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Publicado a: 30/04/2017

Guia para decifrar o novo álbum dos GROGNation

Publicado a: 30/04/2017

[FOTO] Sara Falcão

Nada É Por Acaso, o álbum de estreia dos GROGNation, acaba de ser disponibilizado nas plataformas digitais. O novo trabalho conta com produção de NastyFactor, Sam The Kid, DJ Ride, Lhast, Cálculo, Holly, Juzicy, METAMVDNESS, Fabrice e Neo Beats.

Tal como Sem Censura, o disco conta com uma narradora que nos guia através das faixas. A escolhida foi a actriz Cláudia Cadima, mãe do fotografo Filipe Cadima Feio, que acompanha regularmente os GROGNation. Cada pedaço da narração inicia e encerra um ciclo conceptual e as pistas de cada ciclo estão na tracklist. O Rimas e Batidas esteve à conversa com o grupo e Papillon, com pequenos apontamentos de Harold, explicou-nos o conceito que “embrulha” o disco.

 



[DO NADA PARA O NADA]

P: “O ‘Ankuras’ é o início do caminho onde estás com a mentalidade de que não queres deixar que nada nem ninguém te atrase. Depois passas para o ‘Na Mema’: da mesma forma que não vais deixar que ninguém te atrase, nem que nenhuma situação negativa se meta no teu caminho, decides ir ‘Na Mema’ contra tudo e contra todos, e esse é que é o caminho porque tu sabes onde queres chegar. Nesse caminho há uma deixa que o Harold tem no final do ‘Na Mema’ que é, “estamos a ir sem avisar”, e depois entra o ‘$em Avi$ar’. E quem perceber o som, vai entender um dos primeiros entraves no caminho de qualquer pessoa. Aí começam, de certa forma, os ‘Problemas’, que é o som que vem depois. A partir dos ‘Problemas’,  tens as ‘Lágrimas’. Isto tudo assim tem um sentido, mas cada som tem a sua vida própria. O ‘Lágrimas’ fala um bocado de desconstruir o estereótipo do que é ser homem e cada um dar a sua perspectiva. Uma coisa boa que temos é que cada um de nós mete a sua perspectiva no som. Nunca vais ouvir-me e ao Nasty a falarmos sobre o mesmo, ou eu e o Harold. Há quase sempre mais do que uma perspectiva. Se entrarmos os cinco, são cinco. Se entrarmos três, são três perspectivas diferentes que vamos oferecer.

P: “O ‘Problemas’ é mais explícito, não tem grande metáfora. É expressarmo-nos sobre os problemas da vida, que nós temos e que a maioria das pessoas tem. De certa forma, cada vez que o ouvinte ouvir estas narrações, é o iniciar ou fechar de um ciclo. Dentro do álbum, dentro do teu próprio caminho. O Nada É por Acaso é suposto ser um paralelismo entre o caminho que fizemos até agora, enquanto grupo, e o caminho que fizemos nas nossas vidas também. Se ouvires o álbum de ponta a ponta, acho que vai haver muita coisa com que te vais identificar. Por uma razão ou por outra, e porque nós conseguimos meter sempre mais do que uma perspectiva, às vezes cinco até, em cada som. Tem essa acessibilidade de as pessoas se identificarem facilmente com vários temas ao longo do álbum. É esse um dos objectivos principais. Agora estamos numa fase em que fecha um ciclo e começa outro.”

 



[NADA É GARANTIDO]

P: Há atribulações na tua vida, tanto na tua como na nossa, tanto nas nossas vidas como em grupo. E queres tentar resolver esses problemas, tentar perceber a raiz dos problemas, mas para a encontrares, por vezes tens de ir atrás de uma verdade. Da tua verdade ou de uma verdade no geral. Começas com o interlúdio do “Bom Tempo”, que é um bocadinho o primeiro ultrapassar das dificuldades, as “Lágrimas” e os “Problemas”, e começas a ter uma perspectiva mais positiva sobre a vida.

H: “No ‘Circo’ estamos a falar de abuso de poder em várias circunstâncias, seja em relação à polícia, política ou indústria musical. Cada um dá a sua perspectiva e é como se fosse um espectáculo de um circo: temos palhaços, malabaristas…”

P: “No circo tens a parte da frente, que se calhar é muita bonita, mas não sabes o que é que se passa nos bastidores.”

