pub
O final da semana passada trouxe-nos ”Headlines”, um novo tema assinado por DJ Premier que conta com versos de Westside Gunn, Benny The Butcher e Conway, representantes máximos da Griselda Records.
Fez-se assim história mesmo à frente dos nossos olhos. O currículo invejável de DJ Premier faz dele um dos beatmakers lendários do circuito hip hop à escala planetária — e ainda em actividade. Do outro lado, os MCs que formam o esquadrão da Griselda Records são responsáveis por estar a reformular as regras do boom bap, devolvendo-o às ruas de Nova Iorque a partir de Buffalo, um movimento que pode encontrar parecenças no que os Wu-Tang Clan, Mobb Deep ou Gang Starr fizeram no século passado. Apesar do pouco mediatismo e dos modestos números amealhados nas plataformas digitais, Westside Gunn, Benny The Butcher e Conway criaram ondas para um nicho de ouvintes extremamente fiel e que vai crescendo a pouco e pouco. As edições físicas dos seus projectos esgotam em poucas horas e, nos planos do trio a curto prazo, está um álbum de estreia pela Shady Records, de Eminem, na calha.
“Temo-nos visto nos últimos três anos. ‘Um dia destes vamos fazer qualquer coisa juntos’. Dei-lhes o meu número de telemóvel e eu não dou o meu número assim do nada”, revelou DJ Premier numa entrevista à Billboard, deixando ainda um shout-out a Alchemist e a Statik Selektah. “Foram eles quem me deram a conhecer a Griselda logo no início.”
À DJBooth, Conway explicou que “o beat foi feito no local, as rimas foram pensadas no local” depois de ambas as partes se alinharem em termos de agenda. A oportunidade de trabalhar lado a lado com uma lenda como Premier fez com que a equipa da Griselda puxasse dos galões para causar a melhor impressão possível. Benny elucidou: “Estava pronto para cuspir algumas das merdas mais pesadas para o impressionar. Para dar continuidade à tradição. Nós sabemos de algumas das pessoas com quem ele trabalhou. Quisemos manter essa linha, fazer algo que o deixasse orgulhoso.”
Westside Gunn, líder do colectivo que está a colocar Buffalo no mapa do hip hop norte-americano, desvendou que a colaboração “é um daqueles sonhos tornados realidade”. E apontou para a continuidade da parceria: “Quero que os fãs percebam que isto é apenas o início entre a Griselda e o Preemo. Até já falámos sobre fazer um álbum, depois deste tema.”
Sobre os contornos históricos deste feito, WSG disse que os louros apenas chegam mais tarde, sem pressas, e encontrou alguns paralelismos com outros grupos oriundos de outros bairros nova-iorquinos: “Acho que, no legado do hip hop, daqui a cinco ou 10 anos nós vamos ser os Wu-Tang. Nós vamos ser os Mobb Deep. Percebes? Somos artistas desse calibre. Neste momento, apenas estamos em tempo real. Algumas pessoas ainda não nos apanharam. Demora pouco tempo até que as pessoas nos apanhem, mas daqui a cino anos as pessoas vão certamente dizer que a Griselda é uma das cenas mais incríveis de sempre que aconteceram no hip hop.”
Preemo, que já casou instrumentais com as vozes de NAS, Biggie, Guru, Mos Def, Jay-Z, Kanye West ou, mais recentemente, Joey Bada$$ e A$AP Ferg, confirmou o potencial desta nova escola de MCs que está a surgir numa zona de Nova Iorque relativamente “estranha” para o hip hop: “Fazem-me lembrar os G-Unit quando estavam a começar. Fazem-me lembrar os Wu-Tang Clan quando estavam a começar. Os Gang Starr Foundation…” E mostra-se lisonjeado por saber que as novas gerações lhe reconhecem o mérito e se sentem no dever de passar pelas mãos de um dos maiores beatmakers de todos os tempos. “Faz-me sentir bem, man. Ter 53 anos e ser abençoado por estar vivo e a fazer aquilo que amo, que é música hip hop. As pessoas ainda querem trabalhar comigo e fazer parte do meu catálogo, é um sentimento incrível.”
pub