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Texto: ReB Team
Fotografia: Pip Marinho
Publicado a: 20/08/2024

Sonho indie nas profundezas da folk.

Faixa-a-faixa: Underwater, feels like eternity de Monday explicado pela própria

Texto: ReB Team
Fotografia: Pip Marinho
Publicado a: 20/08/2024

Em Maio passado, Monday deu a conhecer ao mundo o seu segundo álbum a solo, Underwater, feels like eternity, editado pela Lay Down Recordings e com os apoios da Sociedade Portuguesa de Autores e da Fundação GDA.

Estreou-se nas edições ao lado da irmã na dupla Golden Slumbers há precisamente uma década com I Found The Key EP. Catarina e Margarida Falcão somaram mais um par de edições de maior porte até à data — The New Messiah (2016) e I Love You, Crystal (2022) — e em 2017 participaram no Festival da Canção com o tema “Para Perto”.

A solo, Catarina responde por Monday desde que começou a partilhar os singles de avanço para o seu primeiro álbum, One, lançado no início de 2018. Através de uma neblina sonora onde se mesclam elementos de folk, indie e até bedroom pop, as composições desta cantautora deram ainda origem ao EP Room For All em 2020, antes da chegada desta sua segunda investida no formato de longa-duração com Underwater, feels like eternity, cujas 10 faixas surgem agora comentadas pela artista no Rimas e Batidas.

Editado no passado dia 3 de Maio, o disco foi alvo de uma prensagem em vinil azul, que se encontra à venda no Bandcamp de Monday, e já mereceu apresentações ao vivo em palcos como os do Maus Hábitos ou Sala Lisa. Para a sua concepção, Catarina Falcão (que compôs, arranjou e produziu todas as canções) contou também com as contribuições de Afonso Cabral, April Marmara, Nuno Monteiro, Diogo Sousa, Sérgio Nascimento, David Santos, Rafael Silva e Ricardo Nagy.


[“On and on”]

Esta canção nasceu em Vila Real, na casa da minha família, em 2020 quando precisei de fugir de Lisboa. É uma canção relativamente serena, mas que veio de uma sensação de turbilhão interior e alguma derrota com a falta de espaço e apoio cultural no nosso país, em especial para minorias.


[“One foot in Line”]

Foi composta em 2018 e ficou guardada na gaveta até que a voltei a descobrir no ano passado. A letra têm algo ligeiramente punk, ou feisty, e diferente daquilo que acho que conseguiria escrever hoje em dia — foi isso que me puxou logo assim que a re-ouvi. Há uma inocência e um lado despretensioso na insatisfação que sentia e com aquilo que achava que era esperado de mim.


[“Wasteland”]

Foi a canção motivadora para este disco e para a decisão de me aventurar na produção a solo. É sobre o lugar de limbo de sair de uma relação tumultuosa e não saber que passo dar e, para mim, espelha bem a sensação que também foi a de tomar a decisão de fazer este disco “sozinha” — confuso mas libertador.


[“Habits”]

Fala sobre duas pessoas que se tentam encontrar no meio de fantasmas e crenças do passado. Tive a sorte de ter o meu amigo Afonso Cabral a cantar e a escrever o seu verso para que a canção fizesse sentido e foi uma das que me deu mais prazer em produzir e descobrir o landscape certo.


[“Teenage Romance”]

Esta é uma das minhas favoritas do disco no geral e a minha favorita em termos de letra e narrativa. É uma canção que viaja por várias fases: indiferença, arrogância, tristeza e aceitação. Foi também das mais complexas de acertar com os arranjos e produção porque precisava que estes lados todos se complementassem e se destacassem. Conta também com a voz muito especial da minha amiga April Marmara, que acertou totalmente com a emoção que a canção precisa.


[“Luna”]

Luna é uma história de ficção que fala sobre a adolescência, o amor e parte das suas confusões. Tem um dos meus arranjos de voz favoritos no final da canção e “roubei” o nome a uma amiga de uma das minhas irmãs (obrigada, Luna!).


[“Intentions”]

“Intentions” foi co-produzida com o Ricardo Nagy depois de ter passado algum tempo a tentar construí-la e desconstruí-la com a banda. Voltei atrás no processo e fui ouvir a demo, que tinha um beat electrónico, e percebi que o caminho era por aí. É uma canção de alguma submersão, de estar perdida, e acho que conseguimos transmitir bem essa sensação com o beat mais lento e arrastado, nos versos que o Ricardo criou e com o piano que gravei.


[“Someone new”]

Talvez das canções mais íntimas e pessoais do disco. É uma despedida da pessoa que conhecíamos e que segue o seu caminho, diferente do nosso.


[“When I loved another man”]

Compus este tema à guitarra no final de 2022, depois de ter visto a emmy Curl num concerto que demos no Porto com Golden Slumbers (Quintas de Leitura) e ter ficado muito viciada na música dela e no à-vontade que tem na guitarra. Meio que me motivou a explorar o instrumento de uma forma diferente — mais liberta, talvez? De qualquer forma, é uma canção que explora também esse lugar de libertação e ia ser o tema que fechava o disco, até que…


[“Underwater”]

A canção que fecha e dá nome ao disco. Foi a última a ser escrita e aquilo que se ouve é a versão/demo gravada em casa. Percebemos que não faria sentido tentar regravá-la, porque está com o sentimento certo (mesmo com clicks lá ao fundo).


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