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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 16/06/2021

Desafios atrás de desafios.

FENDA: “Temos a ambição de criar um festival de referência internacional, mas sempre focado na comunidade”

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 16/06/2021

Evian Christ e Iglooghost vão apresentar-se ao serviço em Portugal na próxima semana e os agradecimentos devem ser feitos ao FENDA, um festival feito a meias pela Cosmic Burger e a Câmara Municipal de Braga que une a música e a arte pública para três dias de propostas artísticas desafiantes.

Para além dos dois produtores acima mencionados, que são as grandes estrelas da programação musical, há ainda passagens de Catnapp, Ângela Polícia e Wav.in Collective confirmadas pelo Museu D. Diogo de Sousa. Para entender como se organiza um evento desta dimensão numa altura em que as regras são apertadas, o Rimas e Batidas enviou seis perguntas à organização do FENDA — e, entre outras coisas, descobriu que SOPHIE passaria pela cidade dos arcebispos não fosse a sua chocante e precoce morte em Janeiro passado.



Quais foram as principais dificuldades em organizar um festival num contexto pandémico? 

Inicialmente, o FENDA foi desenhado ainda num contexto pré-pandemia, ou seja, durante os primeiros meses montámos um festival totalmente diferente daquele que estamos agora a apresentar. Depois veio a pandemia, o cancelar de todos os planos e de tudo aquilo que tínhamos projectado. Durante o processo existiram muitos “avanços e recuos” até chegarmos ao momento em que nos encontramos.

A imprevisibilidade acaba por ser o maior desafio, pois nunca sabemos quando um novo confinamento pode surgir, que novas regras podem ser apresentadas de um dia para o outro e quais as restrições relacionadas com a entrada e saída de cidadãos no nosso país podem igualmente ser aplicadas. Tem que existir uma capacidade de resiliência e adaptabilidade grande para aguentar todos estes imprevistos que acrescem aos que normalmente já existem num evento com estas características.

Há aqui umas escolhas interessantes para a programação musical: qual é que foi a linha de pensamento que levou a que tivéssemos Iglooghost, Evian Christ e, por exemplo, Ângela Polícia no mesmo alinhamento?

Mais do que nunca, Braga é hoje uma cidade muito ligada à música electrónica e às media arts, um efeito do trabalho que tem sido desenvolvido por outros projetos e estruturas como são o caso do Festival Semibreve, gnration e Braga Media Arts. A programação é um reflexo dessa ligação, sem nunca esquecer todos os sub-géneros que circulam em torno da comunidade urbana da cidade, como o hip hop e até mesmo o rock. Acima de tudo queríamos criar uma proposta desafiante e (muito) pouco óbvia.

Todos os concertos vão acontecer no Museu D. Diogo de Sousa. Há aqui algum simbolismo especial? 

O local dos concertos do FENDA não foi escolhido ao acaso, sempre tivemos como objectivo criar um cruzamento entre o património e as formas de expressão artística mais contemporâneas e inovadoras. O Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa é o símbolo máximo da preservação da memória do que foi a antiga Bracara Augusta — a origem da urbe.

A própria palavra “fenda” pode ser utilizada para caracterizar o antigo, mas também para projectar o inovador e o disruptivo. Conceptualmente existe uma carga simbólica bastante considerável em torno do festival.

Também é relevante falar sobre a multidisciplinaridade: o quão importante foi ter arte pública e música lado a lado?

Quando recebemos o convite da Câmara Municipal de Braga foi-nos lançado o desafio de apresentar um festival de artes urbanas e por isso o objectivo passou sempre por termos vários cruzamentos artísticos no seu programa. Decidimos explorar a arte pública de uma maneira diferente, apostando numa oferta pouco comum, também centrada em nomes ligados ao graffiti, mas com ilustradores, designers, developers de AR, arquitectos e light designers a serem a espinha dorsal desse programa. No futuro esperamos expandir o programa a outras áreas de expressão artística.

A ideia é tornar o FENDA num festival de arte urbana de referência internacional? Se isto é o que têm para dar num contexto que não é favorável, falar apenas de impacto nacional pode parecer pouco…

Assumimos sempre o compromisso de tentar fazer o melhor possível. Tivemos até Janeiro de 2021 a Sophie confirmada como headliner do festival e o seu imprevisível desaparecimento deixou algumas marcas na equipa, mas fez com que a nossa missão fosse reforçada internamente.

Temos a ambição de criar um festival de referência internacional, mas sempre focado na comunidade e na sua diversidade, é esse o nosso compromisso. Mas o futuro vai-se construindo e queremos desenvolver bases fortes para futuras edições maiores e ainda mais desafiantes.

Trazer alguns destes nomes para concertos de entrada gratuita já é, por si só, um contributo brutal para a cultura e a juventude bracarense. Como é que olham para o talento da cidade? A ideia é, no futuro, ter mais artistas locais no cartaz? 

A cidade de Braga vive um momento único, com uma comunidade artística a desenvolver um trabalho verdadeiramente inovador e com uma qualidade muito acima da média. No futuro queremos continuar a desenvolver esta relação entre o talento local e talento internacional, criando pontes e oportunidades para os artistas bracarenses, não só na sua cidade, mas também globalmente. Não queremos deixar ninguém de fora, aos nossos olhos é a única forma contribuir para uma comunidade ainda mais saudável e criativamente profícua.


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