Num ano já de si marcado pela efervescência da electrónica nacional, com muitos e bons exemplos de vitalidade e frescura, Tundra Fault merece a sua quota de atenção. Já em Fevereiro passado tratou de demonstrar o calibre que possui com o fortíssimo Whole, um bravo e consistente conjunto de oito faixas de ritmo corrusivo e ambiências austeras. Um exercício essencialmente assente no techno e na música industrial com a substância carnal destes géneros entrelaçada ao mote conceptual do disco (ligado ao toque corporal e à sexualidade).
“Glass Roof” acaba assim por surgir um pouco em seguimento destas linhas orientadoras, como um lado B imaginário, embora vagueie por aqui um surpreendente pulsar dub. A forma discreta como esse eco surge acaba por ser o grande trunfo deste tema que depressa se expande em múltiplas ramificações sem no entanto se perder em si mesmo. É natural a alusão imediata a alguns mestres como Deadbeat, Jon Hopkins ou Conforce, mas o campo magnético criado por Miguel De parece subsistir para além das eventuais referências.
Em pouco mais de seis minutos, a riqueza de Tundra Fault é notada por acréscimos e detalhes numa inteligente maximização de camadas sonoras em estado bruto – como só assim poderia ser. Felizmente essa ausência de adornos mantém o foco no essencial, isto é, na expressividade física das suas produções.
Como se não bastasse, tudo isto encontra-se disponível na sua página de Bandcamp. Um luxo.