General D e TNT foram distinguidos com a Medalha de Prata de Mérito Cultural da Câmara Municipal de Almada. A cerimónia de entrega dos simbólicos galardões aconteceu na terça-feira, 24 de Junho, no Museu de Almada – Casa da Cidade, que entre Outubro e Março acolheu a exposição multidisciplinar Filhos do Meio – Hip Hop à Margem, que documentou e procurou justamente reconhecer e celebrar o importante universo hip hop do concelho, tão fundamental para a história nacional desta subcultura urbana.
“É uma grande honra receber esta distinção da minha terra”, diz General D em comunicado. “O hip hop tuga está de parabéns! Tem sido uma longa viagem, passaram mais de 30 anos e muito mudou. Éramos miúdos e hoje já temos netos. Na altura chamavam-nos de loucos e hoje o hip hop é a maior expressão de música entre a juventude. É um privilégio saber que fui um dos catalisadores de todo este processo, a par de outros rappers, agentes, produtores. Um abraço especial para quem esteve presente desde o início.”
Considerado por muitos como um dos pais do rap em Portugal, General D foi o primeiro rapper a lançar um single e um videoclipe, “Portukkkal é um Erro” (1994), mas também discos em nome próprio, como o EP homónimo desse mesmo ano e o álbum com a banda Os Karapinhas, intitulado Pé na Tchôn, Karapinha na Céu (1995). Activista e socialmente interventivo, mas também importante por aproximar o hip hop português de África — numa altura em que os padrões e as referências estavam virados para a América —, acabaria por desaparecer na viragem do milénio. Deixou, ainda assim, uma marca indelével no panorama nacional. Em 2024, quando se assinalavam os 30 anos da sua estreia em disco, publicámos uma longa entrevista com General D sobre o seu percurso — o texto também está disponível no livro Filhos do Meio.
Já TNT é um rapper e produtor que surgiu no final da década de 90 como um dos membros dos M.A.C. (Missão a Cumprir). Além da carreira em grupo e dos discos editados, que depois também se desdobrou num percurso a solo, TNT tem sido um dos mais importantes dinamizadores do hip hop em Almada, na Margem Sul do Tejo e na região de Lisboa em geral. Através da sua editora independente e do seu estúdio Mano a Mano, tem contribuído directamente para os trajectos artísticos de muitos dos seus pares; além de ser um prolífico promotor de eventos e iniciativas que têm sido essenciais para fortalecer um movimento underground local, desde as sessões na saudosa Gandaia aos mais recentes eventos Matéria Prima, passando por muitos outros. Foi também um dos curadores do projecto Filhos do Meio – Hip Hop à Margem, sobre o qual deu uma entrevista ao Rimas e Batidas.