O lendário multi-instrumentista e compositor brasileiro Hermeto Pascoal tem quatro concertos agendados para Portugal no próximo mês de Novembro. Juntamente com o seu Grupo, actua no dia 5 em Lisboa, na Culturgest, subindo para Braga no dia 7, onde sobe ao palco do Theatro Circo, partindo depois para o Teatro Viriato (dia 8, em Viseu) e Auditório de Espinho (dia 10). Está prometida uma experiência sonora única, em que o jazz se vai mesclar com ritmos nordestinos e as improvisações podem partir de objectos do quotidiano ou de sons de animais.
Nascido em 1936 em Lagoa da Canoa, Alagoas, Hermeto começou a aprender a tocar os primeiros instrumentos enquanto autodidata. A sua carreira descolou nos anos 60 com o Quarteto Nôvo, conjunto com o qual gravou um disco homónimo para a Odeon, que trouxe uma sonoridade refrescante assente em jazz com influências do forró ou do samba. Polivalente ao nível dos instrumentos, percorrendo um vasto arsenal que vai dos teclados ao saxofone, chama especialmente à atenção pela forma como retira sons de vários objectos do dia-a-dia — como utensílios de cozinha, brinquedos de criança ou até a própria barba — para adornar as suas músicas, adquirindo por isso a alcunha de “bruxo”.
Ao longo de mais de seis décadas, o veterano construiu um legado marcado pela experimentação, como o Calendário do Som, um livro de 414 páginas em que, entre 1996 e 1997, registou uma composição por cada dia do ano. Vencedor de um Grammy Latino em 2019, Hermeto, agora com 89 anos, conta com uma carreira incrível recheada de discos marcantes e várias colaborações icónicas — tocou ao lado de Donald Byrd, Tom Jobim, Elis Regina ou Miles Davis, este último que, segundo reza a lenda, chegou mesmo a apelidar Pascoal como “o músico mais impressionante do mundo”.