H: “E logo a seguir há o ‘Voltaren’, que é o creme [risos]. É como o refrão diz: ‘Dizem que a verdade dói/Se estiver a doer, põe Voltaren’. Nós estamos a dizer cenas que sentimos que são verdade, mesmo que doa às pessoas.”

P: “Sendo que o ‘Circo’ são verdades mais ‘ocultas’ do que está nos bastidores, o ‘Voltaren’ é mais explícito. É mais in your face. Depois entra, mais uma vez, a narração. O que é bom realçar é que cada um tem a sua verdade. O que conta, no final do dia, são as perspectivas. Não é uma verdade que reina sobre todas as outras. São as nossas perspectivas juntas que, somadas, nos levam a algum sítio. É o que a narração diz no fim: ‘ou ganhamos todos juntos, ou perdemos todos juntos’. É uma mentalidade que tentamos impor a nós próprios no grupo. E pode espelhar-se para o resto da sociedade. Existem guerras, mas, no final do dia, ninguém ganha. Tens um vencedor e um vencido, mas aqueles vencidos daqui a 300 anos voltam. Existe um ciclo que nunca mais termina. A moral deste ciclo da verdade é que, na verdade, não existe uma verdade, existem várias verdades e perspectivas. Ou ganhamos todos juntos ou todos juntos perdemos. E estamos todos conectados. Mais uma vez, seguindo o fio condutor do próprio álbum, Nada é por Acaso. O que eu faço também tem responsabilidade na outra pessoa, e assim sucessivamente.”

 



[NADA SEI]

P: “Com essa moral de que estamos todos juntos, entra um novo ciclo que tem tudo a ver com união. É um apelo à união, aquilo que nós representamos logo à superfície enquanto grupo. A união de estarmos todos juntos a fazer uma coisa que temos em comum. E não só a união de um grupo, pode ser a união entre duas pessoas. Este ciclo é mais isso.”

 



[NADA É POR ACASO]

P: “Esta parte tem mais a ver com o título de Nada é Por Acaso e com todo o fio condutor do álbum. Olhando para trás, vês que tudo o que aconteceu, sejam as ‘Lágrimas’, as barreiras e os ‘Problemas’. Tudo o que te aconteceu de bom e de mau só serviu para chegares ao ponto em que estás neste momento. E tens aquele feeling de que não vale a pena alterar nada do que está para trás porque, se agora estás bem, e se chegaste a este ponto, é porque aprendeste com os erros do passado.”

H: A ‘Barman’ está no mesmo contexto da ‘Molio’. E depois há a ‘Uma Beca’, uma música de relações, a cena de quereres falar com a pessoa que está chateada contigo e não quer falar. Depois há a ‘Chama-me Nomes’, um dos singles que já tinha saído. Agora entramos na recta final do álbum.”

P “Chegas à conclusão de que Nada É Por Acaso e começas a ter a noção do que realmente importa. E o que importa é aquilo que todos nós queremos à partida, de forma intuitiva: paz, amor e prosperidade. Chegas à máxima realização enquanto pessoa no teu caminho, seja ele qual for, e agora os sons que vão entrar é suposto espelharem esses desejos mais intuitivos que temos.”

 



[NADA É IMPOSSÍVEL]

P: “O álbum digital acaba aqui. Esta voz que vai surgindo, para além de ter a particularidade de ser uma voz que, pelo menos ao pessoal da nossa geração de 90, vai ser familiar, é meio narração, meio charada. Para tentares perceber não só o que esta pessoa que está a falar, mas também o que é que ela representa. É mais uma prendinha que queremos dar às pessoas que nos vão ouvir para fazer estimular o pensamento e tentarem perceber o que é que essa voz quer dizer. Neste último ciclo, é o resumir de tudo. A cena do Nada É Por Acaso a juntar-se um bocadinho com esta última parte de prestar atenção ao que realmente importa. [A última faixa, exclusiva da edição física, é ‘Manda Vir’].”

 


[STREAM DO ÁLBUM]

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