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Texto: ReB Team
Fotografia: Filipe Feio
Publicado a: 07/05/2021

Amor de pai, fases produtivas e música com amigos.

Faixa-a-faixa: Royale de Cálculo explicado pelo próprio

Texto: ReB Team
Fotografia: Filipe Feio
Publicado a: 07/05/2021

Já foi A Zul (2015), Tourquesa (2018) e agora é Royale (2021). Os tons de azul de Cálculo continuam a desvendar-se com o tempo e sempre com a ajuda de elencos repletos de talento colaborativo: nastyfactor, Belucci, Ariel, Papillon, Macaia e outros ajudam-no a pintar este retrato azulado em específico.

Para o Rimas e Batidas, Hugo Martins abre o jogo sobre o processo criativo, tema-a-tema, descortinando a “magia” por trás destes “truques”.


[“Quadro”] com Macaia 

“O ‘Quadro’ foi um dos primeiros temas que escrevi, o primeiro verso foi escrito em 2019. Deixei esse som na ‘gaveta’. O rap retrata uma fase de transição depois do meu segundo disco e é uma música de auto-superação e, de certa forma, uma descarga de emoção sobre como me sentia em relação ao amor pela música, mas também retrata o meu ponto de vista em relação ao mercado.

Já tinha produzido alguns instrumentais para acompanhar esse rap e até gravei uma demo, mas ainda não tinha chegado ao tal, ainda nesse ano (2019) cheguei a fazer parte de umas sessões de produção com uma malta muito talentosa, numa dessas sessões isolei esse sample chop e batida e começou a ganhar forma o instrumental. Trabalhei em colaboração com o Ariel, Areias Beatmaker, Macaia, DJ Suprhyme, Jon e DJ Big. Gravei a primeira parte do rap na hora com a onda que estava a sentir na altura, até inclusive gravei outros takes mas nenhum tinha ficado com a ginga do primeiro, não se consegue replicar o feeling de estar com vários músicos e produtores em estúdio a vibrar na mesma frequência. O Macaia fez o refrão na hora em poucos minutos. Mais tarde terminei o tema e na pós-produção surgiram alguns ‘pózinhos mágicos’.”  


[“Bora”]

“Este tema é dos que tem um valor emocional mais especial, escrevi no Verão de 2020. As primeiras linhas surgiram no dia que soube que ia ser pai, estava num estado de espírito diferente, nunca tinha sentido nada parecido, e foi automático escrever sobre isso. A música fala da incerteza, da dúvida, mas acima de tudo no mais importante que é o amor e a harmonia. A base do instrumental surgiu no mesmo dia, depois nessa semana fui acrescentando elementos ao beat, mais tarde na pós-produção senti que faltava algo e então pedi a colaboração do meu parceiro Areias, que selou o tema com umas teclas e sintetizador.”


[“Sem Folgas”] com Mace

“A ‘Sem Folgas’ também foi dos primeiros temas que escrevi para este projeto, o esboço do beat surgiu num live do Instagram no meu antigo estúdio. Depois de acabar o live voltei a pegar no instrumental e começaram logo a surgir melodias e flows. Depois de estruturado, o Ariel selou o tema com a guitarra e uma nova linha de baixo. A letra espelha uma fase muito produtiva a nível musical, tanto em actuações como em sessões de estúdio, eu e o meu parceiro Mace andávamos em ‘missão’ e fazia todo o sentido fecharmos esta juntos! A equipa é No Days Off.” 


[“Simba”] com Papillon

“A ‘Simba’ nasceu numa sessão de produção, inicialmente escrita para outro instrumental. O tema explora questões sobre como a infância define a nossa maneira de ver a vida e de como é importante procurar um caminho para o ‘sol’. Já queria fechar uma música com o meu parceiro Papi há muito tempo, sempre imaginei o flow dele a ‘gingar’ por este groove. Felizmente ele sentiu a dica e veio trazer exactamente o que a música precisava. A guitarra ficou a cargo do Ariel e o baixo do Hugo Machado.”


