Depois de no ano passado o Festival MED ter tido como país convidado Marrocos, na primeira vez em que o evento passou a ter esta iniciativa, em 2025 o festival de Loulé escolheu Cabo Verde como nação convidada. Esta terça-feira, 6 de Maio, a organização anunciou no Centro Cultural de Cabo Verde, em Lisboa, o programa completo em torno do arquipélago atlântico de 10 ilhas.
“São várias as razões para a escolha”, justifica o director do Festival MED, Carlos Carmo, em declarações ao Rimas e Batidas. “Primeiramente, a grande relação que temos com a comunidade cabo-verdiana em Loulé, isso é um factor que para nós tornou muito fácil fazermos essa escolha. Depois, a qualidade e riqueza da cultura cabo-verdiana é algo extraordinário. Não me recordo de nenhuma edição do MED que não tenha tido alguém a representar Cabo Verde em termos musicais. E, depois, obviamente, o facto de Cabo Verde estar a comemorar os 50 anos. Foi uma feliz coincidência. Quando decidimos convidar Cabo Verde, não tínhamos isso no nosso radar, mas quando chegámos à embaixada o senhor embaixador disse-nos logo: ‘que coincidência, nós vamos comemorar os 50 anos da independência e gostávamos de, se for possível, se o cartaz tiver a dimensão que pretendemos, inserir isso na programação oficial dos 50 anos de Cabo Verde’. E aconteceu. É uma grande felicidade para nós. É um casamento perfeito entre entidades públicas que têm como objectivo a promoção da cultura — neste caso, a de Cabo Verde.”
Ferro Gaita, Carmen Souza, Ceuzany, a Cesária Évora Orchestra e um concerto de homenagem a Sara Tavares (com a participação dos Shout, da Banda Filarmónica Sociedade Artistas de Minerva, o projecto Mau Feitio e outros convidados) serão algumas das principais actuações musicais deste programa. Além disso, um concerto especial pensado especificamente para o MED: Dino D’Santiago e os Tubarões, numa ponte não só entre contemporaneidade e tradição, mas também entre Portugal e Cabo Verde — aliás, entre Loulé e Cabo Verde, tendo em conta que Claudino Pereira é um filho orgulhoso de Quarteira, no mesmo concelho algarvio.
“Quando abordámos o Dino, propusemos-lhe fazer um concerto único — porque o Dino já esteve várias vezes no Festival MED, mas queríamos que agora fosse uma presença diferente. Queríamos fazer algo único e o ideal era juntar aquilo que é contemporâneo com aquilo que é referência, e dissemos-lhe para escolher quem é que com ele poderia fazer um concerto único. E ele escolheu os Tubarões, o casamento foi mais do que perfeito, sei que está a resultar muito bem, os ensaios têm sido extraordinários… Pelo que já percebi, pode nem ser um concerto único mas o início de um conjunto de concertos, porque de facto foi um casamento perfeito. E esse é um dos papéis que o Festival MED tem, na promoção da cultura e de encontros de fusões”, conta Carlos Carmo.
Como sempre, a programação do MED estende-se muito além da música. No campo do cinema, com curadoria do crítico Rui Pedro Tendinha, serão exibidos filmes como Sodade, de Sarah Grace; Cesária Évora, de Ana Sofia Fonseca; e Kmêdeus, de Nuno Miranda. Além disso, serão mostradas as primeiras imagens do documentário Terra Longe, do louletano Bernardo Lopes, sobre o músico Jon Luz.
Haverá também uma exposição de artes plásticas intitulada Cartografias Transatlânticas, patente na Galeria do Espírito Santo, com obras dos artistas Fidel Évora, Jacira da Conceição, Amadeu Carvalho e Carlos Noronha Feio. O MED terá ainda uma conferência em torno da literatura cabo-verdiana, com os escritores José Luiz Tavares e Dina Salústio; performances de rua, com danças e ritmos tradicionais que vão da tabanka ao batuku; jogos infantis tradicionais cabo-verdianos no âmbito da iniciativa Stera – Na Boka Noti, do contador de histórias Adriano Reis; o trabalho de olaria com Isabel Sanches e Edna Sanches Cabral, que irão promover workshops infantis e ensinar a trabalhar com o barro; e showcooking com os chefs cabo-verdianos Milocas e Fátima Moreno, que irão demonstrar como se confeccionam alguns pratos típicos. Alguns restaurantes da cidade de Loulé, entre eles o histórico Café Calcinha, irão integrar nas suas ementas pratos onde os sabores cabo-verdianos estarão presentes.
A restante programação cultural e todas as informações úteis podem ser encontrados no site oficial do Festival MED. O evento decorre em vários locais de Loulé, com múltiplos palcos em simultâneo, entre 26 e 28 de Junho. Os bilhetes estão disponíveis online e os preços variam consoante a data da compra e se são ingressos diários, passes gerais ou pacotes familiares, sendo que também existe um Open Day, 29 de Junho. Os miúdos até aos 12 anos não pagam para entrar.