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Texto: ReB Team
Fotografia: Rui Aguiar
Publicado a: 04/11/2025

O segundo álbum nas contas da banda.

Faixa-a-faixa: SHALL WE BEGIN, dos Neon Soho, explicado pelos próprios

Texto: ReB Team
Fotografia: Rui Aguiar
Publicado a: 04/11/2025

SHALL WE BEGIN. O título é um convite à descoberta e marcou o regresso dos Neon Soho ao panorama das edições, no passado dia 10 de Outubro. O segundo álbum da formação lisboeta de pop electrónica leva-nos numa viagem sensorial de treze emotivas faixas dentro de um universo que é, simultaneamente, íntimo e expansivo.

Esta jornada é o resultado directo da simbiose artística entre os três elementos da banda — Ana Vieira, Vera Condeço e Ricardo Cruz. É da troca de influências que nasce a textura rica e envolvente do sucessor de Proof of Love (2021), um registo de bases sólidas mas que ousa em partir rumo a direcções inexploradas, seguindo as pistas de géneros como a soul, o R&B, a house ou o techno.

Explicam os Neon Soho que: “Este segundo disco foi uma viagem intensa, cheia de sobressaltos, silêncios e esperas. Cada canção nasceu de um lugar muito nosso, mas sentimos que só agora o álbum cumpre o seu propósito: deixar de ser apenas nosso e passar a viver no coração de quem o escuta. Shall we begin não é apenas um título, é um convite — para nós e para todos — a começar de novo, juntos”

Ao Rimas e Batidas, o trio disseca agora cada um dos treze temas que compõem o alinhamento de SHALL WE BEGIN.


[Pretty Game (Intro)”]

Outrora uma canção estruturada para inserir num LP, mas cujo desenvolvimento não foi unânime entre a banda e, por essa razão, transformou-se num “amuse-bouche” enlouquecido. Um instrumental sem rumo, apenas sentimental para quem quiser.


[“Shall We Begin”]

É uma canção sobre um recomeço, sobre a auto-estima e o seguir-se em frente, a ultrapassar os obstáculos. A aceitação. Apresenta uma estrutura menos comum, onde não existe regra. Uma liberdade que se irá sentir no disco que advém. A voz sussurrada de Ana Vieira reprime um grito de quem sabe que nada será o mesmo. Uma voz (nos vários sentidos) reprimida que explode no final e que nos leva a uma sensação de libertação e reencontro de nós próprios. É música para dançar sozinho enquanto se tomam decisões importantes na vida. Empurra-nos para uma reflexão emocional. Conecta-nos a nós próprios. Evoca esperança.


[“That’s The Way”]

É um tema direto, pop, orelhudo e surge na sequência da participação da banda no Festival da Canção. Esta participação deu lugar a um processo de trabalho baseado em contrastes. O tema pretende ser uma “feel good song” que contrasta com um videoclipe marcadamente mais dark e industrial.


[“coda”]

Interludio. Trata-se de um só take longo que se deixou a gravar e que mais tarde foi recuperado. Gostámos muito, é tão cru e puro que não o conseguimos deixar de fora do disco.


[“Feels”]

A música “Feels” transmite uma forte carga emocional e reflexiva, misturando sentimentos de nostalgia, transformação interior e dor emocional. A letra alterna entre a luz e a escuridão: momentos de calor, magia e luz (“the warmth inside”, “all around me is magic”) são interrompidos por tristeza e perda (“all the rain sets me down”, “I can’t believe you brought me down”). Um processo emocional de crescimento, em que a dor também pode ser transformadora — como na linha provocadora “sometimes the killing makes a better you”, que pode ser entendida como uma metáfora para deixar morrer partes antigas e renascer mais forte. No final, a música mergulha num sentimento de rendição ao caos emocional e à inevitabilidade das mudanças internas. “Feels” é uma viagem emocional intensa, a canção é um convite a abraçar tanto a luz quanto a sombra, pois ambas moldam quem somos.


