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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 20/05/2022

O bilhete como recordação.

Henrique Amaro sobre EU ESTIVE LÁ!: “Garanto que existem memórias hilariantes”

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 20/05/2022

Henrique Amaro reúne 530 bilhetes de concertos em Portugal num novo livro: EU ESTIVE LÁ! é editado pela Tinta da China a 9 de Junho.

Há pequenos e grandes, de diferentes cores e tipos de papel. Uns são originais, outros mais padronizados e, dependendo da era em que foram impressos, podem até já ter um QR Code. Esta é uma história que começa em 1963, numa altura em ainda não andávamos equipados com uma câmara no bolso e o bilhete era a recordação mais prática que se podia guardar quando se ia a algum espectáculo. Ao longo dos anos, Henrique Amaro guardou muitos desses bilhetes e, com a ajuda de alguns amigos, arranjou os que não tinha e compilou-os num livro repleto de memórias — algumas delas na forma de depoimentos, das testemunhas oculares Ana Cristina Ferrão, Isilda Sanches, Luís Pinheiro de Almeida e Pedro Fradique. O design do livro é de Rui Garrido e a paginação de Pedro Serpa.

Ao Rimas e Batidas, o autor e radialista desvenda o que vamos poder encontrar por entre estas páginas e lembra como toda esta ideia se formulou.



O que é que te levou a criar um livro com estes contornos?

Não sei justificar, mas desde miúdo que ganhei o hábito de guardar os bilhetes dos concertos que vi. Há uns anos, numa corriqueira arrumação de gavetas, apareceu a caixa com esses tesourinhos e deu-me muito prazer voltar a dar atenção aos pormenores e histórias que me despertaram. Na hora pensei em reuni-los num livro, mas eram apenas umas dezenas e não tinham expressão nem volume para uma edição. Depois procurei edições internacionais com estas características e não encontrei. Decidi avançar e comecei a contactar os amigos próximos, com eles vieram outros, e criou-se uma comunidade com 52 pessoas que ajudaram a construir uma larga colecção que chegou aos 700 itens, e tornou a edição possível.

Podes dar-nos alguns exemplos de bilhetes representados no livro? O mais antigo? O mais recente? São de bandas nacionais e internacionais?

O livro tem 530 bilhetes. Muitos eram, para mim, totalmente desconhecidos. Os mais antigos pertencem aos The Searchers, no Teatro Monumental, a 2 de Novembro de 1965, e The Animals com o Gino Paoli, também no Monumental, a 7 de Dezembro de 1965. O mais recente decorreu no Porto no dia 1 Abril deste ano (não revelo os músicos porque quero surpreender o produtor do espectáculo). Pelo meio encontras os Genesis, o Festival Vilar de Mouros em ’71 e ’82, o Miles Davis, os Can, o James Brown ou os Suicide. A lista de artistas nacionais é imensa. Dos Arte & Oficío aos Da Weasel, da Amália aos Telectu. Na selecção internacional dei prioridade ao primeiro concerto em nome próprio, nos nacionais existem vários bilhetes do mesmo artista em épocas diferentes. O livro também inclui bilhetes de concertos que não chegaram a realizar-se. A muito comentada “balda” do Lou Reed no Pavilhão Infante Sagres é um deles.

O que determinou as escolhas? Foste pela raridade? Pelo design?

Tudo influenciou a escolha. Quando me deparei com a montanha de bilhetes reunidos, começaram a surgir motivos de interesse que nunca equacionei no início do processo, e que gostava que ficassem fixos no tempo através do livro. Para lá do interesse histórico do espectáculo, surgia a multiplicidade de espaços, a oferta eclética, a dimensão das plateias, o design gráfico (ou a falta dele), o desconhecimento público sobre aquele espectáculo, ou o aparecimento das marcas. Apenas exclui o formato dos bilhetes dos nossos dias.

E ainda tens alguns textos. Referem-se a concertos específicos?

O livro está dividido em quatro capítulos. As décadas 1960/70, 80, 90, e 2000/22. Todos com textos introdutórios escritos pelo Luis Pinheiro de Almeida, Ana Cristina Ferrão, Pedro Fradique e Isilda Sanches. As abordagens são pessoais, e ajudam a contextualizar o que vem a seguir. Garanto que existem memórias hilariantes.

Fica a ideia de que isto também poderia dar uma exposição, não?

Creio que este livro é uma exposição de trazer debaixo do braço. A ideia do Rui Garrido ao fazer o design gráfico e do Pedro Serpa ao paginar, foi a de criar esse ambiente expositivo. São centenas de páginas brancas com bilhetes pendurados, e uma breve legenda com data e local do acontecimento. Mas quem sabe…


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