins criou, juntamente com Rick “3070” Davies o projecto Cybotron que, praticamente sozinho, lançou as bases do techno de Detroit em faixas como “Clear” ou “Techno City”. Paralelamente, em Nova Iorque, Arthur Baker ajudava a traduzir a visão de Afrika Bambaataa para música, criando, juntos, o hino “Planet Rock”, uma faixa de hip hop tão poderosa que haveria de desempenhar o papel no advento de variadíssimos sub-géneros de música de dança apoiada em tecnologia electrónica, como o electro, o miami mass, o freestyle, o techno ou até o acid house…


https://www.youtube.com/watch?v=9lDCYjb8RHk


Quando o hip hop deixou de gatinhar e começou a andar pelo seu próprio pé, os artistas começaram a dispensar as “house bands” dos estúdios em que gravavam – responsáveis por um som ainda muito ligado ao funk e ao disco, nos primeiros momentos da década de 80: ouça-se, por exemplo, “Rapper’s Delight” da Sugarhill Gang – e a mexer directamente nas tais caixas de ritmos que começavam a invadir o mercado. O resultado foi um mergulho instantâneo no futuro, com um funk sintético e fluído, capaz de incorporar as influências vindas da cena “synth-pop” europeia (grupos como Kraftwerk, Yazoo ou Depeche Mode eram ícones para qualquer jovem negro dos “Boros” de Nova Iorque), aproveitando o vocoder ou a capacidade de alterar o pitch de uma voz para dar o ar robótico às faixas que depois eram adoptadas pelos b-boys nos seus exercícios de desafio da gravidade conhecidos internacionalmente como “Breakdance”.

Filmes como Beat Street ou Breakin fizeram muito para levar a sonoridade electro a todos os cantos do mundo. E por um breve momento, grupos como Jonzun Crew, Warp 9, Latin Rascals reinaram supremos, debitando funk cibernético e futurista em pedaços de vinil que hoje são verdadeiras peças de colecção.

O círculo completou-se quando Herbie Hancock (na foto), famoso pianista de jazz, resolveu levar ainda mais longe a sua paixão pela tecnologia já evidenciada desde os anos 70 nas suas gravações mais “eléctricas” (ouça-se “Sextant”, por exemplo) e editando, com a ajuda de Bill Laswell e do DJ Grand Mixer DST, o álbum Future Shock de onde foi retirado o mega-sucesso “Rockit”, um dos primeiros hits criados pelo poder da MTV. Com um scratch infeccioso de DST (que todos os turntablists apontam como a razão que os levou a eles próprios a tentar scratchar) e um groove electrónico irresistível, “Rockit” foi, porventura, o maior dos sucessos de um género que nos fez acreditar que no futuro todos os robots teriam groove!

[10 CLÁSSICOS DO ELECTRO]


 1. “Rockit” – Herbie Hancock


2. “Jam on It” – Newcleus

https://www.youtube.com/watch?v=0Y8O2x3HAg8


3. “Pack Jam” – Jonzun Crew


4. “Al-Naafyish (The Soul)” – Hashim


5. “Egypt Egypt” – Egyptian Lover


6. “Nunk” – Warp 9


7. “Clear” – Cybotron

https://www.youtube.com/watch?v=fGqiBFqWCTU


8. “Hip Bop Don’t Stop” – Man Parrish


9. “Bassline” – Mantronix


10. “Death of a Rascal” – Latin Rascals


 

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