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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 23/04/2022

Preparem as carteiras.

Guia ReB para o Record Store Day 2022

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 23/04/2022

Este ano, há Record Store Day em dose dupla. A primeira dose chega a 23 de Abril; a segunda a 18 de Junho. O Rimas e Batidas localizou os sons que vão saltar do nosso universo/infinito particular para as lojas aderentes, numa panóplia de reedições e primeiras prensagens, cores, notas de capa e faixas-bónus.

Em Coimbra têm a Lucky Lux; em Lisboa, a Symbiose, a Flur, a Carbono e a Louie Louie. Esta poderá não ser uma lista exaustiva dos estabelecimentos participantes: passem pela vossa loja de eleição e verifiquem com as vossas próprias mãos.



[Albert Ayler] Revelations: The Complete ORTF 1970 Fondation Maeght Recordings

Naquela noite, 27 de Julho de 1970, a túnica e o sombrero de Albert Ayler davam ares de quem aportava na Terra pela primeira vez. O trejeito luminoso, é claro, só ilustrava a sensação que Ayler fazia soar com a boquilha aos seus beiços. Todavia, nesse ano, sopravam ventos adversos. Na reta final do saxofonista, a instabilidade emocional unia-se a visões apocalípticas, enquanto a música ia em contraproducentes excursões pelo R&B mais comercial. 

Uma digressão final em França, com o pianista Call Cobbs, o baixista Steve Tintweiss e o baterista Allen Blairman, trouxe Ayler de volta. Começámos por evocar aquela nJite, na Fondation Maeght, mas aquela noite multiplicou-se em duas. Os concertos de Ayler a 25 e 27 de julho, em respetivo, já haviam sido lançados nos discos Live on the Riviera e Nuits de la Fondation Maeght — só que truncados e com qualidade limitada de som. Masterizada por Kevin Gray, a caixa Revelations é a primeira edição completa deste material, derivada de gravações recém-descobertas nos estúdios da Office de Radiodiffusion-Télévision Française.

Formato: cinco LP ou quatro CD, à escolha do freguês, com entrevistas, extensivas notas de capa e fotografias inéditas.



(JUNHO) [Art Blakey & the Jazz Messengers] In My Prime

Datado de 1977, este álbum é o resultado de quando Art Blakey, baterista-relâmpago do jazz, se aquartelou em Nova Iorque por um mês. É a primeira vez que estas oito faixas de hard bop se reúnem no mesmo lançamento, visto que In My Prime originalmente se distribuiu em dois volumes (com o selo holandês da Timeless). Nestas sessões, o pulso polirrítmico de Blakey convocou os saxofones de Bobby Watson (alto) e David Schnitter (tenor), o trompete de Valery Ponomarev, o baixo de Bennis Irwin, a percussão de Ray Mantilla e o trombone de Curtis Fuller; recrutava, pela primeira vez, o piano de James Williams.

Formato: dois discos de vinil em capa dupla, com notas do crítico e músico Chip Stern e fotografias de Mark Bug Zester, Don Diesveld e Hans Harzheim (que trabalharam com outros grandes do jazz, de Baker a Ra). Tiragem de 2500 cópias.



[Betty Harris] The Lost Queen of New Orleans Soul

Se Betty Harris se tinha deixado perder, a editora Soul Jazz já a encontrara em 2016. The Lost Queen of New Orleans Soul coleciona os singles com que a cantora percorreu a segunda metade da década de 1960. É uma abordagem interessante para uma compilação: expõe as várias faces de Betty Harris, de diva propulsiva a ninfa capaz, mas exclui os momentos de maior sucesso. 

De facto, foi em 1963 que “Cry for Me”, versão de um clássico de Solomon Burke (uma das figuras tutelares da música soul), a catapultou para a atenção da editora Jubilee. The Lost Queen começa no ano seguinte, quando muda para a Sansu; já só terá um hit, “Nearer to You”, em 1967. Está neste disco, juntamente com todos os lados A e B até 1969. “Entrei neste negócio para fazer dinheiro”, disse Harris, aos 75 anos, nas notas de capa. Fê-lo? A resposta: reformou-se em 1970. Hoje, e desde o novo milénio, qualquer sabedor de soul saberia o que fazer com uma máquina do tempo.

Formato: reedição limitada em vinil verde duplo e capa dupla, com capas interiores e notas de capa “extensivas”.