[“Bandida”] com nastyfactor & Mace

“Durante uma passagem do nasty por Barcelos reunimo-nos no estúdio e começámos a rodar algumas ideias e esboços de beats. Chegámos a este que provocou unanimemente uma reação positiva. O tema acabou por seguir um rumo maroto e funny, não quero dar muito spoil ao conteúdo para não perder a piada. Fizemos os versos e gravámos a demo, depois surgiu a guitarra (Ariel) que deu aquele toque sexy ao instrumental.”



[Caixinha] 

“A ‘Caixinha’ foi dos primeiros singles de avanço deste disco e espelha a minha postura em relação à música e em relação a qualquer tipo de rótulos. A ‘Caixinha’ é liberdade criativa em verso. O instrumental começou pelos acordes das teclas, depois fui encaixando elementos até ao resultado final. É dos sons que mais gosto deste alinhamento.”


[“Nem Sei”] com Belucci

“Passaram anos de carreira e sempre quis ter uma música com o meu amigo Bellucci. E finalmente aconteceu, na altura certa, foi mesmo daquelas situações em que no meio do processo dissemos, ‘como é que ainda não temos uma musica os dois?’

O Bellucci mostrou-me uns beats que ele andava a fazer, acabámos por utilizar o sample chop e refazer o resto do instrumental. Gravámos no mesmo dia a parte de rap do Bellucci e o refrão. Esta é das minhas jewels do disco, adoro o resultado final e adoro estar com o meu amigo a falar das voltas da vida, ambos saímos da zona de conforto durante o nosso percurso e nunca tivemos medo da mudança. Este tema encerra a primeira parte do disco.”


[“Conflit$”] 

“‘O nosso conflito vale money….’ e mais vale dançar do que questionar, esta é a narrativa do tema. O instrumental surgiu enquanto samplava uns ‘violinos soviéticos’. Decidi mesmo marcar a batida e misturar influências disco, EDM e outros grooves. A letra surgiu bastante fluidamente, é um retrato bem actual do caos social, da cultura do cancelamento, do preconceito e de como tudo é válido no que toca a capitalizar.”


 [“Complicado”] com Zim

“O hook deste tema surgiu numa videochamada com o Zim, ‘fica tão complicado… assim’. Depois de rodar uns beats de fundo surgiu a melodia, ficámos tão empolgados com isto que fazia todo o sentido fecharmos os dois este tema. O Zim também foi o realizador do videoclipe.”


[“F*dafunk”] com DJ Kwan

“Esta música aconteceu na sequência de um remix que fiz para o ‘Machine Gun Funk’ do Biggie. Curti tanto que quis aproveitar o refrão e assim foi. Fiz a minha homenagem a um dos meus artistas favoritos, o Ariel trouxe o baixo e o Kwan os pratos. Punchlines, grooves e cortes! That’s the funk, baby.”


[“Mobile”] 

“E quando o telefone nos cai do bolso? Esta música é a resposta quase filosófica a essa questão. Inicialmente fiz o primeiro verso e guardei na gaveta. Passado uns meses fiz um retiro criativo de duas noites no Gerês com o Ariel e o Janga e, num bungalow no meio da serra, terminámos este tema. Foi precisamente no dia em que foi decretada a pandemia mundial.”


[“Boo”] com nastyfactor

“No passado Verão pandémico estava a cortar uns samples vocais e daí nasceu a base deste tema. Depois, quase automaticamente, o hook saiu da minha boca, ‘e Assim o tempo passa boo…’ Quando isto acontece é sinal que é para seguir o caminho. Nesse dia liguei ao nasty e disse que tinha um tema do disco para ele entrar, enviei a ideia e ele entrou na perfeição no mood que a música pedia. Dias depois tinha o rap e o beat praticamente concluído. Sempre visualizei na minha mente um palácio vazio e a ideia de alguém ‘com tudo’ não ter nada. Trabalhei o conceito com o Zimmer que foi o realizador dos visuais.”


[“Belo”]

“O ‘Belo’ fecha este disco e é uma viagem pelas emoções bonitas que a inspiração provoca, é quase um diário de bordo da imensidão da mente. O instrumental é um revivalismo dos 80s , sintetizadores e caixas de ritmos. Eu acho, na minha humilde opinião, que é a opção mais acertada para fechar a cortina do Royale. Mas eu sou suspeito, por isso vão ouvir e digam lá qualquer coisa.”


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