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Fotografia: Camila Romão
Publicado a: 26/01/2024

HOMNiA é o EP que chega em Março e cujo single é apresentado agora.

FeMa.: “Quis fazer música para a atenção e não para a distracção”

Fotografia: Camila Romão
Publicado a: 26/01/2024

Deu-se a conhecer ao mundo em 2022 enquanto FeMa., quando lançou o EP uma palavra chamada folha. Agora, Diogo Félix, artista natural de Alcobaça, prepara-se para apresentar o seu segundo disco, HOMNiA, que será editado em Março. O primeiro avanço é “Vontade, vontadinha”, que pode ser ouvido a partir desta sexta-feira, 26 de Janeiro.

“O EP é uma viagem pelas coisas que tenho identificado na nossa sociedade que não estão muito certas. Este single aborda como o desejo das pessoas acaba por as afastar um bocado da natureza. É um pouco sobre a ganância e como nos estamos a afastar do que é natural no ser humano, a parte ligada à natureza, o amor, a compaixão”, explica o músico de 23 anos.

O disco começou a ser trabalhado na fase final da pandemia. “Comecei a ver à minha volta, e nas notícias, que estava tudo um bocado em queda. Foi mais uma reflexão minha sobre o que estava a acontecer. E achei que, de alguma forma, era preciso trazer isso aos ouvidos das pessoas. Sinto que nós sabemos que existem problemas, mas tentamos ignorá-los. Por exemplo, ouvimos música para nos distrairmos. E eu queria ter a minha música não para a distracção, mas para a atenção.”

O novo EP terá um tema que irá incidir sobre a depressão e a ansiedade, outro que aborda como “estamos sempre à procura de alguma coisa fora de nós e à procura de distracções”. “Tenho ainda uma que fala sobre estarmos desconectados da humanidade e como deixamos que coisas aconteçam e nos mantemos na nossa rotina. É um EP que fala sobre como andamos um bocado abstraídos e identifico alguns problemas que vejo em mim, nas pessoas à minha volta, e, de um certo modo geral, na humanidade.”

Com referências tão díspares quanto Bon Iver, B Fachada, Filipe Sambado, First Breath After Coma ou Björk, com influências da hyperpop e do hip hop, vem aí um disco sonicamente diverso, cujo género pouco importa. “Gosto de não ter uma identidade sonora muito específica. Gosto que cada música conte uma história e eu vou buscar o som que me suscita a imagem para essa história.”

O single nasceu depois de uma noite passada no Pego das Pias, no concelho de Odemira. “É no meio de uma montanha, tem um lago muito grande. Acordei de manhã super cedo, eram para aí seis da manhã e comecei a escrever, veio esta melodia e letra de rajada. Foi a sensação de que eu estava ali na natureza e sentir que o ser humano faz parte dela mas ao mesmo tempo eu não podia ficar na natureza porque tenho desejo, e vontade de ter mais. Foi toda uma reflexão sobre como o ser humano se desapega do que poderia ser natural, porque está sempre à procura de mais. Havia essa dualidade dentro de mim.”

Depois foi uma questão de juntar a melodia e letra a um instrumental construído em estúdio com o seu amigo Polivalente. “O resto das músicas do EP começa sempre com um instrumental porque sinto que passo melhor a mensagem através de um instrumental. E quando o instrumental cria uma imagem que quero expressar, tento adequar a letra para o que eu quis expressar no instrumental.”

Todas as faixas estão, de uma forma ou outra, relacionadas com a natureza. Ou porque compôs parte dos temas em ambientes naturais, ora porque incluiu elementos sonoros alusivos a ela em pós-produção. “É um sítio onde me sinto criativo, calmo, introspectivo… E sinto que posso trazer essa parte da natureza a outras pessoas quando escrevo sobre ela. É uma fonte de introspecção no meio deste caos todo. Embora tenha uma grande influência electrónica, gosto sempre de ter algo natural, um lado orgânico da natureza.”

O primeiro EP, garante, não deixa grandes pistas sobre o que está por vir. “A grande diferença é que no outro EP estava muito focado numa experiência pessoal muito específica e neste EP há muito que vem de mim mas já me virei para aquilo que observo à minha volta. É um EP muito mais de observação do que introspectivo, embora também tenha essa vertente. Em termos de sonoridade, a diferença já é muita. Neste segundo EP virei-me para a língua portuguesa, valorizo imenso escrever em português, o crescimento da música portuguesa, e quero fazer parte disso. E consigo expressar-me muito melhor em português do que numa língua que não é a minha materna. Em nada se comparam. Até se podia dizer que este EP é de um artista diferente.”

FeMa. vai apresentar HOMNiA no Café Curto, em Coimbra, a 16 de Abril, com a guitarrista Camila Romão. A formação alarga-se para também incluir Eduardo Ricarte (percussão) e Daniel Silva (baixo) no concerto do Musicbox, em Lisboa, marcado para 17 de Abril.


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