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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 11/05/2021

Os rapazes do espaço regressam à Terra.

Funkamental: “O Sonic Fiction dos Spaceboys ainda tem uma dose de futurismo muito importante”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 11/05/2021

É fundamental não esquecer o groove que nos trouxe até aqui. Em Portugal, João Gomes e Francisco Rebelo são dois dos grandes arquitectos do melhor que se produz por cá, espalhando-se por projectos que vão dos Orelha Negra aos Cais Sodre Funk Connection. Antes disso, o seu brilhantismo esteve exposto nos Cool Hipnoise, mas não só: a dupla (juntamente com Tiago Santos) materializou a ponte imaginária entre Sun Ra e Fela Kuti em 2003 no projecto Spaceboys.

Esta “ficção sónica”, o único disco editado pelo trio sob esse nome, vai ser agora recuperada (a encomenda pode ser feita no Bandcamp) pela Funkamental, nova editora criada por André Granada e Tiago Pinto, que enquanto dupla assinam como Funkamente. Fomos falar com estes arqueólogos do funk sobre esta primeira edição em vinil de um álbum que precisa de voltar a rodar com maior frequência e (tentar) perceber os seus restantes planos de edições.



Porque escolheram o álbum dos Spaceboys para primeira edição?

Somos fãs e amigos do João Gomes há algum tempo e sempre conversámos acerca dos seus projectos anteriores que são grandes referências para Funkamente. Quando o abordámos sobre os Spaceboys o seu entusiasmo disse tudo, e ficou logo decidido. 

Descrevem o disco como “obscuro”, mas os Spaceboys eram um projecto paralelo dos Cool Hipnoise, grupo que conseguiu uma assinalável notoriedade…

Quando o referimos como obscuro, estamos a falar precisamente disso, sendo um projecto paralelo ao que teve maior sucesso. Além de que, para nós, a missão é fazer chegar este disco aos ouvidos de hoje, de Lisboa e por aí fora. 

Pode olhar-se para este álbum como início de muita coisa: surge ali o Kalaf num premonitório kuduro intergaláctico, por exemplo. Consideram que se trata de um registo pioneiro e, mais importante até, ainda actual? 

Completamente de acordo. Tenho um promo CD no carro que viajou muito connosco e só nos faz acreditar que este disco não só ainda é actual, como ainda tem uma dose de futurismo muito importante. 

O álbum foi lançado há quase 20 anos na Nylon. Vão reeditar mais alguma coisa dessa label?

Não está planeado, mas confesso que não temos um planeamento muito alongado, vão ser releases que tomarão o seu tempo e dedicação. Um grande abraço ao Tó Ricciardi e companhia que gostaram bastante da nossa ideia e foram responsáveis por releases muito interessantes, como o disco homónimo dos Loopless. 

Como é que foi em termos de masters? Tiveram acesso a masters originais ou usaram o CD como fonte para o corte do acetato? 

O Francisco foi impecável no processo e conseguimos os ficheiros ideais para a nossa querida Reel Mastering fazer o seu trabalho de mestre. Vem aí um cut mesmo poderoso.

A quem acham que se dirige esta reedição? DJs? Fãs de Orelha Negra? E acham que haverá mercado externo para isto?

O plano é chegar com o disco a todo o lado. Claro que fãs, coleccionadores e DJs estão mais atentos e provavelmente vão ser uma grande fatia desta edição, que é um release bastante limitado de 300 cópias. Estamos a trabalhar para fazer chegar os discos a um pouco por todo lado no mundo, como se vai poder ver no dia 28 de Junho. 

Sobre a editora: quem são e o que vos levou a criar este selo?

Funkamental é uma editora focada em novas obras e edições antigas pela primeira vez em vinil, com curadoria Funkamente, também responsáveis pelos Edits Estrela e a East Side Radio. Nasce da vontade — ou devemos dizer “necessidade”? — de ter um disco específico no formato doze polegadas. Quão específico? Qualquer um que tenha lugar na nossa mala.

Descrevem como intenção primeira lançar nova música e também apresentar em vinil pela primeira vez música que nunca chegou a ser lançada neste formato. Já têm planos para futuras edições que possam desvendar tanto num caso como no outro?

Ainda não podemos desvendar nada, mas podemos garantir que não vamos baixar a fasquia. 

Que linguagens musicais se propõem explorar no vosso catálogo, tanto no campo das reedições como da música nova? 

Tantas quantas cabem na nossa mala de discos, tendo sempre o groove como linha condutora.

Podem mencionar algumas editoras portuguesas do passado que vos tenham inspirado a embarcar nesta aventura?

Claro, sem dúvida um trio tramado: Nylon, Kami Khazz e NorteSul. O nosso obrigado e espero que gostem do que vem aí. 


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