[TEXTO] Alexandra Oliveira Matos [FOTOS] Pedro Mkk
Numa edição de NOS Primavera Sound malfadada por São Pedro, os Fogo Fogo foram responsáveis por “fazer um raio de sol para nos iluminar”. A frase é do vocalista do grupo, David Pessoa, que foi incansável na tentativa de afastar as nuvens que pairam no Parque da Cidade no Porto.
A banda abriu a homenagem ao funaná cabo-verdiano com “Djonsinho Cabral”, música eternizada por Os Tubarões. “M’bem di fora”, original do Katchás e gravada pelos Bulimundo, continuou a aquecer o público que depois dançou a nova “Nha Cutelo”. Esta terceira música do alinhamento do concerto de Fogo Fogo dá título ao EP lançado há poucos dias e, apesar de ser novidade, não faltou quem a trauteasse. O público, molhado e encasacado, não deixou que as condições meteorológicas atrapalhassem os passos de “dança livre” e houve até comboio a juntar amigos por entre as — ainda poucas — pessoas no recinto do Palco Seat, muitas delas claramente a marcarem lugar para o concerto mais logo de Tyler, The Creator.
“Oh Minina”, lado B do recente EP, antecedeu a mais conhecida e aplaudida “È Si Propi”, música do trabalho de 2015 e original dos Ferro Gaita. “Dimingo Denxo”, também original dos Bulimundo, e “Sentimento”, dos Gaita Ferro (banda dos filhos dos veteranos do Funaná), também fizeram parte de um alinhamento que só pecou por curto. A cumplicidade, a energia e o funaná de Francisco Rebelo, Márcio Silva, David Pessoa, João Gomes e Danilo Lopes foram os ingredientes certos para dar as boas vindas a um fim de semana que se prevê feliz e dançante — fora a chuva. Cada um dos músicos é uma verdadeira fera de palco, cada um dono de uma mestria técnica que no entanto nunca se sobrepõe ao balanço natural do reportório. Melhor arranque não teria sido possível.