[Bruno Nicolai] La Dama Rossa Uccide Sette Volte (The Red Queen Kills Seven Times)

Giallo significa amarelo, cor dos livros de mistério que dominaram a Itália no século XX. Adaptados para o cinema, mantiveram intacta a mistura de filme policial, de terror e suspense, ora erótico, ora fantástico. A estética era também potenciada pelas bandas sonoras, pelas mãos de Ennio Morricone ou Bruno Nicolai (ambos desenvolveram o projecto de library music Dimensioni Sonore). The Red Queen Kills Seven Times é um dos marcos do cinema giallo; esta reedição da banda sonora celebra o seu 50.º aniversário.

Formato: vinil duplo de material remasterizado, com duas faixas-bónus.



[C-Bo] Orca (Deluxe)

C-Bo, na estrada desde 1993, pode considerar-se um dos veteranos do gangsta rap (e um dos primeiros rappers a ir parar à cadeia por conta de versos considerados violentos) e também uma das figuras de proa do hip hop no Record Store Day, com lançamentos em 2020 e 2021. Orca — originalmente subtitulado The Killer Whale of the Hood — é o seu 12.º disco em nome próprio, com participações de MC Eiht ou E-40, e é editado pela primeira vez em vinil no seu 10.º aniversário.

Formato: vinil duplo azul (com efeito de mármore) e nova capa.



[Charles Mingus] The Lost Album from Ronnie Scott’s

Menos de um ano após a expansiva reedição de Mingus at Carnegie Hall, o lendário baixista tem outro lançamento na calha. Desta vez, trata-se de um concerto inédito, gravado no clube londrino de jazz londrino Ronnie Scott’s (onde foram gravadas também performances de Ella Fitzgerald, Nina Simone ou Chet Baker). Data de agosto de 1972 esta atuação, recuperada de com os saxofonistas Charles McPherson (alto)  e Bobby Jones (tenor), o trompetista Jon Faddis, o pianista John Foster e o baterista Roy Brooks.

Formato: CD ou vinil triplo com livro de 64 páginas.



[Chief Keef] Sorry 4 the Weight (Deluxe)

Uma mixtape que evoca Lil Wayne e a sua própria Sorry 4 the Wait, este disco foi um de vários lançamentos no seu prolífico ano de 2015: nesse ano, ainda viriam os álbuns Bang 3 e Bang 3, Pt. 2 e uma série de mixtapes a solo, com DP Beats ou 12 Million. Sete anos depois, este projeto de drill à boa moda de Chicago continua a receber atenção e, aparentemente, a justificar o peso.

Formato: vinil duplo com efeito de mármore, mistura de preto, vermelho e branco.



[Childish Gambino] Kauai

Juntamente com a mixtape STN MTN, o EP Kauai chegou um ano após Because the Internet, o disco que transformou Childish Gambino numa potência musical. Agora, só o mais gentil e nostálgico Kauai (com a participação de Jaden Smith) tem direito a edição em vinil no Record Store Day, após uns bons anos de lucro para quem vendia versões contrafeitas.

Formato: vinil azul, amarelo, ou colorido com uma mistura de ambos.



[Coolio] It Takes a Thief

Se o gangsta rap de C-Bo lhe preencheu o registo criminal, Coolio seguiu um caminho mais soalheiro com It Takes a Thief, o seu primeiro disco. Inclui o seu êxito de estreia, “Fantastic Voyage”, lançado um ano antes da sua música de assinatura, “Gangsta’s Paradise” (que tão bem conhecemos pela interpolação de Stevie Wonder).

Formato: vinil duplo.



[Corinne Bailey Rae] The Sea

The Sea teve o difícil desafio de suceder ao álbum responsável pelo eterno chamariz de Corinne Bailey Rae: “Put Your Records On” (que o TikTok devolveu às tabelas de venda em 2020, com roupagem indie rock, pela mão de Ritt Momney), o eterno chamariz de Corinne Bailey Rae. Se não produziu nenhum êxito com semelhante ressonância, ressignificou o seu nome: de one hit wonder para autora fiável de soul com groove e robustez. Com produção da própria e de Questlove.

Formato: vinil (obviamente) azul transparente de 180 gramas, fac-simile da capa original.



[Cypress Hill] The 420 Remixes

O plural no seu limite: The 420 Remixes seleciona apenas duas remisturas do grupo de hip hop Cypress Hill, derivadas do seu homónimo álbum de estreia. Mas hão-de valer a pena: do lado A, os produtores The Alchemist e Beat Butcha pegam em “How I Could Just Kill A Man”; do lado B, DJ MUGGS, um dos próprios Cypress, transporta “Hand on the Pump” para 2022.

Formato: vinil de 10 polegadas.