[“Say Goodbye”]

Depois de muitas versões a partir do primeiro rascunho “we are plants”, o tema foi evoluindo numa espécie de mantra sobre o bem estar. “Say Goodbye” é uma canção profundamente emocional que fala sobre resistência à perda e ao adeus. O eu lírico tenta lutar contra a dor e o afastamento, oferecendo conforto, proteção e esperança à outra pessoa. Frases como “I can take away the pain” e “You don’t have to hide” revelam um desejo intenso de curar e manter a conexão viva, mesmo diante do silêncio e da despedida iminente. “No silêncio antes do adeus, ‘Say Goodbye’ é um grito contido. É a promessa de cura, o desejo de manter vivo o que ainda pulsa. Porque às vezes, amar é simplesmente pedir: não digas adeus.” Esta música ecoa como uma súplica. O eu lírico recusa o fim, oferecendo cura e presença, mesmo quando sente o outro a escorregar entre os dedos. Há um silêncio denso, mas cheio de significado — um espaço onde a ausência quase grita. “Say Goodbye” é sobre lutar contra o fim com tudo o que ainda resta no coração.


[“áMOR”]

Uma canção que surge dum pequeno engano de produção, um sample da voz da Ana em reverse, que soava a “Ámor”. Explorámos esse efeito imediatamente e pensámos que seria uma óptima oportunidade para escrever e cantar na língua mãe. Um som invulgar que resulta numa ampla mescla de universos A nossa primeira canção em português.


[“Get a Grip”]

É o grito silencioso de quem ama no limite. Entre o medo de cair e a vontade de se agarrar a alguém, nasce uma verdade crua: nunca estivemos tão perto, nem da dor… nem de nós mesmos. É um retrato cru de quem se encontra à beira do colapso emocional, mas ainda assim insiste em amar. A canção oscila entre a vulnerabilidade e o desejo de controlo, mostrando um coração marcado pelo amor e pela ausência. “Get a Grip” é o reflexo de uma luta interior — manter-se inteiro quando se está prestes a desmoronar.


[“Endless World”]

A canção é um reflexo do que vivemos política e socialmente. É uma chamada ao colectivo e ao amor. Foca a individualidade e o ego que se exacerbaram durante a pandemia. Fala tanto da nossa individualidade como da necessidade que temos uns dos outros e de estar em sociedade, e de amar. O título da canção, “Endless World”, pode ser uma alusão à ideia de círculo, repetição. O loop em que cada um de nós está inserido individualmente, mas também pode ser do ponto de vista de geração e evolução. A eternidade.


[“How, We don’t Know (Intro)”]

Um aquecimento. A pre-party antes do clubbing. Surgiu durante a construção do “BILLS & BILLS”, adoramos as marcações que de certa forma já foram também pensadas para usar e abusar ao vivo, assim que apresentarmos o disco em concerto.


[“BILLS & BILLS”]

Uma “fun song”, onde somos livres para brincar. “BILLS & BILLS” chega-nos na primeira semana do outono como último single antes do lançamento do disco, mas não deixa de ser um tema de tons quentes e que nos puxa para passos de dança de celebração aos últimos dias de um verão que imaginamos que poderá ser prolongado para a eternidade. “Cheap thrills, dollar bills and bills” vai soando enquanto nos soltamos de olhos fechados e nos sentimos vivos a usufruir apenas o momento. É o último hino do verão já com tons de fim de tarde, alaranjado, efémero mas com a euforia de parecer infinito.


[“Show Me Different Ways”]

As onomatopeias são as rainhas da pista de dança. Uma faixa muito arrojada, esteve pensada para um EP, mas assim deixa um convite ou uma ligação para um possível B-sides.


[“Fame and Affection (Hidden Track)”]

Um momento de improviso intimista, gravado num take e captado em casa com todas as suas imperfeições. Mais tarde acabou por também ser montado com uma linha de synths que fazia parte de outra ideia que tínhamos no baú, parecia que fazia parte da mesma ideia ou mood. Obras do acaso, felizes.


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