[Czarface] Czarmageddon

Sabem o que disse DJ 7L ao Inspectah Deck dos Wu-Tang Clan, quando lhe apresentou Esoteric? Say hello to my little friend! [silêncio] Nós saímos pelo nosso próprio pé; também, não se pode fazer uma piada… Com participações de Frankie Pulitzer, Lion Eye e Kool Keith, Czarmageddon é o novo disco deste supertrio, que recentemente fez parte da banda sonora do filme Venom: Let There Be Carnage.

Formato: capa dupla, incluindo cromos colecionáveis.



[Darlene Love] The Many Sides of Love: The Complete Reprise Recordings, Plus!

Se nós dizemos Darlene Love, vocês… não se atrevam a dizer Phil Spector! The Many Sides of Love demonstra o seu trabalho para a editora Reprise, tanto a solo como com os grupos vocais The Blossoms e The Wildcat, com faixas-bónus que viajam até 1985, 1990 e 2014 (em dueto com Bette Midler, vejam bem).

Formato: vinil turquesa limitado a 3500 cópias.



[Donna Summer] Donna Summer

Nem Donna Summer era imune a alguns deslizes comerciais; o seu álbum homónimo, de 1982, resultou disso. Quando o seu álbum anterior (The Wanderer) se revelou de vendas pálidas, o editor David Geffen chamou reforços — haveria outra forma de nos referirmos a Quincy Jones? O resultado foi um disco com portas giratórias para sou, rock, gospel e até Vangelis.

Formato: “Picture disc” impresso com a capa do disco.



[Erika de Casier] The Sensational Remixes

Já editada digitalmente, chega ao vinil a compilação de remisturas de Sensational, segundo álbum da dinamarquesa Erika de Casier (que passa por Lisboa, Braga e Faro daqui a nada). Incluindo contributos de Hannah Diamond, Smerz, Mura Masa ou Eartheater.

Formato: vinil transparente em disco bag.



[Jessie Ware] Devotion: The Gold Edition

Jessie Ware, uma das salvadoras musicais da pandemia, nem sempre foi o que ouvimos em What’s Your Pleasure?, da disco libidinosa e rica. Tudo começou em Devotion, a comemorar agora o seu 10.º aniversário, um trabalho de soul sofisticada e introspectiva, de emoções destiladas no seu estado mais puro, frio, ainda assim afetivo. Além de “Wildest Moments” e “If You’re Never Gonna Move” (originalmente com um sample de Big Pun), inclui um disco de remisturas.

Formato: vinil duplo em capa dupla, com novas notas de capa escritas por Jessie Ware.



(JUNHO) [Kali Uchis] Sin Miedo (del Amor y Otros Demonios)  ∞

O segundo longa-duração de Kali Uchis recebe uma nova edição em vinil, desta vez com nova capa metalizada. Após Isolation, a cantautora colombiano-americana entregou-se sem medo (vá, esta era dada!) ao espanhol, uma jogada que lhe valeu o primeiro grande êxito à escala mundial, “Telepatia”.

Formato: vinil transparente com poster incluído.



(JUNHO) [Miles Davis] What It Is: Montreal 7/783

Em direto do Festival International de Jazz de Montreal, no Théâtre St-Denis, um concerto de Miles Davis com uma banda de topo: o percussionista Mino Cinelu, o baterista Al Foster, o baixista Darryl Jones, o guitarrista John Scofield e Bill “The Other Bill Evans” Evans multiplicado entre saxofones, flauta e piano elétrico.

Formato: vinil duplo em capa dupla, com notas de capa do jornalista Greg Tate.



(JUNHO) [Nicki Minaj] Beam Me Up Scotty

Voltemos a 2009: ano do filme Avatar, do jogo Grand Theft Auto: The Ballad of Gay Tony (OK, ninguém se lembra disto, pois não?) e da morte de Michael Jackson. No bairro de Queens, Nova Iorque, estava Nicki Minaj a aperfeiçoar a sua pena, mentorada por Lil Wayne. Após a versão digital de 2021, este é o segundo relançamento de Beam Me Up Scotty, disco que Minaj considera o seu grito de Ipiranga.

Formato: vinil duplo.



(JUNHO) [Prince] The Gold Experience

A avalanche de reedições e faixas-bónus de Prince, após a sua morte em 2016, nunca tinha passado por The Gold Experience. Embora este álbum tenha assinalado, em 1995, uma certa ressurgência para o homem roxo, caiu num limbo jurídico após o processo de plágio aplicado a “The Most Beautiful Girl in the World” — o seu último grande êxito. Esse purgatório acaba agora, com o regresso dessa canção às plataformas de streaming e com a primeira reedição de sempre de Gold.

Formato: fac-simile da edição promocional em duplo vinil dourado, com autocolantes nas capas frontal e traseira (com notas de capa).

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